quarta-feira, 31 de julho de 2013

Me enloqueça

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar.   Marta Medeiros

São Paulo tem mais cenas de vandalismo em ato contra Alckmin e Cabalr

Ao menos 20 pessoas foram detidas. No início da manhã desta quarta-feira, cinco continuam detidos. Um deles chegou a ser arrastado por policiais para um carro da polícia.
Os jovens, a maior parte escondendo o rosto com lenços e capuzes, também picharam lojas e carros na rua. Eles gritavam palavras de ordem contra Alckmin e Cabral e xingavam policiais e jornalistas. Com a cabeça sangrando e ferimentos no rosto, um jovem foi socorrido por uma mulher no meio da Avenida Rebouças.
Segundo o tenente-coronel Eduardo da Silva Almeida, comandante do 23º BPM, a PM monitorou as redes sociais e localizou a convocação para o protesto. Antes do ato, a polícia já se preparava para reagir.
— Vamos garantir a manifestação para que não haja depredações e problemas — disse o comandante, negando que o grande número de policiais tenha sido chamado por se tratar de protesto contra o governador.
Numa tentativa de diminuir o impacto do protesto, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo divulgou nota, horas antes da manifestação, afirmando que usaria a “energia necessária” em caso de depredações. O governo foi pego de surpresa quando, na última sexta-feira, pelo menos oito agências bancárias e uma cabine da PM foram depredadas.
“A convocação está sendo feita pelo mesmo grupo que promoveu atos de vandalismo na última sexta-feira na Avenida Paulista. A PM respeita o direito à livre manifestação, estará presente ao protesto para dar segurança aos cidadãos pacíficos e agirá com a energia necessária para evitar atos criminosos”, dizia a nota.
Chamava atenção o forte aparato policial. Algo em torno de um policial para cada dois manifestantes. Policiais foram orientados pelo comando a permanecer atrás do grupo de manifestantes, que seguiam pelas principais ruas da Zona Oeste de São Paulo. No início, cerca de 220 PMs acompanhavam os manifestantes; depois, juntaram-se a eles outras forças: Tropa de Choque, Cavalaria e Rota. A PM não divulgou o efetivo total no protesto.
Pelo menos 50 PMs acompanhavam o ato em motocicletas. De cima do capô de um dos carros da polícia, policiais filmavam manifestantes, que reagiam com gritos de “polícia fascista”.
As forças policiais também ocuparam postos na Avenida Paulista para aguardar os manifestantes, que se dispersaram antes de chegar ao local. Aos detidos, os policiais diziam que eles estavam sendo presos por formação de quadrilha e depredação.
Depois das 22h, manifestantes passaram a se concentrar no Vão Livre do Masp, na avenida Paulista. Segundo a PM, eram 40 pessoas. O grupo seguiu para o 14º DP, onde estavam os 20 detidos durante o protesto. Segundo a polícia, a manifestação seguia pacífica. A rua que dá acesso à delegacia, no bairro de Pinheiros, foi cercada por forças policiais, incluindo a tropa de choque. Os manifestantes protestavam contra a prisão de 20 pessoa material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autoridades.    Nablat

Papa aposta no fim das divisõe internas

Estou de retorno a casa, e lhes asseguro que a minha alegria é muito maior que o meu cansaço!", escreveu o pontífice em sua conta no Twitter.
O líder religioso tuitou do avião que o leva para Roma (Itália). A previsão é que o avião pouse ainda nesta manhã.
: Papa aposta no fim das divisões internas
: Com ideário franciscano, papa driblou políticos 'caroneiros'
Dilma participa de missa final do papa em Copacabana, mas não comunga
'Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu para julgá-lo?', diz papa
Confira as principais frases ditas por Francisco durante sua visita ao Brasil
Com 35 minutos de atraso, o avião com Francisco decolou da pista da Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, em direção a Roma, por volta das 19h35. No nariz do avião, as bandeiras do Brasil e do Vaticano foram mantidas.
No seu sétimo e último dia no Brasil, o pontífice celebrou na manhã de domingo (28) a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, realizada na praia de Copacabana. Segundo a Prefeitura do Rio, 3,2 milhões foram à praia assistir ao rito religioso --número considerado superestimado pelo Datafolha, que estima que o público tenha ficado no máximo entre 1 milhão e 1,2 milhão de indivíduos.
A cerimônia contou com a presença de diversos líderes de Estado, como a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o presidente da Bolívia, Evo Morales. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, conseguiu ontem que o papa Francisco cumprimentasse e posasse para uma foto ao lado de seu candidato para as próximas eleições legislativas, Martín Insaurralde.
Na ocasião o pontífice anunciou o local onde será realizada a próxima Jornada: Cracóvia, na Polônia, país que em 2016 receberá o evento pela segunda vez.
A escolha não deixa de ser uma homenagem ao papa polonês João Paulo 2º, responsável por criar o encontro mundial dos jovens da Igreja Católica, e que neste ano deve ser oficialmente reconhecido como santo. Reinaldo  Lopes

Papa cita maniestações e pede que jovens sejam protagonistas de mudança

RIO — Cerca de três milhões de pessoas se reuniram na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, para a vigília da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com a presença do Papa Francisco, na noite deste sábado. A estimativa dos organizadores da JMJ foi confirmada pela prefeitura do Rio. O público é recorde para um evento realizado no local, já que o réveillon costuma reunir de 1,5 a 2 milhões de pessoas. Para enfrentar o frio, com termômetros de rua marcando 13 graus, o Papa chegou à Copacabana vestido com um sobretudo branco por volta de 18h30m e seguiu de papamóvel até a praia. Depois de depoimentos emocionantes e da apresentação do cantor Luan Santana, o Papa fez seu discurso. Ele usou a paixão do brasileiro pelo futebol para passar uma mensagem aos jovens:
- Jesus nos pede para que joguemos no time dele. Eu sei que aqui no Brasil o futebol é a paixão nacional. O que faz o jogador quando é chamado para fazer parte de um time? Treina muito. Assim é também na nossa vida, na dos discípulos do Senhor. Os atletas se privam de tudo. Jesus nos oferece algo muito maior que a Copa do Mundo.
O Papa mencionou a transferência da vigília do Campus Fidei para Copacabana. Ele perguntou: "Será que Deus nos quer dizer que Campus Fidei não é o campo geográfico, e sim nós mesmos?". Francisco encerrou o discurso pouco antes das 21h, citando as manifestações que acontecem não só no Brasil, mas por todo o mundo:
- Houve casos de jovens que foram às ruas expressar a vontade de uma civilização mais justa. Os jovens nas ruas! São estes jovens que querem se transformar em protagonistas da mudança. Não permitam que outros sejam os protagonistas. Vocês são. O futuro vai chegar através de vocês.
A maior concentração de peregrinos ficou perto do palco montado no Leme. Minutos antes de chegar ao bairro, o Papa já havia postado uma mensagem aos jovens em seu perfil no Twitter: "Queridos jovens, possam vocês aprender a rezar todos os dias: esse é o modo de conhecer Jesus e fazê-Lo entrar na própria vida".
O Papa subiu ao palco pouco antes de 19h30m. Uma contagem regressiva deu início à vigília. A cerimônia foi aberta pelo ator Tony Ramos, que falou sobre o poder da fé. Jovens que passaram por situações difíceis na vida e encontraram na fé a razão de viver contaram suas histórias, enquanto um grupo montava no palco uma igreja cenográfica.
Durante a apresentação do ídolo sertanejo Luan Santana, que cantou a "Oração de São Francisco" para o Papa e chorou, um grupo de manifestantes que participava da "Marcha das Vadias" tentou se aproximar do palco, mas foi impedido pela Força Nacional. Os fiéis, do outro lado, respondiam com o grito dos peregrinos: "Essa é a juventude do Papa".
Durante a tarde deste sábado, em Copacabana, foi realizado o "Show do Futuro", com a participação de artistas católicos como o Padre Marcelo Rossi, Padre Fábio de Melo e o grupo Rosa de Sarón. Peregrinos participaram de um ensaio para o flash mob que será apresentado para o Papa neste domingo, quando o evento se encerra.
Embora houvesse orientações iniciais para que as pessoas não acampassem na praia, é possível ver várias barracas montadas ao longo da orla. Na tentativa de conseguir o melhor lugar para ver o Papa, alguns peregrinos arriscam até subir nas árvores da orla.
Os coreógrafos Fly e Gláucia ensaiaram o público para o que está sendo considerado o maior flash mob do mundo. Milhares de peregrinos acompanham os passos. Muitos deles já estavam ensaiando com vídeos na internet. Dezenas de bispos também fizeram a coreografia com o público. Eles foram muito aplaudidos quando a música terminou.
Muitos peregrinos carregam, além dos kits e sacos e dormir, bolas de futebol para as areias de Copacabana durante a caminhada. O goiano Mário Figueira disse que já tinha, inclusive, agendado uma partida na praia com outros peregrinos.
— Já tínhamos combinado uma pelada com o pessoal de Minas Gerais, na altura do posto — contou o jovem.
O espanhol Riquelme Ramos também carrega uma bola, batizada por ele de Wilson, numa referência ao filme "Náufrago", com Tom Hanks.
— Ela é minha companheira. Carrego para todo lugar que vou — disse ele.
Fiéis reclamam de problemas em infraestrutura
Diversos peregrinos lamentaram a mudança da vigília do Campus Fidei, em Guaratiba, para Copacabana, por causa da chuva. Muitos grupos que optaram por se hospedar na Zona Oeste da cidade perderam até quatro horas para chegar à Praia de Copacabana neste sábado. O espanhol Javier Castello, de 27 anos, que está em Santa Cruz, disse que a praia não tem espaço suficiente para todos.
— Estou há uma hora procurando espaço na areia para ficar com meu grupo e está impossível. Vamos ter que acampar na calçada mesmo — afirmou Javier, que estava com o grupo parado em frente ao Hotel Arena, na esquina com a Rua Paula Freitas.
Como Javier, milhares de peregrinos montaram acampamento na Avenida Atlântica. Na pista próxima à praia, o grupo é menor, já que parte da via foi reservada para a passagem do papamóvel. A pista ao lado dos prédios também ficou bastante cheia.
Os portadores de necessidades especiais também reclamavam. Eles diziam estar sendo impedidos de chegar até a areia. Uma UTI Móvel estacionou na rampa do acesso reservado para eles, no fim da Rua Princesa Isabel, dificultando o trajeto. Por isso, dois cadeirantes que tentavam chegar o mais próximo possível da grade foram impedidos. Uma delas era Ivanete Pereira, que veio de Vitória da Conquista, na Bahia, acompanhada de Viviane dos Santos, que se queixava:
— É um absurdo a gente passar por isso, num evento desse porte, e com toda a mensagem de amor transmitida pelo Papa — disse ela, depois que uma peregrina se recusou a dar o lugar para a cadeirantes.
Do Chile, Nestor Vergara empurrava a cadeira de Bastian Barra. Eles são seminaristas de Santiago e vão dormir na vigília.
— Juraram que depois Papa cita maique o Papa passar vão nos acomodar em um lugar melhor. Mas temos enfrentado essas dificuldades ao longo da Jornada — disse o chileno.
Apesar das demonstrações de alegria e fé, fiéis reclamavam da pouca quantidade de banheiros químicos instalados na orla. Marcos Vinicius dos Santos Silva, de 32 anos, veio de Magé, na Baixada Fluminense, e chegou no local às 6h junto com seu grupo de 13 pessoas. Eles estavam a menos de 100 metros do palco principal do evento, na areia. Mesmo estando em região tão "nobre", o banheiro mais próximo ficava bem distante. Porém, como, bom brasileiro, resolveu improvisar.
— O banheiro não é suficiente. Por isso, pegamos uma garrafa e estamos fazendo nossas necessidade dentro das barracas — contou.
Bombeiros registram 106 casos de afogamento
Enquanto era aguardada a chegada do Papa Francisco à Copacabana, o Corpo de Bombeiros dava orientações aos peregrinos pelo microfone. A corporação recomendava que ninguém chegasse perto do mar, já que a maré estava alta. Segundo os bombeiros, foram registrados 106 casos de afogamento até as 18h deste sábado.
Segundo as equipes que dão assistência médica aos peregrinos, o número de atendimentos neste sábado praticamente dobrou em comparação ao evento de sexta-feira. Os números ainda não foram consolidados, mas os atendentes informam que muitos apresentaram sinais de desidratação, como enjoo e desmaios, por conta do trajeto feito a pé da Central até Copacabana.
Uma peregrina de 19 anos que mora no município de Mucuri, na Bahia, precisou ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros após sentir-se mal. Ela estava na altura da Avenida Princesa Isabel quando sofreu uma queda de pressão. Há também peregrinos com escoriações e bolhas nos pés.
Peregrinos são recepcionados por militares
A pé pela Avenida Princesa Isabel, muitos peregrinos caminhavam em ritmo de batuque de samba, e muitos deles gritavam "Papa, eu cheguei". O clima era de final de Copa do Mundo: todos mostravam com orgulho suas bandeiras, entoando gritos similares aos de torcidas de futebol.
Na chegada a Copacabana, pelo Túnel Novo, os jovens são recepcionados pela tropa da Polícia do Exército. Os militares formaram uma barreira na Avenida Princesa Isabel. Os fiéis são orientados a entrar na Rua Barata Ribeiro e, a partir das ruas transversais, chegar à praia.
Apesar disso, os peregrinos chegavam animados e não questionavam a orientação dos militares, que acabaram virando atração. Muitos paravam para fazer fotos com os militares. Foi o caso de Felipe Macedo, de 19 anos, morador de Niterói.
— Eles também são brasileiros e estão aí trabalhando e dando segurança ao evento. Por isso quis fazer uma foto com eles. Para registrar este momento — disse o peregrino.
Os militares, que também filmavam e fotografavam a chegada do peregrinos em Copacabana, distribuíam panfletos com o "decálogo do peregrino", com dicas sobre segurança e sobre como deviam se comportar durante o evento.
Os mandamentos são: 1) Zelo com os peregrinos: identifique as crianças com nome e telefone do responsável e as mantenha sempre próximas a você. 2) Cuidado com os pertences: mantenha-os junto a você. 3) Saúde: beba bastante água e consuma alimentos leves. Busque atendimento médico ao sentir-se mal. 4) Proteção do sol: proteja-se dos raios solares, use protetor. 5) Respeito ao próximo: busque o bom convívio com harmonia e respeito cristãos. 6) Segurança: busque ajuda dos militares se necessitar. 7) Prevenção: informe ao militar mais próximo caso suspeite de algo que afete a segurança. 8) Segurança: não use fogos de artifício dentro do campo e cuidado com itens inflamáveis. 9) Paciência ao deixar o local: este é um evento de amor e fé - evite tumultos. 10) Forças Armadas e você: juntos nesta jornada!
Um caminhão do Exército com alto-falante também apresentava em três línguas — Português, Inglês e Espanhol — as dicas de segurança dos militares. Além do Exército, fazem a segurança dos peregrinos agentes da Força Nacional, que chegaram em pelo menos dez ônibus, da Polícia Militar e da Polícia Civil.
Quem optou chegar a Copacabana de metrô, não encontrou problemas na saída da estação Cardeal Arcoverde. No entanto, eles eram orientados pelos voluntários a seguir em direção ao Forte de Copacabana, já que próximo ao palco já estava tudo lotado. Voluntários tomaram todas as ruas transversais à praia, até a altura da Rua República do Peru, fechando os acessos e orientando os peregrinos a ir mais para o fim da praia.

Vice dos EUA critica o complexo vira latas do brasileios

O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu hoje (31) uma lição para a turma do contra, esse pessoal que acha que o Brasil é uma porcaria sem futuro, e portanto critica tudo o que o governo faz para melhorar a vida do povo: segundo ele, os brasileiros não devem subestimar a importância do país e o desenvolvimento alcançado.

Biden disse que o Brasil superou a fase dos “países em desenvolvimento” e já alcançou o nível das nações desenvolvidas. “Os brasileiros subestimam a profundidade do seu êxito no mundo”, ressaltou Biden, que falou à imprensa ao lado do vice-presidente Michel Temer, depois de reunião com a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. “O Brasil mostrou que não é preciso escolher entre a democracia e o desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Biden elogiou a política de combate à violência contra as mulheres no país. Segundo ele, a legislação atual e as medidas adotadas demonstram a evolução dos brasileiros. “O Brasil tirou das sombras a violência contra a mulher”, disse.
O vice-presidente dos EUA defendeu  a intensificação das parcerias comerciais entre americanos e brasileiros. “Não há razão para que a maior economia do mundo [EUA] e a sétima mundial [Brasil] não possam multiplicar por cinco vezes o comércio bilateral”, disse. “Ambos reconhecemos que há lacunas e discutimos uma agenda ambiciosa sobre a qual devemos nos concentrar.”
Segundo ele, há interesse nas áreas de energia, segurança, educação, ciência e tecnologia.
“Temos muito a aprender com vocês”, disse Biden. “Também discutimos o fato de que vocês podem aprender conosco.”
De 2008 a 2012, o intercâmbio comercial entre os dois países cresceu 11,3%, passando de US$ 53,1 bilhões para US$ 59,1 bilhões. Em 2011, a corrente de comércio alcançou recorde em decorrência do aumento das importações brasileiras (25,6%). Em 2012, os Estados Unidos foram o segundo parceiro do Brasil no mundo, com participação de 12,7% no total do comércio exterior brasileiro. Os números desmontam a tese de oposicionistas de que a diplomacia brasileira, nos últimos dez anos, abandonou as relações com os países do hemisfério norte.
Biden confirmou que a presidenta Dilma Rousseff deve fazer a primeira visita de Estado aos EUA em 23 de outubro. Segundo ele, visitas de Estado são muito raras nos EUA. De acordo com Biden, a viagem de Dilma é uma demonstração da relevância das relações entre os dois países.
Biden elogiou a presidenta: “Ela é uma líder que olha com o foco de raio laser para as questões que são mais importantes para o povo brasileiro.”
Lembrou ainda a admiração do presidente americano, Barack Obama, em relação a Dilma. “Agora compreendo  porque Obama acha  a presidente Dilma  uma parceira tão boa. Raramente  se faz visita de  Estado aos Estados Unidos.

Papa doa quantia para investimento em varginha

  A comunidade de Varginha localizada no Complexo de Manguinhos, Zona Norte do Rio, recebeu uma atenção especial com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013). Além de algumas melhorias realizadas pelo governo do estado, o local também recebeu um olhar do Papa Francisco em sua visita, na quinta-feira, 25. O Sumo Pontífice doou para a comunidade uma quantia de 20 mil euros para ser investida em melhorias na região.
Em entrevista à Rádio Catderal, o coordenador da Pastoral das Favelas na Arquidiocese do Rio, Monsenhor Luiz Antônio Lopes, explicou que será decidido com os moradores da comunidade onde o dinheiro será investido. “Foi uma doação bem prática. O dinheiro vai chegar até as mãos da Igreja, e, através de reuniões com a comunidade católica do local e com as lideranças, vamos decidir o que será melhor para a comunidade. Pode ser que o melhor seja abrir uma creche ou o melhor seja puxar uma rede de esgoto de mais qualidade, um saneamento básico melhor. Isso irá beneficiar a todos mais do que fazer um monumento”, disse.
Monsenhor Luiz também lembrou que o então Papa João Paulo II, em sua visita à comunidade do Vidigal, também doou um presente. Foi um anel, que, segundo o coordenador da Pastoral das Favelas, seria vendido para se transformar em melhorias para a comunidade, mas que teve um simbolismo tão forte que não foi vendido e ficou exposto no Museu de Arte Sacra. Desta vez, de acordo com o monsenhor, deve ser feito um monumento para recordar o Papa, mas o dinheiro doado vai ser revertido em benefícios para toda a comunidade.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Francisco faz o mais longo discurso desde que assumiu o pontificado em encontro com religiosos

Rio de Janeiro - No discurso mais longo desde que assumiu o pontificado, em março, o papa Francisco apelou hoje (27) aos líderes da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil que usem a inspiração para pregar a religião, respeitando a laicidade do Estado e contribuindo com a sociedade. Francisco discursou durante encontro com religiosos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e vários segmentos da Igreja, no Palácio Arquiepiscopal de São Joaquim, na Glória.

No encontro com o papa, participaram 300 integrantes da CNBB e mais de 400 bispos. O porta-voz do Vaticano e diretor da Sala de Imprensa, padre Federico Lombardi, disse que o papa deve usar o mesmo tom durante o encontro que terá amanhã (28) com o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), formado por bispos da América do Sul e do Caribe cuja sede é em Bogotá, capital da Colômbia.

"[O discurso de hoje na CNBB] foi o mais longo do pontificado até agora. Penso que o discurso de amanhã [para o Celam] pode ser algo similar. Nesta viagem, o papa tem o desejo de falar aos bispos do Brasil e da América Latina de uma maneira muito forte, ampla e inspiradora, orientando sobre a missão da Igreja na região", disse o porta-voz.

Lombardi lembrou que Francisco defende a "cultura do encontro" que é a busca do consenso e de acordos, por meio do diálogo. "A religião não tem que ser excluída, de ter presença ativa e propositiva da sociedade. A religião não tem que ser superior nem impôr sua presença, mas tem que dar sua contribuição de maneira positiva", disse o porta-voz.

O porta-voz acrescentou que:  "A missão da Igreja hoje e os problemas atuais foram expressados de maneira muito honesta e concreta [pelo papa Francisco], mas sem medo e com esperança de continuar o caminho".

Lombardi analisou ainda o discurso de Francisco sobre a laicidade do Estado, no Theatro Municipal do Rio. O Brasil é um Estado laico em que o país oficialmente é neutro em relação às questões religiosas.

"Há, principalmente, na Europa uma ideia que vê a laicidade, como a religião, totalmente de fora da vida pública e sem função ativa na vida da sociedade. Mas, há também uma laicidade que é capaz de tomar contribuições de todos os componentes da sociedade, entre eles, as organizações religiosas. É o mesmo que o Bento XVI dizia nos últimos anos. Liberdade religiosa é a liberdade da religião de dar uma contribuição ativa e positiva à sociedade", ressaltou o porta-voz.

Lombardi elogiou a encenação da Via Sacra ontem à noite, na Praia de Copacabana, e disse que Francisco gostou particularmente das adaptações dos textos à realidade atual do mundo. "O papa gostou muito da Via Sacra e do esforço de atualização dos significados para os jovens e para o mundo de hoje".

A encenação da Via Sacra, que representa o caminho feito por Jesus Cristo carregando a cruz, sendo humilhado até a crucificação, incluiu temas, como a evangelização no mundo digital, a prisão e o desemprego de jovens, a inclusão de deficientes físicos, o respeito a minorias, o aborto e a dependência química.

Papa agradece a Dilma pela acolhimento generoso

Após deixar o espaço aéreo brasileiro, o papa Francisco enviou uma mensagem para a presidente Dilma Rousseff em que agradecia o "acolhimento generoso" recebido durante sua estada no Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude.
"Renovo a minha sincera gratidão pelo acolhimento generoso que me reservou e pela solicitude do governo em assegurar uma tranquila realização dessa minha primeira visita ao Brasil", escreveu o pontífice.
. Em sua conta no Twitter, o papa disse que a alegria é maior do que o cansaço, após passar sete dias no Brasil para participar da Jornada.
"Estou de retorno a casa, e lhes asseguro que a minha alegria é muito maior que o meu cansaço!", escreveu o pontífice em sua conta no Twitter

Se uma pessoa é gay, e busca Deus, quem sou eu para jugá-lo? diz: o PAPA


 

 
Na mais ousada declaração de um pontífice sobre homossexualidade, o papa Francisco disse que os gays "não devem ser marginalizados, mas integrados à sociedade" e que não se sente em condição de julgá-los.
"Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", afirmou Francisco aos cerca de 70 jornalistas que embarcaram a Roma com ele. "O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados à sociedade."
As declarações foram em resposta a recentes revelações de que um assessor próximo seria homossexual e a uma frase atribuída a ele no início de junho, de que havia um "lobby gay" no Vaticano. Segundo ele explicou ontem, o problema não é ser gay, mas o lobby em geral.
Veja o especial O papa no Brasil
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"Vocês vêm muita coisa escrita sobre o "lobby gay". Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um cartão de identidade dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Acho que, quando alguém se encontra com uma pessoa assim, devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay de formar um lobby gay, porque nem todos os lobbies são bons. Isso é o que é ruim."
"O problema não é ter essa tendência [gay]. Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons, tantos lobbies. Esse é o pior problema."
Questionado sobre o movimento carismático no Brasil, Francisco disse que, no início, chegou a compará-los com uma "escola de samba", mas que se arrependeu: diz que os movimentos "bem assessorados" são parte da "igreja que se renova".
Antes de aceitar perguntas, Francisco disse que "foi uma bela viagem" e elogiou o "povo brasileiro". "Espiritualmente me fez bem, estou cansado, mas me fez bem", afirmou.
"A bondade e o coração do povo brasileiro são muito grandes. É um povo tão amável, que é uma festa, que no sofrimento sempre vai achar um caminho para fazer o bem em alguma parte.
Um povo alegre, um povo que sofreu tanto. É corajosa a vida dos brasileiros. Tem um grande coração, este povo."
O papa elogiou os organizadores "tanto da nossa parte quanto dos brasileiros", com menções à parte artística e religiosa. "Era tudo cronometrado, mas muito bonito."
Sobre a segurança, uma grande preocupação principalmente no início, o papa lembrou que "não teve um incidente com esses jovens, foi super espontâneo".
"Com menos segurança, eu pude estar com as pessoas, saudá-los, sem carro blindado. A segurança é a confiança de um povo. Há sempre o perigo de um louco, mas com esse temos o Senhor. Eu prefiro esta loucura, e ter o risco da loucura, que é uma aproximação."
Francisco ressaltou ainda a estimativa oficial de 3,2 milhões de fiéis e a presença de peregrinos de 178 países.
Mesmo depois do domingo intenso, que incluiu um novo percurso de papamóvel e três pronunciamentos, Francisco, 76, respondeu às perguntas de pé por quase 90 minutos, não parando nem durante uma zona de turbulência e com aviso de atar os cintos ligado.
Enquanto falava, surpreendia ao colocar a mão no bolso de sua vestimenta papal com a naturalidade de uma roupa qualquer. Para ouvir melhor um jornalista, se inclinou para frente e apoiou as mãos sobre uma poltrona. Chegou até a se abaixar para pegar um fone de ouvido que caiu na sua frente, mas alguém foi mais rápido.
A seguir, a entrevista a bordo do "volo papale", em que ele defende maior participação da mulher, explica o processo de reforma do Vaticano e fala sobre a sua relação com Bento 16, entre outros temas:
Pergunta - Nestes quatro meses, o senhor criou várias comissões. Que tipo de reforma tem em mente? O sr. quer suprimir o banco do Vaticano?
Papa Francisco - Os passos que eu fui dando nestes quatro meses e meio vão em duas vertentes. O conteúdo do que quero fazer vem da congregação dos cardeais. Eu me lembro que os cardeais pediam muitas coisas para o novo papa, antes do conclave. Eu me lembro de que tinha muita coisa. Por exemplo, a comissão de oito cardeais, a importância de ter uma consulta externa, e não uma consulta apenas interna.
Isso vai na linha do amadurecimento da sinodalidade e do primado. Os vários episcopados do mundo vão se expressando em muitas propostas que foram feitas, como a reforma da secretaria dos sínodos, que a comissão sinodal tenha característica de consultas, como o consistório cardinalício com temáticas específicas, como a canonização.
A vertente dos conteúdos vem daí. A segunda é a oportunidade. A formação da primeira comissão não me custou pouco mais de um mês. Pensava em tratar a parte econômica no ano que vem, porque não é a mais importante. Mas a agenda mudou devido a circunstâncias que vocês conhecem.
O primeiro é o problema do IOR [banco do Vaticano], como encaminhá-lo, como reformá-lo, como sanear o que há de ser sanado. E essa foi então a primeira comissão.
Depois, tivemos a comissão dos 15 cardeais que se ocupam dos assuntos econômicos da Santa Sé. E por isso decidimos fazer uma comissão para toda a economia da Santa Sé, uma única comissão de referência. Notou-se que o problema econômico estava fora da agenda. Mas essas coisas atendem.
Quando estamos no governo, vamos por um lado, mas, se chutam e fazem um golaço por outro lado, temos de atacar. A vida é assim. Eu não sei como o IOR vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros que seja um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso.
O presidente do IOR permanence, o tesoureiro também, enquanto o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. E isso é bom. Não somos máquinas. Temos de achar o melhor. A característica de, seja o que for, tem de ter transparência e honestidade.
Uma fotografia do sr. deu a volta ao mundo, quando o sr. desceu as escadas do helicóptero, carregando sua mala preta. Artigos de todo o mundo comentaram o papa que sai com sua própria mala. Foram levantadas hipóteses também sobre o conteúdo da mala. Por que o sr. saiu carregando a maleta preta, e não seus colaboradores? E o sr. poderia dizer o que tinha dentro?
Não tinha a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso, Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre levei a minha maleta. É normal. Temos de ser normais. É um pouco estranho isso que você me diz que a foto deu a volta ao mundo. Mas temos de nos habituar a sermos normais, à normalidade da vida.
Por que o senhor pede tanto para que rezem pelo senhor? Não é habitual ouvir de um papa que peça que rezem por ele.
Sempre pedi isso. Quando era padre, pedia, mas nem tanto nem tão frequentemente. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a bispo. Porque eu sinto que, se o Senhor não ajuda nesse trabalho de ajudar aos outros, não se pode. Preciso da ajuda do Senhor. Eu de verdade me sinto com tantos limites, tantos problemas, e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Sinto que devo pedir. Não sei
Na busca por fazer essas mudanças, o sr. disse que existem muitos santos que trabalham no Vaticano e outros um pouco menos santos. O sr. enfrenta resistências a essa sua vontade de mudar as coisas no Vaticano? O sr. vive num ambiente muito austero, de Santa Marta. Os seus colaboradores também vivem essa austeridade? Isso é algo apenas do sr. ou da comunidade?
As mudanças vêm de duas vertentes: do que pediram os cardeais e também o que vem da minha personalidade. Você falou que eu fico na Santa Marta. Eu não poderia viver sozinho no palácio, que não é luxuoso. O apartamento pontifício é grande, mas não é luxuoso. Mas eu não posso viver sozinho. Preciso de gente, falar com gente. Trabalhar com as pessoas. Porque, quando os meninos da escola jesuíta me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade e pobreza, eu respondi: "Não, por motivos psiquiátricos."
Psicologicamente, não posso. Cada um deve levar adiante sua vida, seguir seu modo de vida. Os cardeais que trabalham na Cúria não vivem como ricos. Têm apartamentos pequenos. São austeros. Os que eu conheço têm apartamentos pequenos.
Cada um tem de viver como o Senhor disse que tem de viver. A austeridade é necessária para todos. Trabalhamos a serviço da igreja. É verdade que há santos, sacerdotes, padres, gente que prega, que trabalha tanto, que vai aos pobres, se preocupa de fazer comer os pobres. Têm santos na Cúria. Também têm alguns que não têm muitos santos. E são estes que fazem mais barulho. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que nasce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos. São escândalos que fazem mal. Uma coisa que nunca disse: a Cúria deveria ter o nível que tinha dos velhos padres, pessoas que trabalham. Os velhos membros da Cúria. Precisamos deles. Precisamos o perfil do velho da Cúria.
Sobre resistência, se tem, ainda não vi. É verdade que aconteceram muitas coisas. Mas eu preciso dizer: eu encontrei ajuda, encontrei pessoas leais. Por exemplo, eu gosto quando alguém me diz :"Eu não estou de acordo". Esse é um verdadeiro colaborador. Mas, quando vejo aqueles que dizem "ah, que belo, que belo" e depois dizem o contrario por trás, isso não ajuda.
O mundo mudou, os jovens mudaram. Temos no Brasil muitos jovens, mas o senhor não falou de aborto, sobre a posição do Vaticano em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil foram aprovadas leis que ampliam os direitos para estes casamentos em relação ao aborto. Por que o senhor não falou sobre isso?
A igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Eu não queria voltar sobre isso. Não era necessário voltar sobre isso, como também não era necessário falar sobre outros assuntos. Eu também não falei sobre o roubo, sobre a mentira. Para isso, a igreja tem uma doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. Além disso, os jovens sabem perfeitamente qual a posição da igreja.
E a do papa?
É a da igreja, eu sou filho da igreja.
Qual o sentido mais profundo de se apresentar como o bispo de Roma?
Não se deve andar mais adiante do que o que se fala. O papa é bispo de Roma e por isso é papa, o sucessor de Pedro. Não é o caso pensar que isso quer dizer que é o primeiro. Não é esse o sentido. O primeiro sentido do papa é ser o bispo de Roma.
O sr. teve sua primeira experiência multidinária no Rio. Como se sente como papa, é um trabalho duro?
Ser bispo é belo. O problema é quando alguém busca ter esse trabalho, assim não é tão belo. Mas, quando o Senhor chama para ser biso, isso é belo. Tem sempre o perigo e o pecado de pensar com superioridade, como se fosse um príncipe. Mas o trabalho é belo. Ajudar o irmão a ir adiante. Têm o filtro da estrada.
O bispo tem de indicar o caminho. Eu gosto de ser bispo. Em Buenos Aires, eu era tão feliz. Como padre, era feliz. Como bispo, era feliz e isso me faz bem.
E ser papa?
Se você faz o que o Senhor quer, é feliz. Esse é meu sentimento.
Igreja no Brasil está perdendo fiéis. A Renovação Carismática é uma possibilidade para evitar que eles sigam para as igrejas pentecostais?
É verdade, as estatísticas mostram. Falamos sobre isso ontem com os bispos brasileiros. E isso é um problema que incomoda os bispos brasileiros.
Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba.
Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam.
Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são um graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova.
A igreja sem a mulher perde a fecundidade? Quais as medidas concretas? O senhor disse que está cansado. Há algum tratamento especial neste voo?
Vamos começar pelo fim. Não há nenhum tratamento especial neste voo. Na frente, tem uma bela poltrona. Escrevi para dizer que não queria tratamento especial.
Segundo, as mulheres. Uma igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem Maria. O papel da mulher na igreja não é só maternidade, a mãe da família. É muito mais forte. A mulher ajuda a igreja a crescer. E pensar que a Nossa Senhora é mais importante do que os apóstolos! A igreja é feminina, esposa, mãe.
O papel da mulher na igreja não deve ser só o de mãe e com um trabalho limitado. Não, tem outra coisa. O papa Paulo 6° escreveu uma coisa belíssima sobre as mulheres. Creio que se deva ir adiante esse papel. Não se pode entender uma igreja sem uma mulher ativa.
Um exemplo histórico: para mim, as mulheres paraguaias são as mais gloriosas da América Latina. Sobraram, depois da guerra (1864-1870), oito mulheres para cada homem. E essas mulheres fizeram uma escolha um pouco difícil. A escolha de ter filhos para salvar a pátria, a cultura, a fé, a língua.
Na igreja, se deve pensar nas mulheres sob essa perspectiva. Escolhas de risco, mas como mulher. Acredito que, até agora, não fizemos uma profunda teologia sobre a mulher. Somente um pouco aqui, um pouco lá. Tem a que faz a leitura, a presidente da Cáritas, mas há mais o que fazer. É necessário fazer uma profunda teologia da mulher. Isso é o que eu penso.
Queremos saber qual a sua relação de trabalho com Bento 16, não a amistosa, a de colaboração. Não houve antes uma circunstância assim. Os contatos são frequentes?
A última vez que houve dois ou três papa, eles não se falavam. Estavam brigando entre si, para ver quem era o verdadeiro. Eu fiquei muito feliz quando se tornou papa. Também, quando renunciou, foi, para mim, um exemplo muito grande. É um homem de Deus, de reza. Hoje, ele mora no Vaticano.
Alguns me perguntam: como dois papas podem viver no Vaticano? Eu achei uma frase para explicar isso. É como ter um avô em casa. Um avô sábio. Na família, um avô é amado, admirado. Ele é um homem com prudência. Eu o convidei para vir comigo em algumas ocasiões. Ele prefere ficar reservado. Se eu tenho alguma dificuldade, não entendo alguma coisa, posso ir até ele.
Sobre o problema grave do Vatileaks [vazamento de documentos secretos], ele me disse tudo com simplicidade. Tem uma coisa que não sei se vocês sabem: Em 8 de fevereiro, no discurso, ele falou: "Entre vocês está o próximo papa. Eu prometo obediência". Isso é grande.
O sr. falou com os bispos brasileiros sobre a participação das mulheres na igreja. Gostaria de entender melhor como deve ser essa participação. O que sr. pensa sobre a ordenação das mulheres?
Sobre a participação das mulheres na igreja, não se pode limitar a alguns cargos: a catequista, a presidente da Cáritas. Deve ser mais, muito mais. Sobre a ordenação, a igreja já falou e disse que não. João Paulo 2° disse com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada. Nossa senhora, Maria, é mais importante que os apóstolos. A mulher na igreja é mais importante que os bispos e os padres. Acredito que falte uma especificação teológica.
Nesta viagem, o sr. falou de misericórdia sobre o acesso aos sacreamentos dos divorciados, existe a possibilidade de mudar alguma coisa na disciplina da igreja?
Essa é uma pergunta que sempre se faz. A misericórdia é maior do que o exemplo que você deu. Essa mudança de época e també tantos problemas na igreja, como alguns testemunhos de alguns padres, problemas de corrupção, do clericalismo A igreja é mãe. Ela cura os feridos. Ela não se cansa de perdoar.
Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união. Esse problema deve ser estudado pela pastoral matrimonial. Há 15 dias, esteve comigo o secretário do sínodo dos bispos, para discutir o tema do próximo sínodo. E posso dizer que estamos a caminho de uma pastoral matrimonial mais profunda. O cardeal Guarantino disse ao meu antecessor que a metade dos matrimônios é nula. Porque as pessoas se casam sem maturidade ou porque socialmente devem se casar. Isso também entra na Pastoral do Matrimônio.
A questão da anulação do casamento deve ser revisada. É complexa a questão pastoral do matrimônio.
Em quatro meses de Pontificado, pode nos fazer um pequeno balanço e dizer o que foi o pior e o melhor de ser Papa? O que mais lhe surpreendeu neste período?
Não sei como responder isso, de verdade. Coisas ruins, ruins, não aconteceram. Coisas belas, sim. Por exemplo, o encontro com os bispos italianos, que foi tão bonito. Como bispo da capital da Itália, me senti em casa com eles. Uma coisa dolorosa foi a visita a Lampeduse [ilha que recebe imigrantes africanos], me fez chorar. Me fez bem. Quando chegam estes barcos, que os deixam a algumas milhas de distância da costa e eles têm de chegar (à costa) sozinhos, isso me dói porque penso que essas pessoas são vítimas do sistema sócio-econômico mundial.
Mas a coisa pior é o nervo ciático, é verdade, tive isso no primeiro mês. É verdade! Para uma entrevista, tive de me acomodar numa poltrona e isso me fez mal, era dolorosíssimo, não desejo isso a ninguém. O encontro com os seminaristas religiosos foi belíssimo. Também o encontro com os alunos do colégio jesuíta foi belíssimo. As pessoasconheci tantas pessoas boas no Vaticano. Isso é verdade, eu faço justiça. Tantas pessoas boas, mas boas, boas, boas.
Tem a esperança de que esta viagem ao Brasil contribua para trazer de volta os fiéis? Os argentinos se perguntam: não sente falta de estar em Buenos Aires, pegar um ônibus?
Uma viagem do papa sempre faz bem. E creio que a viagem ao Brasil fará bem, não apenas a presença do Papa. Eles (os brasileiros) se mobilizaram e vão ajudar muito a igreja. Tantos fiéis que foram se sentem felizes. Acho que será positivo não só pela viagem, mas pela jornada, um evento maravilhoso. Buenos Aires, sim, sinto falta. Mas é uma saudade serena.
O que o senhor pretende fazer em relação ao monsenhor Ricca e como pretende enfrentar toda esta questão do lobby gay?
Sobre monsenhor Ricca, fiz o que o direito canônico manda fazer, a investigação prévia. E nessa investigação não tem nada do que o acusam. Não achamos nada. É a minha resposta.
Quero acrescentar uma coisa a mais sobre isso. Tenho visto que muitas vezes na igreja se buscam os pecados da juventude, por exemplo. E se publica.
Abuso de menores é diferente. Mas, se uma pessoa, seja laica ou padre ou freira, pecou e esconde, o Senhor perdoa. Quando o Senhor perdoa, o Senhor esquece.
E isso é importante para a nossa vida. Quando vamos confessar e nós dizemos que pecamos, o senhor esquece e nós não temos o direito de não esquecer. Isso é um perigo.
O que é importante é uma teologia do pecado. Tantas vezes penso em São Pedro, que cometeu tantos pecados e venerava Cristo. E esse pecador foi transformado em Papa.
Vocês vêm muita coisa escrita sobre o lobby gay. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um cartão de identidade dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Acho que, quando alguém se vê com uma pessoa assim, devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e formar um lobby gay, porque nem todos os lobbys são bons. Isso é o que é ruim.
Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-lo? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados na sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons, tantos lobbies. Esse é o pior problema    Fabiano Maisonnave

Vida de presidente-entrevista de Dilma- Folha de São Paulo

Folha - As manifestações deixaram jornalistas, sociólogos e governantes perplexos. E a senhora, ficou espantada?

Dilma Rousseff - No discurso que fiz na comemoração dos dez anos do PT, em SP [em maio], eu já dizia que ninguém, ninguém, quando conquista direitos, quer voltar para trás. Democracia gera desejo de mais democracia. Inclusão social exige mais inclusão. Quando a gente, nesses dez anos [de governo do PT], cria condições para milhões de brasileiros ascenderem, eles vão exigir mais. Tivemos uma inclusão quantitativa. Esta aceleração não se deu na qualidade dos serviços públicos. Agora temos de responder também aceleradamente a essas questões.

Mas a senhora não ficou assustada com os protestos?
Não. Como as coisas aconteceram de forma muito rápida, eu acho que todo mundo teve inicialmente uma reação emocional muito forte com a violência [policial], principalmente com a imagem daquela jornalista da Folha [Giuliana Vallone] com o olho furado [por uma bala de borracha]. Foi chocante. Eu tenho neurose com olho. Já aguentei várias coisas na vida. Não sei se aguentaria a cegueira.

Se não fosse presidente, teria ido numa passeata?
Com 65 anos, eu não iria [risos]. Fui a muita passeata, até os 30, 40 anos. Depois disso, você olha o mundo de outro jeito. Sabe que manifestações são muito importantes, mas cada um dá a sua contribuição onde é mais capaz.

O prefeito Fernando Haddad diz que, conhecendo o perfil conservador do Brasil, muitos se preocupam com o rumo que tudo pode tomar.
Eu não acho que o Brasil tem perfil conservador. O povo é lúcido e faz as mudanças de forma constante e cautelosa. Tem um lado de avanço e um lado de conservação. Já me deram o seguinte exemplo: é como um elefante, que vai levantando uma perna de cada vez [risos]. Mas é uma pernona que vai e "poing", coloca lá na frente. Aí levanta a outra. Não galopa como um cavalo. Aí uma pessoa disse: "É, mas tem hora em que ele vira um urso bailarino". Você pode achar que contém a mudança em limites conservadores. Não é verdade. Tem hora em que o povo brasileiro aposta. E aposta pesado.

A senhora teve uma queda grande nas pesquisas.
Não comento pesquisa. Nem quando sobe nem quando desce [puxa a pálpebra inferior com o dedo]. Eu presto atenção. E sei perfeitamente que tudo o que sobe desce, e tudo o que desce sobe.

Mas isso fez ressurgir o movimento "Volta, Lula" em 2014.
Querida, olha, vou te falar uma coisa: eu e o Lula somos indissociáveis. Então esse tipo de coisa, entre nós, não gruda, não cola. Agora, falar volta Lula e tal... Eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi. Ele não saiu. Ele disse outro dia: "Vou morrer fazendo política. Podem fazer o que quiser. Vou estar velhinho e fazendo política".

Para a Presidência ele não volta nunca mais?
Isso eu não sei, querida. Isso eu não sei.

Ao menos não em 2014.
Esses problemas de sucessão, eu não discuto. Quem não é presidente é que tem que ficar discutindo isso. Agora, eu sou presidente, vou discutir? Eu, não.

Mas o Lula lançou a senhora.
Ele pode lançar, uai.

O fato de usarem o Lula para criticá-la não a incomoda?
Querida, não me incomoda nem um pouquinho. Eu tenho uma relação com o Lula que tá por cima de todas essas pessoas. Não passa por elas, entendeu? Eu tô misturada com o governo dele total. Nós ficamos juntos todos os santos dias, do dia 21 de junho de 2005 [quando ela assumiu a Casa Civil] até ele sair do governo. Temos uma relação de compreensão imediata sobre uma porção de coisas.

Mas ele teria criticado suas reações às manifestações.
Minha querida, ele vivia me criticando. Isso não é novo [risos]. E eu criticava ele. Quer dizer, ele era presidente. Eu não criticava. Eu me queixava, lamentava [risos].

Como a senhora vê um empresário como Emílio Odebrecht falar que quer que o Lula volte com Eduardo Campos de vice?
Uai, ótimo para ele. Vivemos numa democracia. Se ele disse isso, é porque ele quer isso.



Gays precisam ser integrados â sociedade afirma Francisco

Gays precisam ser integrados à sociedade, afirma Francisco

'Quem sou eu para julgar?', diz papa em entrevista no voo após visita ao Brasil
Pergunta sobre aborto é evitada com alegação de que a posição da igreja sobre o assunto já é conhecida dos jovens
FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Na mais ousada declaração de um pontífice sobre homossexualidade, o papa Francisco disse que os gays "não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade".

"Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", disse aos quase 70 jornalistas que embarcaram para Roma com ele. As declarações foram em resposta a revelações de que um assessor seria homossexual e a uma frase atribuída a ele de que havia um "lobby gay" no Vaticano.

O papa também elogiou a Renovação Carismática e disse que nem todos na Cúria são santos. Aos 76 anos, Francisco respondeu às perguntas de pé por quase 90 minutos.

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Banco do Vaticano
O primeiro é o problema do IOR [Instituto para Obras da Religião], como encaminhá-lo, como reformá-lo. Não sei como o IOR vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros que seja um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso.

O presidente do IOR permanece, o tesoureiro também, e o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. Seja o que for, tem de ter transparência e honestidade.

Frugalidade e escândalos
Fico na [casa de] Santa Marta. Eu não poderia viver sozinho no Palácio [Apostólico]. O apartamento pontifício é grande, mas não é luxuoso. Mas não posso viver sozinho. Preciso de gente. Quando me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade, eu respondi: "Não, por motivos psiquiátricos". Os cardeais que trabalham na Cúria não vivem como ricos. Têm apartamentos pequenos. São austeros.

A austeridade é necessária para todos. Trabalhamos a serviço da igreja. Existem santos na Cúria. Também existem alguns que não são muito santos. E são estes que fazem mais barulho. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos.

Aborto
A igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Não era necessário voltar a isso. Também não falei sobre o roubo, a mentira. Para isso a igreja tem uma doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. Os jovens sabem perfeitamente a posição da igreja.

Renovação Carismática
Nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Agora vejo que esse movimento faz muito bem à igreja.

Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano na catedral. Vi o bem que eles faziam. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova.

Ordenação de mulheres
Sobre a participação das mulheres, ela não se pode limitar a alguns cargos: a catequista, a presidente da Cáritas. Deve ser mais, muito mais.

Sobre a ordenação, a igreja já falou e disse que não. João Paulo 2° disse com uma formulação definitiva: essa porta está fechada. Nossa Senhora é mais importante que os apóstolos. A mulher na igreja é mais importante que os bispos e os padres. Acredito que falte especificação teológica.

Divórcio
A igreja é mãe. Ela não se cansa de perdoar. Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união. Esse problema deve ser estudado pela Pastoral do Matrimônio. Estamos a caminho de uma pastoral matrimonial mais profunda. A questão da anulação do casamento deve ser revisada.

Lobby gay
Sobre o monsenhor [Battista] Ricca [novo diretor do Banco do Vaticano, acusado de ter mantido relacionamento homossexual], fiz o que o direito canônico manda fazer: a investigação prévia. E não tem nada do que o acusam.

Devemos distinguir o fato de que uma pessoa é gay de formar um lobby gay, porque nem todos os lobbies são bons. Isso é que é ruim. Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?

O catecismo da Igreja Católica diz que não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons, tantos lobbies.


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            segunda-feira, 29 de julho de 2013

            Missa de encerramento da jornada

            Francisco iniciou sua fala agradecendo aos jovens peregrinos "por todas as alegrias que me deram nestes dias". "Levo a cada um de vocês no meu coração", disse o papa à multidão, boa parte da qual passou a noite nas areias e calçadas de Copacabana.

            Durante a cerimônia, que foi acompanhada pela presidente Dilma Rousseff e outros chefes de Estado, como a argentina Cristina Kirchner, o papa lembrou o tema desta Jornada, "ide e fazei discípulos entre todas nações".

            "Com estas palavras, Jesus se dirige a cada um de vocês dizendo: 'Foi bom participar nesta Jornada Mundial da Juventude, vivenciar a fé junto com jovens vindos dos quatro cantos da Terra, mas agora você deve ir e transmitir essa experiência aos demais'."

            JOVENS

            O papa ainda se dirigiu diretamente aos peregrinos brasileiros e latino-americanos, e citou como exemplo "um grande apóstolo do Brasil, o bem-aventurado José de Anchieta, [que] partiu em missão quando tinha apenas 19 anos".

            Francisco afirmou que os jovens são "o melhor instrumento para evangelizar" outros jovens e disse: "Jesus Cristo conta com vocês, a Igreja conta com vocês, o papa conta com vocês".

            Ao meio-dia, o papa comandou a reza do Ângelus, que celebra o momento da Anunciação, feita pelo anjo Gabriel a Maria.

            "Eis aqui, queridos amigos, o nosso modelo. Aquela que recebeu o dom mais precioso de Deus, como primeiro gesto de resposta, põe-se a caminho para servir e levar a Jesus. Peçamos a Nossa Senhora que também nos ajude a transmitir a alegria de Cristo aos nossos familiares, aos nossos companheiros, aos nossos amigos e a todas as pessoas."

            Após a missa, Francisco retornou à residência no Sumaré, para almoçar com religiosos e organizadores da JMJ. Mais tarde, irá ao Riocentro (zona oeste) para um encontro com voluntários que trabalharam na Jornada. O papa embarca para Roma às 19h, no Galeão; antes, faz um discurso de despedida no local

            Cerimônia de despadida do SANTO PAPA

            Senhor Vice-Presidente da República,
            Distintas Autoridade Nacionais, Estaduais e Locais,
            Senhor Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro,
            Senhores Cardeais e Irmãos no Episcopado,
            Queridos Amigos!

            Dentro de alguns instantes, deixarei sua Pátria para regressar a Roma. Parto com a alma cheia de recordações felizes; essas – estou certo – tornar-se-ão oração. Neste momento, já começo a sentir saudades. Saudades do Brasil, este povo tão grande e de grande coração; este povo tão amoroso. Saudades do sorriso aberto e sincero que vi em tantas pessoas, saudades do entusiasmo dos voluntários. Saudades da esperança no olhar dos jovens no Hospital São Francisco. Saudades da fé e da alegria em meio à adversidade dos moradores de Varginha. Tenho a certeza de que Cristo vive e está realmente presente no agir de tantos e tantas jovens e demais pessoas que encontrei nesta inesquecível semana. Obrigado pelo acolhimento e o calor da amizade que me foram demonstrados. Também disso começo a sentir saudades.
            De modo particular agradeço à Senhora Presidenta, aqui representada por seu Vice-Presidente, por ter-se feito intérprete dos sentimentos de todo o povo do Brasil para com o Sucessor de Pedro. Cordialmente agradeço a meus Irmãos Bispos e seus inúmeros colaboradores por terem tornado estes dias uma celebração estupenda da nossa fé fecunda e jubilosa em Jesus Cristo. Agradeço, em especial, a Dom Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, seus Bispos Auxiliares, e Dom Raymundo Damasceno, Presidente da Conferência Episcopal. Agradeço a todos os que tomaram parte nas celebrações da Eucaristia e nos restantes eventos, àqueles que os organizaram, a quantos trabalharam para difundi-los através da mídia. Agradeço, enfim, a todas as pessoas que, de um modo ou outro, souberam acudir às necessidades de acolhida e gestão de uma multidão imensa de jovens, sem esquecer de tantas pessoas que, no silêncio e na simplicidade, rezaram para que esta Jornada Mundial da Juventude fosse uma verdadeira experiência de crescimento na fé. Que Deus recompense a todos, como só Ele sabe fazer!
            Neste clima de gratidão e saudades, penso nos jovens, protagonistas desse grande encontro: Deus lhes abençoe por tão belo testemunho de participação viva, profunda e alegre nestes dias! Muitos de vocês vieram como discípulos nesta peregrinação; não tenho dúvida de que todos agora partem como missionários. A partir do testemunho de alegria e de serviço de vocês, façam florescer a civilização do amor. Mostrem com a vida que vale a pena gastar-se por grandes ideais, valorizar a dignidade de cada ser humano, e apostar em Cristo e no seu Evangelho. Foi Ele que viemos buscar nestes dias, porque Ele nos buscou primeiro, Ele nos faz arder o coração para anunciar a Boa Nova nas grandes metrópoles e nos pequenos povoados, no campo e em todos os locais deste nosso vasto mundo. Continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo inteiro: através deles, Cristo está preparando uma nova primavera em todo o mundo. Eu vi os primeiros resultados desta sementeira; outros rejubilarão com a rica colheita!
            O meu pensamento final, minha última expressão das saudades, dirige-se a Nossa Senhora Aparecida. Naquele amado Santuário, ajoelhei-me em prece pela humanidade inteira e, de modo especial, por todos os brasileiros. Pedi a Maria que robusteça em vocês a fé cristã, que é parte da nobre alma do Brasil, como também de muitos outros países, tesouro de sua cultura, alento e força para construírem uma nova humanidade na concórdia e na solidariedade.
            O Papa vai embora e lhes diz “até breve”, um “até breve” com saudades, e lhes pede, por favor, que não se esqueçam de rezar por ele. Este Papa precisa da oração de todos vocês. Um abraço para todos. Que Deus lhes abençoe!
             

            C

            Entrevisttando Papa Franscisco

            Com menos segurança, eu pude estar com as pessoas, saudá-los, sem carro blindado. A segurança é a confiança de um povo. Há sempre o perigo de um louco, mas com esse temos o Senhor. Eu prefiro esta loucura, e ter o risco da loucura, que é uma aproximação."
            Francisco ressaltou ainda a estimativa oficial de 3,2 milhões de fiéis e a presença de peregrinos de 178 países.

            Mesmo depois do domingo intenso, que incluiu um novo percurso de papamóvel e três pronunciamentos, Francisco, 76, respondeu às perguntas de pé por quase 90 minutos, não parando nem durante uma zona de turbulência e com aviso de atar os cintos ligado.

            Enquanto falava, surpreendia ao colocar a mão no bolso de sua vestimenta papal com a naturalidade de uma roupa qualquer. Para ouvir melhor um jornalista, se inclinou para frente e apoiou as mãos sobre uma poltrona. Chegou até a se abaixar para pegar um fone de ouvido que caiu na sua frente, mas alguém foi mais rápido.

            A seguir, a entrevista a bordo do "volo papale", em que ele defende maior participação da mulher, explica o processo de reforma do Vaticano e fala sobre a sua relação com Bento 16, entre outros temas:

            Pergunta - Nestes quatro meses, o senhor criou várias comissões. Que tipo de reforma tem em mente? O sr. quer suprimir o banco do Vaticano?
            Papa Francisco - Os passos que eu fui dando nestes quatro meses e meio vão em duas vertentes. O conteúdo do que quero fazer vem da congregação dos cardeais. Eu me lembro que os cardeais pediam muitas coisas para o novo papa, antes do conclave. Eu me lembro de que tinha muita coisa. Por exemplo, a comissão de oito cardeais, a importância de ter uma consulta externa, e não uma consulta apenas interna.
            Isso vai na linha do amadurecimento da sinodalidade e do primado. Os vários episcopados do mundo vão se expressando em muitas propostas que foram feitas, como a reforma da secretaria dos sínodos, que a comissão sinodal tenha característica de consultas, como o consistório cardinalício com temáticas específicas, como a canonização.
            A vertente dos conteúdos vem daí. A segunda é a oportunidade. A formação da primeira comissão não me custou pouco mais de um mês. Pensava em tratar a parte econômica no ano que vem, porque não é a mais importante. Mas a agenda mudou devido a circunstâncias que vocês conhecem.
            O primeiro é o problema do IOR [banco do Vaticano], como encaminhá-lo, como reformá-lo, como sanear o que há de ser sanado. E essa foi então a primeira comissão.
            Depois, tivemos a comissão dos 15 cardeais que se ocupam dos assuntos econômicos da Santa Sé. E por isso decidimos fazer uma comissão para toda a economia da Santa Sé, uma única comissão de referência. Notou-se que o problema econômico estava fora da agenda. Mas essas coisas atendem.
            Quando estamos no governo, vamos por um lado, mas, se chutam e fazem um golaço por outro lado, temos de atacar. A vida é assim. Eu não sei como o IOR vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros que seja um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso.
            O presidente do IOR permanence, o tesoureiro também, enquanto o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. E isso é bom. Não somos máquinas. Temos de achar o melhor. A característica de, seja o que for, tem de ter transparência e honestidade.

            Uma fotografia do sr. deu a volta ao mundo, quando o sr. desceu as escadas do helicóptero, carregando sua mala preta. Artigos de todo o mundo comentaram o papa que sai com sua própria mala. Foram levantadas hipóteses também sobre o conteúdo da mala. Por que o sr. saiu carregando a maleta preta, e não seus colaboradores? E o sr. poderia dizer o que tinha dentro?
            Não tinha a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso, Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sou devoto de Santa Terezinha. Eu sempre levei a minha maleta. É normal. Temos de ser normais. É um pouco estranho isso que você me diz que a foto deu a volta ao mundo. Mas temos de nos habituar a sermos normais, à normalidade da vida.

            Por que o senhor pede tanto para que rezem pelo senhor? Não é habitual ouvir de um papa que peça que rezem por ele.
            Sempre pedi isso. Quando era padre, pedia, mas nem tanto nem tão frequentemente. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a bispo. Porque eu sinto que, se o Senhor não ajuda nesse trabalho de ajudar aos outros, não se pode. Preciso da ajuda do Senhor. Eu de verdade me sinto com tantos limites, tantos problemas, e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Sinto que devo pedir. Não sei

            Na busca por fazer essas mudanças, o sr. disse que existem muitos santos que trabalham no Vaticano e outros um pouco menos santos. O sr. enfrenta resistências a essa sua vontade de mudar as coisas no Vaticano? O sr. vive num ambiente muito austero, de Santa Marta. Os seus colaboradores também vivem essa austeridade? Isso é algo apenas do sr. ou da comunidade?
            As mudanças vêm de duas vertentes: do que pediram os cardeais e também o que vem da minha personalidade. Você falou que eu fico na Santa Marta. Eu não poderia viver sozinho no palácio, que não é luxuoso. O apartamento pontifício é grande, mas não é luxuoso. Mas eu não posso viver sozinho. Preciso de gente, falar com gente. Trabalhar com as pessoas. Porque, quando os meninos da escola jesuíta me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade e pobreza, eu respondi: "Não, por motivos psiquiátricos."
            Psicologicamente, não posso. Cada um deve levar adiante sua vida, seguir seu modo de vida. Os cardeais que trabalham na Cúria não vivem como ricos. Têm apartamentos pequenos. São austeros. Os que eu conheço têm apartamentos pequenos.
            Cada um tem de viver como o Senhor disse que tem de viver. A austeridade é necessária para todos. Trabalhamos a serviço da igreja. É verdade que há santos, sacerdotes, padres, gente que prega, que trabalha tanto, que vai aos pobres, se preocupa de fazer comer os pobres. Têm santos na Cúria. Também têm alguns que não têm muitos santos. E são estes que fazem mais barulho. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que nasce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos. São escândalos que fazem mal. Uma coisa que nunca disse: a Cúria deveria ter o nível que tinha dos velhos padres, pessoas que trabalham. Os velhos membros da Cúria. Precisamos deles. Precisamos o perfil do velho da Cúria.
            Sobre resistência, se tem, ainda não vi. É verdade que aconteceram muitas coisas. Mas eu preciso dizer: eu encontrei ajuda, encontrei pessoas leais. Por exemplo, eu gosto quando alguém me diz :"Eu não estou de acordo". Esse é um verdadeiro colaborador. Mas, quando vejo aqueles que dizem "ah, que belo, que belo" e depois dizem o contrario por trás, isso não ajuda.

            O mundo mudou, os jovens mudaram. Temos no Brasil muitos jovens, mas o senhor não falou de aborto, sobre a posição do Vaticano em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil foram aprovadas leis que ampliam os direitos para estes casamentos em relação ao aborto. Por que o senhor não falou sobre isso?
            A igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Eu não queria voltar sobre isso. Não era necessário voltar sobre isso, como também não era necessário falar sobre outros assuntos. Eu também não falei sobre o roubo, sobre a mentira. Para isso, a igreja tem uma doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. Além disso, os jovens sabem perfeitamente qual a posição da igreja.

            E a do papa?
            É a da Igreja, eu sou filho da Igreja.

            Qual o sentido mais profundo de se apresentar como o bispo de Roma?
            Não se deve andar mais adiante do que o que se fala. O papa é bispo de Roma e por isso é papa, o sucessor de Pedro. Não é o caso pensar que isso quer dizer que é o primeiro. Não é esse o sentido. O primeiro sentido do papa é ser o bispo de Roma.

            O sr. teve sua primeira experiência multidinária no Rio. Como se sente como papa, é um trabalho duro?
            Ser bispo é belo. O problema é quando alguém busca ter esse trabalho, assim não é tão belo. Mas, quando o Senhor chama para ser biso, isso é belo. Tem sempre o perigo e o pecado de pensar com superioridade, como se fosse um príncipe. Mas o trabalho é belo. Ajudar o irmão a ir adiante. Têm o filtro da estrada.
            O bispo tem de indicar o caminho. Eu gosto de ser bispo. Em Buenos Aires, eu era tão feliz. Como padre, era feliz. Como bispo, era feliz e isso me faz bem.

            E ser papa?
            Se você faz o que o Senhor quer, é feliz. Esse é meu sentimento.

            Igreja no Brasil está perdendo fieis. A Renovação Carismática é uma possibilidade para evitar que eles sigam para as igrejas pentecostais?
            É verdade, as estatísticas mostram. Falamos sobre isso ontem com os bispos brasileiros. E isso é um problema que incomoda os bispos brasileiros.
            Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba.
            Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam.
            Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são um graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova.

            A igreja sem a mulher perde a fecundidade? Quais as medidas concretas? O senhor disse que está cansado. Há algum tratamento especial neste voo?
            Vamos começar pelo fim. Não há nenhum tratamento especial neste voo. Na frente, tem uma bela poltrona. Escrevi para dizer que não queria tratamento especial.
            Segundo, as mulheres. Uma igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem Maria. O papal da mulher na igreja não é só maternidade, a mãe da família. É muito mais forte. A mulher ajuda a igreja a crescer. E pensar que a Nossa Senhora é mais importante do que os apóstolos! A igreja é feminina, esposa, mãe.
            O papel da mulher na igreja não deve ser só o de mãe e com um trabalho limitado. Não, tem outra coisa. O papa Paulo 6° escreveu uma coisa belíssima sobre as mulheres. Creio que se deva ir adiante esse papel. Não se pode entender uma igreja sem uma mulher ativa.
            Um exemplo histórico: para mim, as mulheres paraguaias são as mais gloriosas da América Latina. Sobraram, depois da guerra (1864-1870), oito mulheres para cada homem. E essas mulheres fizeram uma escolha um pouco difícil. A escolha de ter filhos para salvar a pátria, a cultura, a fé, a língua.
            Na igreja, se deve pensar nas mulheres sob essa perspectiva. Escolhas de risco, mas como mulher. Acredito que, até agora, não fizemos uma profunda teologia sobre a mulher. Somente um pouco aqui, um pouco lá. Tem a que faz a leitura, a presidente da Cáritas, mas há mais o que fazer. É necessário fazer uma profunda teologia da mulher. Isso é o que eu penso.

            Queremos saber qual a sua relação de trabalho com Bento 16, não a amistosa, a de colaboração. Não houve antes uma circunstância assim. Os contatos são frequentes?
            A última vez que houve dois ou três papa, eles não se falavam. Estavam brigando entre si, para ver quem era o verdadeiro. Eu fiquei muito feliz quando se tornou papa. Também, quando renunciou, foi, pra mim, um exemplo muito grande. É um homem de Deus, de reza. Hoje, ele mora no Vaticano.
            Alguns me perguntam: como dois papas podem viver no Vaticano? Eu achei uma frase para explicar isso. É como ter um avô em casa. Um avô sábio. Na família, um avô é amado, admirado. Ele é um homem com prudência. Eu o convidei para vir comigo em algumas ocasiões. Ele prefere ficar reservado. Se eu tenho alguma dificuldade, não entendo alguma coisa, posso ir até ele.
            Sobre o problema grave do Vatileaks [vazamento de documentos secretos], ele me disse tudo com simplicidade. Tem uma coisa que não sei se vocês sabem: Em 8 de fevereiro, no discurso, ele falou: "Entre vocês está o próximo papa. Eu prometo obediência". Isso é grande.

            O sr. falou com os bispos brasileiros sobre a participação das mulheres na igreja. Gostaria de entender melhor como deve ser essa participação. O que sr. pensa sobre a ordenação das mulheres?
            Sobre a participação das mulheres na igreja, não se pode limitar a alguns cargos: a catequista, a presidente da Cáritas. Deve ser mais, muito mais. Sobre a ordenação, a igreja já falou e disse que não. João Paulo 2° disse com uma formulação definitiva. Essa porta está fechada. Nossa senhora, Maria, é mais importante que os apóstolos. A mulher na igreja é mais importante que os bispos e os padres. Acredito que falte uma especificação teológica.

            Nesta viagem, o sr. falou de misericórdia Sobre o acesso aos sacreamentos dos divorciados, existe a possibilidade de mudar alguma coisa na disciplina da igreja?
            Essa é uma pergunta que sempre se faz. A misericórdia é maior do que o exemplo que você deu. Essa mudança de época e també tantos problemas na igreja, como alguns testemunhos de alguns padres, problemas de corrupção, do clericalismo A igreja é mãe. Ela cura os feridos. Ela não se cansa de perdoar.
            Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união. Esse problema deve ser estudado pela pastoral matrimonial. Há 15 dias, esteve comigo o secretário do sínodo dos bispos, para discutir o tema do próximo sínodo. E posso dizer que estamos a caminho de uma pastoral matrimonial mais profunda. O cardeal Guarantino disse ao meu antecessor que a metade dos matrimônios é nula. Porque as pessoas se casam sem maturidade ou porque socialmente devem se casar. Isso também entra na Pastoral do Matrimônio.
            A questão da anulação do casamento deve ser revisada. É complexa a questão pastoral do matrimônio.

            Em quatro meses de Pontificado, pode nos fazer um pequeno balanço e dizer o que foi o pior e o melhor de ser Papa? O que mais lhe surpreendeu neste período?
            Não sei como responder isso, de verdade. Coisas ruins, ruins, não aconteceram. Coisas belas, sim. Por exemplo, o encontro com os bispos italianos, que foi tão bonito. Como bispo da capital da Itália, me senti em casa com eles. Uma coisa dolorosa foi a visita a Lampeduse [ilha que recebe imigrantes africanos], me fez chorar. Me fez bem. Quando chegam estes barcos, que os deixam a algumas milhas de distância da costa e eles têm de chegar (à costa) sozinhos, isso me dói porque penso que essas pessoas são vítimas do sistema sócio-econômico mundial.
            Mas a coisa pior é o nervo ciático, é verdade, tive isso no primeiro mês. É verdade! Para uma entrevista, tive de me acomodar numa poltrona e isso me fez mal, era dolorosíssimo, não desejo isso a ninguém. O encontro com os seminaristas religiosos foi belíssimo. Também o encontro com os alunos do colégio jesuíta foi belíssimo. As pessoasconheci tantas pessoas boas no Vaticano. Isso é verdade, eu faço justiça. Tantas pessoas boas, mas boas, boas, boas.

            Tem a esperança de que esta viagem ao Brasil contribua para trazer de volta os fiéis? Os argentinos se perguntam: não sente falta de estar em Buenos Aires, pegar um ônibus?
            Uma viagem do papa sempre faz bem. E creio que a viagem ao Brasil fará bem, não apenas a presença do Papa. Eles (os brasileiros) se mobilizaram e vão ajudar muito a igreja. Tantos fiéis que foram se sentem felizes. Acho que será positivo não só pela viagem, mas pela jornada, um evento maravilhoso. Buenos Aires, sim, sinto falta. Mas é uma saudade serena.

            O que o senhor pretende fazer em relação ao monsenhor Ricca e como pretende enfrentar toda esta questão do lobby gay?
            Sobre monsenhor Ricca, fiz o que o direito canônico manda fazer, a investigação prévia. E nessa investigação não tem nada do que o acusam. Não achamos nada. É a minha resposta.
            Quero acrescentar uma coisa a mais sobre isso. Tenho visto que muitas vezes na igreja se buscam os pecados da juventude, por exemplo. E se publica.
            Abuso de menores é diferente. Mas, se uma pessoa, seja laica ou padre ou freira, pecou e esconde, o Senhor perdoa. Quando o Senhor perdoa, o Senhor esquece.
            E isso é importante para a nossa vida. Quando vamos confessar e nós dizemos que pecamos, o senhor esquece e nós não temos o direito de não esquecer. Isso é um perigo.
            O que é importante é uma teologia do pecado. Tantas vezes penso em São Pedro, que cometeu tantos pecados e venerava Cristo. E esse pecador foi transformado em Papa.
            Vocês vêm muita coisa escrita sobre o lobby gay. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um cartão de identidade dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Acho que, quando alguém se vê com uma pessoa assim, devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e formar um lobby gay, porque nem todos os lobbys são bons. Isso é o que é ruim.
            Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-lo? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados na sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons, tantos lobbies. Esse é o pior problema.





            PAPA propõe pacto entre religiões e diz que não lhe agrada jovem que não protesta

            "Um jovem que não protesta não me agrada. Porque o jovem tem a ilusão da utopia. E a utopia não é sempre ruim. Utopia é sempre olhar adiante. O jovem tem mais energia para defender suas ideias. O jovem é essencialmente um inconformista. Isso é comum a todos os jovens. Eu diria que é preciso escutar os jovens, e cuidar para que eles não sejam manipulados."
            Sobre a relação da Igreja Católica com outras religiões, o pontífice voltou a dizer que é necessário "promover a cultura do encontro", que, para ele, é uma necessidade de todos. "É importante que todos trabalhemos pelos demais, sem egoísmo, segundo os valores da fé. Cada religião tem sua crença, sua fé", disse.
            Para Francisco, católicos, protestantes, ortodoxos, judeus, entre outras religiões, precisam se unir para ajudar a resolver os problemas do povo, como a fome e a educação precária. "Não quero saber se a educação será resolvida pelo católico, pelo protestante, pelo ortodoxo ou pelo judeu. Temos que trabalhar pelos outros. Não podemos guerrear entre nós e abandonar os outros."
            A entrevista foi concedida na tarde da última quinta-feira (25) na residência Assunção, no Sumaré, onde o pontífice ficou hospedado durante sua estada no Brasil.

            Redução de católicos

            Indagado sobre a redução de católicos e o crescimento de evangélicos no Brasil, Francisco afirmou que não tem conhecimento sobre a realidade do país para dar uma resposta precisa, mas levantou uma hipótese. "Para mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é a mãe. Nem eu, nem você, conhecem uma mãe por correspondência. Uma Igreja ocupada por mil coisas, que descuida da proximidade e só se preocupa com documentos, é como uma mãe que fala com seu filho por cartas. Não sei se isso aconteceu no Brasil, mas em alguns lugares da Argentina, sim."

            Protagonismo do dinheiro

            O pontífice disse novamente que a política mundial "está muito impregnada pelo protagonismo do dinheiro". "Quem manda hoje é o dinheiro, isso é uma política mundial", afirmou. Segundo Francisco, a primazia do dinheiro "descarta" o que chama de dois "extremos" da população: os jovens e os idosos.
            Para sustentar esse modelo, descartamos os extremos, que curiosamente são a promessa do futuro. Descartados os dois, o mundo acaba. Porque o jovem é o futuro e o idoso é quem vai transmitir a sabedoria necessária. Há uma filosofia para descartar os velhos, 'não servem, não produzem'. Agora estamos vendo que os jovens estão sendo descartados", disse o líder máximo da Igreja Católica, referindo-se aos altos índices de desemprego entre a juventude.Corrupção e pedofilia
            Sobre os casos de corrupção e pedofilia na Cúria Romana, o papa afirmou que "na Cúria há muitos santos, cardeais santos, bispos santos, gente de Deus, que ama a Igreja", mas "se faz mais barulho uma árvore que cai do que um bosque que cresce."
            O pontífice disse que em outubro irão começar as reuniões de uma comissão criada por ele para reformar a Igreja. Ele acredita que a partir da terceira reunião mudanças concretas irão começar a ocorrer.

            Contato com fiéis

            Francisco disse não temer o contato com as multidões, como ocorreu em vários momentos durante sua passagem pelo Brasil.
            "Eu não tenho medo. Sou inconsciente, não tenho medo, sei que ninguém morre na véspera. Quando for a minha vez, que Deus permita, assim será. Antes de viajar, fui ver o papamóvel e ele estava com vidros. Se você quer fazer amigos, se comunicar, vai visitá-los em uma caixa de vidro. Não dá pra visitar um povo com esse grande coração em uma caixa de vidro. Ou tudo ou nada, ou faz a viagem como tem que ser, com comunicação humana, ou não se faz."

            Simplicidade

            O pontífice falou também da necessidade de "dar testemunho de certa simplicidade, e inclusive, de pobreza". "Nosso povo exige pobreza dos padres", disse. "Não é um bom exemplo um padre ter um carro de último modelo, de marca."
            Quanto à escolha de morar junto com bispos e cardeais na casa Santa Marta, em Roma, Francisco diz que foi motivada para ele não se sentir sozinho. "Preciso do contato com as pessoas. Fiquei em Santa Marta por razões psiquiátricas, para não ter que ficar sofrendo."
            Francisco elogiou a recepção "muito calorosa" dos brasileiros e disse que a rivalidade com a Argentina já está superada por "termos negociado bem". "O papa é argentino, e Deus é brasileiro."

            domingo, 28 de julho de 2013

            Maanifestações quebram imagens "sacras" na praia de Copacabana

            A Marcha das Vadias seguiu do Posto 5, em Copacabana, para Ipanema. A aproximadamente 2,5 quilômetros da casa do governador Sérgio Cabral, um pequeno grupo tentou convencer manifestantes a caminharem até a residência do governador Sérgio Cabral, no Leblon, mas a passeata acabou voltando para Copacabana. Um grupo chegou a protestar em um local próximo a hospedagem da Comitiva do Vaticano, e seguiu em direção à Avenida Princesa Isabel. Os manifestantes chegaram até o cruzamento da Avenida Prado, e após um acordo com a Força Nacional, terminaram o protesto de maneira pacífica por volta das 23h. Segundo a Polícia Militar, o ato chegou a reunir mil pessoas.
            As integrantes do movimento fazem críticas ao Papa Francisco, à Igreja e ao governador do Rio, Sérgio Cabral. Elas gritam frases como "A verdade é dura, Papa Francisco apoiou a ditadura", "Não é mole não, a igreja apoiou a inquisição", e "Cabral, chuta que é macumba". Vestidas de biquini e sutiãs, a maioria das manifestantes utilizavam adornos em forma de diabinhos, enquanto outros usavam máscaras. Quando manifestantes tentaram se aproximar do palco da Jornada Mundial da Juventude, foram impedidos por agentes da Força Nacional, que montaram uma barreira humana nas areias da praia. Os fiéis, do outro lado, respondem, rezam, e alguns até tiram fotos.
            — A juventude tem direito de protestar, mas o que está rolando é um desrespeito com o movimento dos outros. Cada um tem seu espaço — reclamou a peregrina Mariana Dutra, de 18 anos, do Mato Grosso.
            Pela tarde, ao se deparar com o protesto, peregrinos confrontaram a passeata cantando "Esta é a juventude do Papa", frase que virou uma espécie de grito de guerra dos jovens. Um grupo de argentinos decidiu passar pelo meio da manifestação. Manifestantes responderam gritando palavras de ordem, como frases a favor da camisinha. Alguns católicos que passavam pelo local criticaram o movimento.
            — Acho um desrespeito. Eles poderiam fazer em outro lugar ou em outro momento. A JMJ é um momento nosso — disse Júlia de Moura, de 17 anos.
            A passeata deixou o Posto 5, onde estava concentrada, por volta de 15h, com 450 pessoas, que se misturavam aos peregrinos. Bandeiras do movimento LGBT e de partidos políticos podiam ser vistas com o grupo. Algumas manifestantes levavam cartazes com frases como "Meu corpo não pertence à Igreja" e "Sou cristão e apoio a Marcha das Vadias", enquanto outras exibem os seios nus.
            Apesar das imagens quebradas, o clima entre manifestantes e católicos, no entanto, é tranquilo. Muitos peregrinos não se dizem incomodados com a manifestação. Enquanto a passeata seguia, três senhoras rezavam com terços na mão. Eulália Cabral, de 56 anos, chegou a abraçar alguns manifestantes. Ela disse que não estava constrangida com o ato:
            — Vim para ver o Papa, acabei vendo a manifestação. Não tenho nenhum constrangimento. Vivemos em país democrático. Eles são livres para se manifestarem. A causa é válida, mas não acho que isso tem que ser feito dessa forma. Continuarei aqui rezando. A minha fé não se abala.
            Marco Rocha, que integra o grupo da "Marcha das Vadias", disse que foi "super bem tratado" pelos peregrinos, que até foto fizeram deles:
            — A marcha acontece todos os anos em Copacabana nesta mesma data. Este ano foi cancelada por conta da JMJ. Mas resolvemos vir mesmo assim.
            O grupo “Católicas pelo Direito de Decidir”, favorável à "Marcha das Vadias", distribuía uma carta aberta ao Papa Francisco chamada "Queremos uma nova Igreja".
            — A gente segue o legado de Jesus Cristo, ele pregava a vida. Somos a favor do direito reprodutivo e da vida das mulheres. A maioria das mulheres que sofrem aborto são católicas, temos que preservá-las — afirma Valéria Marques, uma das organizadoras do movimento.
            Manifestantes justificaram a passeata bem no momento da realização de um evento católico. Alexia Ferreira, de 27 anos, explica que a intenção do protesto é incentivar o debate:
            — Não se prode promover um evento com uma única ideia. O ato é uma tentatativa de diálogo.
            Joana Moraes, de 22 anos, também defendeu a "Marcha das Vadias":
            — Não queremos confronto, tanto é que a organização da passeata decidiu ir na direção contrária dos peregrinos.
            Princípio de confusão em protesto após a Via Sacra
            Nesta sexta-feira, um protesto após o término da Via Sacra, realizada na Avenida Atlântica, teve um princípio de confusão depois de um manifestante, exaltado, discutir com um policial que tentava revistá-lo. O protesto começou por volta das 17h, quando um grupo de 50 pessoas se reuniu em frente à estação Cardeal Arcoverde com faixas e cartazes contra o governador Sérgio Cabral.
            À noite, quando o número de manifestantes já tinha subido para cerca de 300 pessoas, o grupo seguiu pela Barata Ribeiro em direção à Avenida Atlântica. Lá, cerca de 70 homens da Força Nacional formaram um cordão de isolamento para impedir a passagem dos manifestantes na orla. Um grupo chegou a tentar invadir a área reservada para a imprensa, mas foi impedido pela polícia.
            Sob chuva, o grupo seguiu pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana em direção a Ipanema, mas depois deu meia volta. Eles atravessaram o Túnel Velho e entraram em Botafogo, seguindo em direção à Lapa. Fiéis que assistiram à encenação da Via Sacra na Praia de Copacabana tentam desviar do caminho do protesto, que terminou de forma pacífica.