domingo, 23 de fevereiro de 2014
amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o princípio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.Fernando Pessoa
Ateu, não: agnóstico
- Pois eu te dou quinhentas pratas se você me disser o que quer dizer essa palavra.
- Ora, para começar você não tem quinhentas pratas. Estou conversando a sério e você me vem com molecagem. Acho que Deus é uma coisa, os padres outra. O ranço das sacristias me enoja. Tenho horror ao bafo clerical dos confessionários! O bem que a confissão pode nos fazer é o de uma catarse, um extravasamento, que a psicanálise também faz, e com mais sucesso. Estou mesmo com vontade de me especializar em psiquiatria.
- Só mesmo um doido de procuraria
Maur não pôde deixar de rir. Eduardo acrescentou:
- Você vai ter de se curar para depois curar os outros.
- É isso mesmo - concordo o outro, sério - Estou exatamente preocupado com o meu próprio caso. Já iniciei o que eu chamo de "a minha libertação".
- E o que eu chamo de "a sua imbecilização".
- Vista pela sua, que já é completa. O que eu chamo de libertação é a possibilidade de me afirmar integralmente, como homem. O homem é que interessa. Se Deus existe, posso vir a me entender com ele, mas há de ser de homem para homem.Fernando Sabino
- Pois eu te dou quinhentas pratas se você me disser o que quer dizer essa palavra.
- Ora, para começar você não tem quinhentas pratas. Estou conversando a sério e você me vem com molecagem. Acho que Deus é uma coisa, os padres outra. O ranço das sacristias me enoja. Tenho horror ao bafo clerical dos confessionários! O bem que a confissão pode nos fazer é o de uma catarse, um extravasamento, que a psicanálise também faz, e com mais sucesso. Estou mesmo com vontade de me especializar em psiquiatria.
- Só mesmo um doido de procuraria
Maur não pôde deixar de rir. Eduardo acrescentou:
- Você vai ter de se curar para depois curar os outros.
- É isso mesmo - concordo o outro, sério - Estou exatamente preocupado com o meu próprio caso. Já iniciei o que eu chamo de "a minha libertação".
- E o que eu chamo de "a sua imbecilização".
- Vista pela sua, que já é completa. O que eu chamo de libertação é a possibilidade de me afirmar integralmente, como homem. O homem é que interessa. Se Deus existe, posso vir a me entender com ele, mas há de ser de homem para homem.Fernando Sabino
Mas o seu descompasso com o mundo chegava a ser cômico de tão grande: não conseguira acertar o passo com as coisas ao seu redor. Ja tentara se pôr a par do mundo e tornara-se apenas engraçado: uma das pernas sempre curta demais. (O paradoxo é que deveria aceitar de bom grado essa condição de manca, porque também isto fazia parte de sua condição.) (Só quando queria andar certo com o mundo é que se estraçalhava e se espantava.) E de repente sorriu para si própria com um sorriso amargo, mas que não era mau porque também ele era sua condição"
Clarice Lispector
Clarice Lispector
falta-me o ânimo de apresentar-me aos semelhantes como um profeta, e me curvo à sua recriminação de que não sou capaz de lhes oferecer consolo, pois no fundo é isso o que exigem todos, tanto os mais veementes revolucionários como os mais piedosos crentes, de forma igualmente apaixonada.
A meu ver, a questão decisiva para a espécie humana é saber se, e em que medida, a sua evolução cultural poderá controlar as perturbações trazidas à vida em comum pelos instintos humanos de agressão e autodestruição. Precisamente quanto a isso a época de hoje merecerá talvez um interesse especial. Atualmente os seres humanos atingiram um tal controle das forças da natureza, que não lhes é difícil recorrerem a elas para se exterminarem até o último homem. Eles sabem disso; daí, em boa parte, o seu atual desassossego, sua infelicidade, seu medo. Cabe agora esperar que a outra das duas "potências celestiais", o eterno Eros, empreenda um esforço para afirmar-se na luta contra o adversário igualmente imortal. Mas quem pode prever o sucesso e o desenlace?"
Uma osmose involuntária, como gotas de mercúrio se buscando com sofreguidão....
.
Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"
William ShakespeareE aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
umar é fogo e nadar é àgua
- MARIO SERGIO CONTI
O GLOBO - 13/02
O sublime é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte
Fumar distingue os humanos dos animais. Nadar é um modo humano de beirar o animal. Fumar e nadar visam vencer o tempo. Inspira-se veneno e se obtém inspiração para viver. Expira-se fumaça como treino para expirar, extinguir-se. Fuma-se para matar o tempo. Se nada para virar nada: deixar-se envolver pela água, percorrê-la até esquecer-se de si mesmo, não sentir o tempo passar. Nadar e fumar colidem mas têm algo em comum, o sublime.
Kant enfileira na “Analítica do sublime” uma série de imagens atemorizantes: rochas que se projetam contra o céu como uma ameaça,vulcões, nuvens de tempestade arremetendo com relâmpagos e trovões, cataratas de um rio caudaloso, furacões, “o imenso oceano em fúria”. Esses fenômenos naturais têm tal força que tornam risível o poder do indivíduo de resistir a eles. Aí Kant anota: “Mas se estivermos em segurança, o espetáculo torna-se muito atraente, na medida em que é apropriado para causar medo; e de bom grado qualificamos essas coisas de sublimes”. É de um porto seguro que o ser se mede com a onipotência da natureza aterrorizante.
O sublime, portanto, é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte. Kant — que não fumava — parece descrever o fascínio do cigarro. É encantador o suave narcótico que centra o ser no espaço, resguarda-o da rugosa interação humana, condensa uma névoa que oculta os relógios. Nesse meio tempo, o cigarro empesteia tudo em torno, entope o pulmão de peçonha, mutila a vontade, vicia o sujeito na mercadoria, liga a jugular do indivíduo à indústria. Por meio de moléstias, definhamento e falta de ar, abrevia a vida da pessoa que quer continuar a fumar, dar uma última tragada, mas não já, na semana que vem, talvez. O sublime fica na esquina do prazer com o perigo.
Como o prazer é agora e o perigo só virá depois, não há cidade, povo e cultura que, expostos ao petardo de tabaco e nicotina, o tenha dispensado. Sete bilhões de pessoas vivem hoje, um bilhão fuma. Não há pesquisa científica, foto de amputado no verso do maço e onda de proibição que possam vencer o cigarro. Elas repetem a invectiva do rei James I, da Inglaterra, que em 1604 escreveu: “fumar é desagradável à visão, repulsivo ao olfato, perigoso ao cérebro e nocivo ao pulmão por propagar emanações ao redor do fumante tão fétidas quanto as que provêm do inferno”.
Se for trocada a noção religiosa de inferno por uma referência a câncer, a frase poderia abrilhantar um relatório de saúde pública escrito hoje. O ímpeto repressivo é idêntico. Porque fumar é gostoso. E o prazer tem que ser impedido, é o que defendem todas as seitas. Mas não proibido de maneira absoluta: há que se pensar nas transnacionais do fumo e plantações de tabaco, na indústria da saúde e no comércio do vício. Tudo isso propicia emprego e lucro, faz o capital girar, move o mundo.
Cigarro não é droga. Ele não altera a percepção de maneira perceptível. Não materializa sherazades como o crack, o álcool e a heroína. É aceito socialmente, apesar das restrições. Dá ao abstêmio uma sensação de superioridade em relação ao fumante. Em resposta, o viciado adota modos cool, faz e caras e bocas para os caretas. Todos ficam bem. E ambos podem nadar.
O conceito de sublime de Kant foi influenciado por Edmund Burke. Num livro de título quilométrico — “Uma investigação filosófica acerca da origem das nossas ideias do sublime e do belo” — o pensador irlandês viu maravilhas na associação entre deleite e medo. Ele usa o mar como exemplo. Fala da sua agitação constante, do receio que ele inspira, das ondas que se repetem, da “vibração” provocada pelo obscuro oceano. Emprega a expressão “tranquilidade tingida de horror”.
O nadador busca essa tranquilidade tingida de horror. Ele mergulha no meio que lhe é hostil. É um peixe fora d’água com algum autocontrole. Uma tesoura a cortar a água. Ele cansa, tem dificuldade em se concentrar. Angustia-se com a monotonia. Não vê nada além de nesgas entrecortadas e um fundo embaçado. Cogita parar. É aos poucos que se adapta ao líquido. O nado agora é constante, ritmado. O tempo parou. Deixa de ser alguém para virar algo: “não o morto nem o eterno ou o divino, apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente e solitário vivo”. A piscina é um imenso maço de cigarros.
A sacerdotisa Hero ficava numa torre no litoral grego. Toda noite, ela acendia uma tocha para orientar Leandro, na Turquia, a atravessar o estreito do Helesponto. Eles então se amavam. Uma noite veio a tempestade e apagou o fogo. Leandro se afogou e Hero se suicidou. Byron, que fumava como um turco e nadava como um grego, cruzou o Helesponto a nado e fez um poema sobre o assunto
O sublime é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte
Fumar distingue os humanos dos animais. Nadar é um modo humano de beirar o animal. Fumar e nadar visam vencer o tempo. Inspira-se veneno e se obtém inspiração para viver. Expira-se fumaça como treino para expirar, extinguir-se. Fuma-se para matar o tempo. Se nada para virar nada: deixar-se envolver pela água, percorrê-la até esquecer-se de si mesmo, não sentir o tempo passar. Nadar e fumar colidem mas têm algo em comum, o sublime.
Kant enfileira na “Analítica do sublime” uma série de imagens atemorizantes: rochas que se projetam contra o céu como uma ameaça,vulcões, nuvens de tempestade arremetendo com relâmpagos e trovões, cataratas de um rio caudaloso, furacões, “o imenso oceano em fúria”. Esses fenômenos naturais têm tal força que tornam risível o poder do indivíduo de resistir a eles. Aí Kant anota: “Mas se estivermos em segurança, o espetáculo torna-se muito atraente, na medida em que é apropriado para causar medo; e de bom grado qualificamos essas coisas de sublimes”. É de um porto seguro que o ser se mede com a onipotência da natureza aterrorizante.
O sublime, portanto, é uma satisfação estética na qual a beleza está associada ao perigo e à intimidação, e serve como prenúncio da morte. Kant — que não fumava — parece descrever o fascínio do cigarro. É encantador o suave narcótico que centra o ser no espaço, resguarda-o da rugosa interação humana, condensa uma névoa que oculta os relógios. Nesse meio tempo, o cigarro empesteia tudo em torno, entope o pulmão de peçonha, mutila a vontade, vicia o sujeito na mercadoria, liga a jugular do indivíduo à indústria. Por meio de moléstias, definhamento e falta de ar, abrevia a vida da pessoa que quer continuar a fumar, dar uma última tragada, mas não já, na semana que vem, talvez. O sublime fica na esquina do prazer com o perigo.
Como o prazer é agora e o perigo só virá depois, não há cidade, povo e cultura que, expostos ao petardo de tabaco e nicotina, o tenha dispensado. Sete bilhões de pessoas vivem hoje, um bilhão fuma. Não há pesquisa científica, foto de amputado no verso do maço e onda de proibição que possam vencer o cigarro. Elas repetem a invectiva do rei James I, da Inglaterra, que em 1604 escreveu: “fumar é desagradável à visão, repulsivo ao olfato, perigoso ao cérebro e nocivo ao pulmão por propagar emanações ao redor do fumante tão fétidas quanto as que provêm do inferno”.
Se for trocada a noção religiosa de inferno por uma referência a câncer, a frase poderia abrilhantar um relatório de saúde pública escrito hoje. O ímpeto repressivo é idêntico. Porque fumar é gostoso. E o prazer tem que ser impedido, é o que defendem todas as seitas. Mas não proibido de maneira absoluta: há que se pensar nas transnacionais do fumo e plantações de tabaco, na indústria da saúde e no comércio do vício. Tudo isso propicia emprego e lucro, faz o capital girar, move o mundo.
Cigarro não é droga. Ele não altera a percepção de maneira perceptível. Não materializa sherazades como o crack, o álcool e a heroína. É aceito socialmente, apesar das restrições. Dá ao abstêmio uma sensação de superioridade em relação ao fumante. Em resposta, o viciado adota modos cool, faz e caras e bocas para os caretas. Todos ficam bem. E ambos podem nadar.
O conceito de sublime de Kant foi influenciado por Edmund Burke. Num livro de título quilométrico — “Uma investigação filosófica acerca da origem das nossas ideias do sublime e do belo” — o pensador irlandês viu maravilhas na associação entre deleite e medo. Ele usa o mar como exemplo. Fala da sua agitação constante, do receio que ele inspira, das ondas que se repetem, da “vibração” provocada pelo obscuro oceano. Emprega a expressão “tranquilidade tingida de horror”.
O nadador busca essa tranquilidade tingida de horror. Ele mergulha no meio que lhe é hostil. É um peixe fora d’água com algum autocontrole. Uma tesoura a cortar a água. Ele cansa, tem dificuldade em se concentrar. Angustia-se com a monotonia. Não vê nada além de nesgas entrecortadas e um fundo embaçado. Cogita parar. É aos poucos que se adapta ao líquido. O nado agora é constante, ritmado. O tempo parou. Deixa de ser alguém para virar algo: “não o morto nem o eterno ou o divino, apenas o vivo, o pequenino, calado, indiferente e solitário vivo”. A piscina é um imenso maço de cigarros.
A sacerdotisa Hero ficava numa torre no litoral grego. Toda noite, ela acendia uma tocha para orientar Leandro, na Turquia, a atravessar o estreito do Helesponto. Eles então se amavam. Uma noite veio a tempestade e apagou o fogo. Leandro se afogou e Hero se suicidou. Byron, que fumava como um turco e nadava como um grego, cruzou o Helesponto a nado e fez um poema sobre o assunto
quinta-feira, fevereiro 13, 2014
Amor de máquina - CONTARDO CALLIGARIS
Quem diz que as relações virtuais são menos complexas, autênticas e sinceras do que as reais?
Como seriam nossas relações com uma máquina que fosse capaz de crescer, evoluir, aprender igual a um ser humano? E essa máquina, que talvez se tornasse autônoma, como ela se relacionaria conosco?
Uso uma distinção famosa, entre apocalípticos e integrados, feita por Umberto Eco em 1965. Os apocalípticos achariam que, se as máquinas se tornassem autônomas, elas planejariam o fim da humanidade: numa revanche parricida contra seu criador, elas seriam exterminadoras do futuro.
Os integrados pensariam que máquinas autônomas serão nossos companheiros e companheiras ideais, numa nova era em que nunca nos faltarão amigos.
Não sou nem apocalíptico nem integrado. Mais próximo do "Blade Runner, O Caçador de Androides", de Ridley Scott, acho que os robôs quase humanos são igualmente inquietantes e adoráveis.
Enfim, estreia amanhã "Ela", de Spike Jonze. É a história de um escritor profissional de cartas de amor (Joaquin Phoenix), o qual se relaciona amorosamente com um sistema operacional, que lhe faz companhia, organiza sua vida, interessa-se realmente por ele e fala com a voz encantadora de Scarlett Johansson.
Assisti ao filme com uma amiga, e ambos o achamos maravilhoso e comovente. Para minha amiga (mais apocalíptica), a moral da história é que a tecnologia parece nos conectar, mas nos separa: o protagonista mal enxerga a amiga (real) que mora no apê ao lado (e que, aliás, também se apaixona por um sistema operacional).
Os argumentos de minha amiga se pareciam com os do último livro de Sherry Turkle, que foi apóstola das novas tecnologias e se tornou apocalíptica, "Alone Together" (juntos e sozinhos, Basic Books).
Há ideias de Turkle com as quais concordo. Primeiro, sua cruzada pedagógica para que a gente aprenda desde cedo a ficar sozinho: "Quem não aprende a ficar sozinho só saberá se sentir abandonado".
Ou, então, a ideia de que a tecnologia nos seduz porque responde a nossas fraquezas. Por exemplo, a gente não gosta de estar sozinho, mas tem medo da intimidade: a tecnologia nos dá a ilusão da companhia sem as exigências excessivas da amizade. Por isso, o sucesso dos amores virtuais, das paixões de chat, do sexo na webcam. Nessa direção, pensa Turkle, quem sabe um dia os robôs sejam os companheiros de nossos sonhos.
O problema com as considerações de Turkle é a suposição nostálgica de que, no passado, tudo estivesse melhor. Por exemplo, os amores virtuais seriam tristes substitutos dos amores reais.
Mas será mesmo que, até aqui, nós vivíamos extraordinários amores "reais"? Claro, a pele e o toque têm seu charme. Mas, fora isso, quem diz que as relações virtuais são menos complexas, menos autênticas e menos sinceras do que as reais? Explique isso ao protagonista de "Ela", que ganha a vida escrevendo cartas falsas para amores "reais". No gigantesco baile de máscaras das relações amorosas, é difícil fazer a diferença entre parceiros que se falam e parceiros que se teclam --e mesmo entre homens e máquinas.
A nostalgia apocalíptica leva Turkle (e muitos outros) a enxergar o mundo por um filtro de evidências enganosas. Olhe ao seu redor, no metrô: todo o mundo "textando" e ninguém se falando. Mas, meu amigo, no metrô ninguém nunca se falou, a não ser para pedir esmola ou para assaltar.
De onde vem a ideia de que seríamos hoje conectados e solitários, casados mais com nossos smartphones do que com a pessoa sentada na nossa frente? Pois é, ela vem da nostalgia dos apocalípticos.
A pesquisa diz diferente. O sociólogo Keith Hampton estuda há tempos a interação social nos espaços públicos (http://migre.me/hOAEd e, no "NYT", http://migre.me/hOAIi). Ele compara extensos registros filmados de lugares públicos dos EUA.
Qual é a grande mudança dos últimos 30 anos? É que há mais mulheres que se aventuram a circular sozinhas. E o smartphone? Pois é, nos espaços com wi-fi público, quase ninguém que esteja num grupo prefere se conectar a conversar --só aparecem manipulando seu "phone" os que estão sozinhos. E são poucos, 7%.
E eu, o que eu pensei saindo do cinema? Pensei que "Ela" é a história alegre e triste de um amor que dava certo ou não --como a maioria dos amores, que esbarram na nossa burrice neurótica. Nada prova que a amiga do apê ao lado seja uma companheira melhor do que o sistema operacional. As máquinas, em tese, deveriam ser menos neuróticas que a gente, embora, infelizmente, elas aprendam a ser humanas nos imitando
O incrível e o inacreditável - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O Estado de S.Paulo - 13/02
"Incrível" e "inacreditável" querem dizer a mesma coisa - e não querem. "Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é difícil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando - a linha média do Execrável Futebol Clube.
Incrível é qualquer demonstração de um talento superior, seja o daquela moça por quem ninguém dá nada e abre a boca e canta como um anjo, o do mirrado reserva que entra em campo e sai driblando tudo, inclusive a bandeirinha do corner, o do mágico que tira moedas do nariz e transforma lenços em pombas brancas, o do escritor que torneia frases como se as esculpisse.
Inacreditável seria o Jair Bolsonaro na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em substituição ao Feliciano, uma ilustração viva da frase "ir de mal a pior".
Incrível é a graça da neta que sai dançando ao som da Bachiana n.º 5 do Villa-Lobos como se não tivesse só cinco anos, é o ator que nos toca e a atriz que nos faz rir ou chorar só com um jeito da boca, é o quadro que encanta e o pôr do sol que enleva.
Inacreditável é, depois de dois mil anos de civilização cristã, existir gente que ama seus filhos e seus cachorros e se emociona com a novela e, mesmo assim, defende o vigilantismo brutal, como se fazer justiça fosse enfrentar a barbárie com a barbárie, e salvar uma sociedade fosse embrutecê-la até a autodestruição.
Incrível, realmente incrível, é o brasileiro que leva uma vida decente mesmo que tudo à sua volta o chame para o desespero e a desforra.
Inacreditável é que a reação mais forte à vinda de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no interior do Brasil, e a exploração da questão dos cubanos insatisfeitos para sabotar o programa, venha justamente de associações médicas.
Incrível é um solo do Yamandu.
Inacreditável é este verão
"Incrível" e "inacreditável" querem dizer a mesma coisa - e não querem. "Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é difícil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando - a linha média do Execrável Futebol Clube.
Incrível é qualquer demonstração de um talento superior, seja o daquela moça por quem ninguém dá nada e abre a boca e canta como um anjo, o do mirrado reserva que entra em campo e sai driblando tudo, inclusive a bandeirinha do corner, o do mágico que tira moedas do nariz e transforma lenços em pombas brancas, o do escritor que torneia frases como se as esculpisse.
Inacreditável seria o Jair Bolsonaro na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em substituição ao Feliciano, uma ilustração viva da frase "ir de mal a pior".
Incrível é a graça da neta que sai dançando ao som da Bachiana n.º 5 do Villa-Lobos como se não tivesse só cinco anos, é o ator que nos toca e a atriz que nos faz rir ou chorar só com um jeito da boca, é o quadro que encanta e o pôr do sol que enleva.
Inacreditável é, depois de dois mil anos de civilização cristã, existir gente que ama seus filhos e seus cachorros e se emociona com a novela e, mesmo assim, defende o vigilantismo brutal, como se fazer justiça fosse enfrentar a barbárie com a barbárie, e salvar uma sociedade fosse embrutecê-la até a autodestruição.
Incrível, realmente incrível, é o brasileiro que leva uma vida decente mesmo que tudo à sua volta o chame para o desespero e a desforra.
Inacreditável é que a reação mais forte à vinda de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento no interior do Brasil, e a exploração da questão dos cubanos insatisfeitos para sabotar o programa, venha justamente de associações médicas.
Incrível é um solo do Yamandu.
Inacreditável é este verão
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Quem tem medo do macaco?
Quem tem medo de Darwin? A religião, dirão os mais apressados. E com razão, se pensarmos na obsessão do debate Deus versus Dawkins.
A verdade é que na universidade esse problema é menor e esconde uma briga muito mais feroz. A briga com a teologia é menos significativa por duas razões básicas. A primeira razão é que o darwinismo é materialista como as ciências "duras" enquanto a teologia não é, e por isso ela toma de dez a zero.
A segunda razão é que a teologia é a louca da casa (vive de favor na universidade, não é ciência nem filosofia), relegada ao lugar de vender Jesus como um bom parceiro em lutas sociais ou um bom amigo quando você está deprimido, por culpa dos próprios teólogos que barateiam Deus. Com exceção da medicina, nenhuma "ciência" deveria se comprometer com a felicidade porque ela sempre fica boba quando faz isso. Explico-me: ou a teologia rompe com a "felicidade" ou ela será sempre ridícula.
A briga séria é entre o darwinismo e as teorias que negam qualquer influência biológica definitiva no comportamento humano. Existe um pânico contra a psicologia evolucionista e o macaco no homem e a macaca na mulher. E como a universidade funciona em lobbies, com perseguições e inquisições, facilmente você pode calar alguém se ele ou ela não concordar com você. A universidade é um dos lugares menos democráticos do planeta.
Essas teorias que temem o macaco afirmam que tudo no humano é socialmente construído. Obviamente essas teorias acham que salvarão o mundo, construindo seres humanos livres de seus instintos indesejáveis. Dizem elas: dê uma boneca cor de rosa pra meninos e eles crescerão pensando que são Cinderela. Se a boneca for um bebê, o menino terá desejos de amamentar bebês. Se ensinarmos as meninas a bater nos outros, elas serão como Clint Eastwood.
Desde a caverna a humanidade está dividida em machos e fêmeas, com variações aqui e ali, e que devem ser respeitadas na sua diversidade. De repente é a "ideologia" que ensina você a "escolher" o sexo. Mentira: ninguém "escolhe" o sexo. A palavra "ideologia" deveria ser acompanhada com frases do tipo "o Ministério da Saúde adverte...". A facilidade com a qual deixamos de falar em "sexo" e passamos a falar em "gênero" (sexualidade construída socialmente) revela a superficialidade da idéia.
Qual o problema desse delírio? Por exemplo, ele invade as escolas, e os professores um dia dirão para as crianças que não existem machos e fêmeas na espécie humana e que hábitos morais são "pura invenção".
Professores de escolas costumam se viciar em pensamentos da moda. Essas modas pioram as já difíceis relações entre homens e mulheres depois da emancipação feminina. Por exemplo, essas modas dizem aos homens: sejam sensíveis e chorem. O problema é que a sofrida macaca na mulher, assustada ancestralmente com o parto dolorido e arriscado, tende a ser seletiva na vida sexual. De nada serve a ela, nunca serviu, machos que choram. Aí o marido chorão "dança", apesar do "coro do gênero" dizer o contrário. Dizem "tudo bem se o homem for sustentado pela mulher".
Imaginemos nossas mulheres ancestrais com barrigas grandes tendo que caçar para homens-macacos preguiçosos. Elas até podem, mas não gostam. Será que por isso a imagem de força, segurança e experiência entusiasmam nossas mulheres normais? Fêmeas promíscuas ficavam mais grávidas e há 100 mil anos isso aumentava o risco de morrer de parto e de carregar crias pesadas.
Sexo é fisiologicamente caro para as mulheres e barato para os homens, e isso não é ideológico. Nossas fêmeas inteligentes perceberam isso e "transmitiram essa natureza perspicaz para sua prole feminina". Na savana africana, deveria existir uma luta pelo direito ao pudor.
O fato é que ninguém sabe onde começa e termina a relação entre natureza e cultura. Qualquer afirmação nessa área é pura especulação. Um pouco de senso comum ajudaria os profetas da "natureza zero" serem menos
delirantes: seria normal imaginar que somos uma mistura de natureza e cultura, coisa ququalquer pessoa comum .
Felipe Pondé
Quem tem medo de Darwin? A religião, dirão os mais apressados. E com razão, se pensarmos na obsessão do debate Deus versus Dawkins.
A verdade é que na universidade esse problema é menor e esconde uma briga muito mais feroz. A briga com a teologia é menos significativa por duas razões básicas. A primeira razão é que o darwinismo é materialista como as ciências "duras" enquanto a teologia não é, e por isso ela toma de dez a zero.
A segunda razão é que a teologia é a louca da casa (vive de favor na universidade, não é ciência nem filosofia), relegada ao lugar de vender Jesus como um bom parceiro em lutas sociais ou um bom amigo quando você está deprimido, por culpa dos próprios teólogos que barateiam Deus. Com exceção da medicina, nenhuma "ciência" deveria se comprometer com a felicidade porque ela sempre fica boba quando faz isso. Explico-me: ou a teologia rompe com a "felicidade" ou ela será sempre ridícula.
A briga séria é entre o darwinismo e as teorias que negam qualquer influência biológica definitiva no comportamento humano. Existe um pânico contra a psicologia evolucionista e o macaco no homem e a macaca na mulher. E como a universidade funciona em lobbies, com perseguições e inquisições, facilmente você pode calar alguém se ele ou ela não concordar com você. A universidade é um dos lugares menos democráticos do planeta.
Essas teorias que temem o macaco afirmam que tudo no humano é socialmente construído. Obviamente essas teorias acham que salvarão o mundo, construindo seres humanos livres de seus instintos indesejáveis. Dizem elas: dê uma boneca cor de rosa pra meninos e eles crescerão pensando que são Cinderela. Se a boneca for um bebê, o menino terá desejos de amamentar bebês. Se ensinarmos as meninas a bater nos outros, elas serão como Clint Eastwood.
Desde a caverna a humanidade está dividida em machos e fêmeas, com variações aqui e ali, e que devem ser respeitadas na sua diversidade. De repente é a "ideologia" que ensina você a "escolher" o sexo. Mentira: ninguém "escolhe" o sexo. A palavra "ideologia" deveria ser acompanhada com frases do tipo "o Ministério da Saúde adverte...". A facilidade com a qual deixamos de falar em "sexo" e passamos a falar em "gênero" (sexualidade construída socialmente) revela a superficialidade da idéia.
Qual o problema desse delírio? Por exemplo, ele invade as escolas, e os professores um dia dirão para as crianças que não existem machos e fêmeas na espécie humana e que hábitos morais são "pura invenção".
Professores de escolas costumam se viciar em pensamentos da moda. Essas modas pioram as já difíceis relações entre homens e mulheres depois da emancipação feminina. Por exemplo, essas modas dizem aos homens: sejam sensíveis e chorem. O problema é que a sofrida macaca na mulher, assustada ancestralmente com o parto dolorido e arriscado, tende a ser seletiva na vida sexual. De nada serve a ela, nunca serviu, machos que choram. Aí o marido chorão "dança", apesar do "coro do gênero" dizer o contrário. Dizem "tudo bem se o homem for sustentado pela mulher".
Imaginemos nossas mulheres ancestrais com barrigas grandes tendo que caçar para homens-macacos preguiçosos. Elas até podem, mas não gostam. Será que por isso a imagem de força, segurança e experiência entusiasmam nossas mulheres normais? Fêmeas promíscuas ficavam mais grávidas e há 100 mil anos isso aumentava o risco de morrer de parto e de carregar crias pesadas.
Sexo é fisiologicamente caro para as mulheres e barato para os homens, e isso não é ideológico. Nossas fêmeas inteligentes perceberam isso e "transmitiram essa natureza perspicaz para sua prole feminina". Na savana africana, deveria existir uma luta pelo direito ao pudor.
O fato é que ninguém sabe onde começa e termina a relação entre natureza e cultura. Qualquer afirmação nessa área é pura especulação. Um pouco de senso comum ajudaria os profetas da "natureza zero" serem menos
delirantes: seria normal imaginar que somos uma mistura de natureza e cultura, coisa ququalquer pessoa comum .
Felipe Pondé
sábado, 8 de fevereiro de 2014
Boa entrada - MARTHA MEDEIROS
Vou citar dois filmes antigos. Um é o inglês Mero Acaso, de 1999. Primeira cena: um rapaz bate na porta do vizinho, que é psiquiatra, e diz que precisa desabafar. São 6 horas da manhã, o vizinho ainda está de pijama, mas diante do inusitado da situação, convida-o para entrar e o acomoda numa poltrona.
O outro filme é o francês Confidências Muito Íntimas, de 2003. Um mulher está se separando e procura um psiquiatra pela primeira vez. Entra sala adentro e já começa a contar seu drama, sem dar tempo para o homem respirar. Ele fica absolutamente envolvido pela história dela.
Mesmo que você não tenha visto estes filmes, pode imaginar o que eles têm em comum. No filme inglês, o homem se enganou de porta e bateu na casa de um engenheiro, que ouve tudo quieto e só então avisa que o psiquiatra mora no apartamento ao lado.
Mesmíssima coisa no filme francês. A mulher se enganou de porta e invadiu o consultório de um contabilista. Mesmo depois do engano desfeito, os dois seguem se vendo para amenizar a solidão um do outro.
Ambos os filmes demonstram que terapia é, basicamente, uma via de desabafo, de investigação emocional, de elucidação de si mesmo, e tudo isso se dá quando estamos dispostos a falar.
Então qualquer amigo poderia substituir um profissional? Não. Conversar com amigos é ótimo, porém eles estão comprometidos afetivamente conosco. Conhecem a nossa história e já não prestam atenção nos detalhes. E tomam um tempo para falar deles mesmos, o que é natural. Além disso, estes papos são frequentemente interrompidos pela chegada do garçom, por um telefone que toca, por outras distrações. E, pra culminar, você não está pagando. Faz diferença. Você não é o centro das atenções. É um encontro, literalmente, gratuito. E, em terapia, o foco tem que estar todo em você. Vigilância total para você não fugir de si mesmo.
Longe de mim estimular alguém a bater na casa do vizinho para contar seus sonhos e fantasias secretas. Ele mandará você plantar batatas, com razão. O que interessa disso tudo é o crucial: o quanto é importante falar. E ser profundamente escutado. E, mais profundamente ainda, escutar a si mesmo. Não é fácil ouvir nossa própria voz verbalizando aquilo que sentimos de forma tão confusa e irregular. É quando passamos a reconhecer abertamente nossas inquietudes, medos, vergonhas. E a nos comprometer com o que está sendo dito. A verdade ganha legitimação. Deixa de habitar apenas o silêncio, onde tudo fica protegido demais.
Alguns não acreditam em terapia e dizem que não é qualquer um que merece ouvir nossas intimidades. Mas tem que ser qualquer um, no sentido de qualquer desconhecido, qualquer pessoa que não tenha nada contra e nada a favor de você, que não lhe conheça, para poder lhe ouvir sem uma opinião prévia sobre sua história. De preferência qualquer um com um diploma na parede e competência para ajudá-lo a se conhecer pra valer.
Que lhe faça descobrir os efeitos terapêuticos de ouvir a própria voz assumindo questões que até então não eram enfrentadas. Dá para fazer isso sozinho também, mas com um interlocutor é mais fácil. Ou menos difícil. Tente. Nada como bater na própria porta e entrar.
Gikovate
Concessões, uma forma de evitar atritos
Fazemos muitas coisas contra nossa vontade porque não temos coragem de arcar com as conseqüências de um enfrentamento. Tememos as rejeições, as críticas diretas, o julgamento moral. Temos medo do abandono e da condenação à solidão.
Flavio Gikovate
O que leva muitos homens (e mulheres) a aceitar as explicações do cônjuge que chega tarde do trabalho? Não seria mais natural esperar que o companheiro entendesse o nosso cansaço e nos recebesse com carinho redobrado?
Por que nos sentimos na obrigação de participar daquele almoço de domingo com a família se preferíamos ir ao cinema, acordar às 2 da tarde ou encontrar nossos amigos?
Que direito tem o namorado de censurar o comprimento do vestido da namorada? E por que ela concorda em mudar de roupa, interpretando a implicância dele como uma prova de amor?
A reposta a todas essas perguntas é uma só: para evitar atritos com aqueles que amamos.
Fazemos muitas coisas contra nossa vontade porque não temos coragem de arcar com as conseqüências de um enfrentamento. Tememos as rejeições, as críticas diretas, o julgamento moral.
Temos medo do abandono e da condenação à solidão.
Preferimos, então, catalogar essas pequenas concessões como perdas menores e seguimos a vida sem pensar muito nelas.
No entanto, ao longo dos anos, a soma de restrições à nossa modesta liberdade cotidiana se transforma num conjunto compacto de mágoa e frustração, que acaba deteriorando os relacionamentos.
Crescemos com a idéia de que ficar só é doloroso, além de socialmente reprovável (tente jantar desacompanhada num restaurante badalado!). Esse equívoco tem levado muita gente a se prender a um casamento falido ou a um namoro doentio.
Quando a relação acaba e somos impelidos a viver sozinhos, temos a oportunidade de experimentar pequenos prazeres solitários: tomar conta do controle remoto da televisão, dormir com três cobertores, ir ao cinema duas vezes num único domingo, usar aquele vestido bem decotado.
Muitas vezes só essa vivência nos dá a chance de avaliar o quanto eram duras as restrições que aceitávamos passivamente. A descoberta nos deixa menos tolerantes às exigências possessivas, ciumentas e por vezes invejosas impostas pelos elos afetivos usuais.
Junto com a mudança vem a pergunta: "Será que estou ficando egoísta?" Não. Temos o direito de criar uma rotina própria e diferente da praticada por vários grupos familiares e sociais.
Quando somos capazes de compreender o lado rico de estar só, quando perdemos o medo de nos defrontar com nossa solidão, rebelamo-nos contra muitas das pequenas e múltiplas regras de convívio.
Então nos tornamos mais livres, inclusive para recompor as bases dos relacionamentos que nos aprisionam.
As normas terão de se ajustar aos novos tempos, passando a respeitar mais a individualidade recém-adquirida e a liberdade que vem junto com ela.
Impossível abrir mão de uma conquista tão prazerosa
O que leva muitos homens (e mulheres) a aceitar as explicações do cônjuge que chega tarde do trabalho? Não seria mais natural esperar que o companheiro entendesse o nosso cansaço e nos recebesse com carinho redobrado?
Por que nos sentimos na obrigação de participar daquele almoço de domingo com a família se preferíamos ir ao cinema, acordar às 2 da tarde ou encontrar nossos amigos?
Que direito tem o namorado de censurar o comprimento do vestido da namorada? E por que ela concorda em mudar de roupa, interpretando a implicância dele como uma prova de amor?
A reposta a todas essas perguntas é uma só: para evitar atritos com aqueles que amamos.
Fazemos muitas coisas contra nossa vontade porque não temos coragem de arcar com as conseqüências de um enfrentamento. Tememos as rejeições, as críticas diretas, o julgamento moral.
Temos medo do abandono e da condenação à solidão.
Preferimos, então, catalogar essas pequenas concessões como perdas menores e seguimos a vida sem pensar muito nelas.
No entanto, ao longo dos anos, a soma de restrições à nossa modesta liberdade cotidiana se transforma num conjunto compacto de mágoa e frustração, que acaba deteriorando os relacionamentos.
Crescemos com a idéia de que ficar só é doloroso, além de socialmente reprovável (tente jantar desacompanhada num restaurante badalado!). Esse equívoco tem levado muita gente a se prender a um casamento falido ou a um namoro doentio.
Quando a relação acaba e somos impelidos a viver sozinhos, temos a oportunidade de experimentar pequenos prazeres solitários: tomar conta do controle remoto da televisão, dormir com três cobertores, ir ao cinema duas vezes num único domingo, usar aquele vestido bem decotado.
Muitas vezes só essa vivência nos dá a chance de avaliar o quanto eram duras as restrições que aceitávamos passivamente. A descoberta nos deixa menos tolerantes às exigências possessivas, ciumentas e por vezes invejosas impostas pelos elos afetivos usuais.
Junto com a mudança vem a pergunta: "Será que estou ficando egoísta?" Não. Temos o direito de criar uma rotina própria e diferente da praticada por vários grupos familiares e sociais.
Quando somos capazes de compreender o lado rico de estar só, quando perdemos o medo de nos defrontar com nossa solidão, rebelamo-nos contra muitas das pequenas e múltiplas regras de convívio.
Então nos tornamos mais livres, inclusive para recompor as bases dos relacionamentos que nos aprisionam.
As normas terão de se ajustar aos novos tempos, passando a respeitar mais a individualidade recém-adquirida e a liberdade que vem junto com ela.
Impossível abrir mão de uma conquista tão prazerosa
Boa nova para os pobres - DOM ODILO P. SCHERER
O Estado de S.Paulo - 08/02
Muito papel e muita tinta já foram gastos para discutir se a Igreja Católica deve ocupar-se apenas do "espiritual" ou se também lhe cabe interessar-se pelas questões mais concretas, referentes à vida do homem neste mundo. Não é meu propósito, nestas linhas, discorrer sobre essa controvérsia, que, a meu ver, está mal colocada: a Igreja de Cristo, neste mundo, é formada de pessoas e instituições concretas, histórica e socialmente situadas, com as quais ela exerce sua missão.
O papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho, 2013), aponta algumas questões às quais a Igreja precisa dar especial atenção se quiser cumprir bem a sua missão. Entre outras, destaca que a evangelização tem uma clara dimensão social e não pode contentar-se somente com a realização de ritos religiosos, sem repercussão na vida social.
Da adesão à fé cristã, quando verdadeira, decorre um compromisso social amplo e a adoração de Deus implica necessariamente o reconhecimento da dignidade de todo ser humano, amado e querido por Deus, bem como o esforço em prol da fraternidade e da justiça. Reconhecer Deus como criador e origem última das criaturas leva ao respeito por todas elas.
Até pode parecer novidade que o papa Francisco diga, de maneira tão explícita, que a evangelização possui uma dimensão social e o anúncio do Evangelho de Cristo tem inevitáveis implicações comunitárias. Francisco, no entanto, retoma conceitos já consolidados no ensino social da Igreja, com a clareza e a simplicidade que lhe são próprias, citando documentos de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, dando-lhes novos destaques.
De fato, nada é mais antigo e originário no cristianismo do que os dois amores inseparáveis: a Deus e ao próximo. Desde os primórdios os cristãos aprenderam que "a fé sem as obras é morta em si mesma"; e que as obras da fé incluem sempre a prática do amor fraterno, a atenção aos pobres, aos doentes e aos desvalidos, sem exclusão de ninguém. Paulo, ao se confrontar com os outros apóstolos, para verificar se a sua pregação estava em sintonia com a deles, recebeu apenas esta recomendação: que não descuidasse dos pobres.
Não se trata apenas de levar assistência e socorro, sem dúvida indispensáveis para aliviar necessidades pontuais e imediatas dos pobres, mas de "ouvir o clamor dos pobres e socorrê-los", de para promover a sua inclusão social. Nem é missão reservada somente a algumas pessoas: é de todos os membros da Igreja, atuantes nas mais diversas áreas de suas competências profissionais e responsabilidades sociais. O papa convida a ir além de alguns atos esporádicos de generosidade e a formar uma nova mentalidade, uma cultura, superando o excessivo individualismo para pensar e agir solidariamente, tendo sempre presente o horizonte da comunidade e da grande família humana (cf. n. 188s).
"Precisamos crescer em solidariedade", ensina o papa Francisco, também no que diz respeito às relações entre os povos, nas quais a exacerbada defesa dos direitos individuais, ou das vantagens dos povos mais ricos, passa por cima do direito mais elementar à vida digna de populações e nações inteiras que continuam a viver na miséria e sem chances de sair dela. De maneira clara e corajosa, Francisco retoma o conceito da "destinação universal dos bens deste mundo" para todos os seus habitantes: "Respeitando a independência e a cultura de cada nação, é preciso recordar-se sempre de que o planeta é de toda e para toda a humanidade".
Usando palavras de seu predecessor Paulo VI (Octogesima adveniens, 23,1971), Francisco apela para os povos mais ricos, tocando numa questão melindrosa: "É preciso repetir que os mais favorecidos devem renunciar a alguns dos seus direitos, para colocar, com mais liberalidade, os seus bens ao serviço dos outros" (n. 190).
A opção preferencial da Igreja pelos pobres não tem motivação ideológica, nem implica a exclusão dos que não são pobres: ela tem sua origem e inspiração no exemplo e nas palavras do próprio Jesus e deverá ser traduzida em ações concretas de solidariedade para com os doentes, os pobres e todos os deserdados dos bens deste mundo; mas também na promoção da justiça social e no cuidado de todo ser humano despojado de sua dignidade. Acaso a Igreja poderia deixar de fazer isso e de convidar todos a fazerem o mesmo, como caminho para o bem comum e a paz?
A evangelização seria incompleta se não tomasse em consideração a constante interpelação recíproca constante entre o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social (n. 181). Francisco adverte aqueles que, dentro ou fora da Igreja, pensam que deva a religião ficar reservada apenas aos espaços da vida privada: "Ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocuparmos com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciarmos sobre acontecimentos que interessam aos cidadãos" (n. 183).
Bem, e por que motivo os católicos não fazem isso? Não é que falte quem já o faça, mas, é verdade, temos muito pela frente! Entre o "dever fazer" e o "fazer" vai uma grande distância. Nada é automático na condição humana, nem também na vida dos crentes em Deus. O cristianismo apela, por princípio, à consciência e à liberdade humanas; graça divina e autonomia do homem são dois polos que precisam encontrar-se.
A palavra do papa Francisco, dirigida aos membros da Igreja, longe de ser triunfalista, é um chamado à realidade e à atitude consciente; a "alegria do Evangelho" é um bem para a comunidade humana inteira, não podendo ficar retida no coração dos fiéis: ela é "boa nova" para todos. Para os pobres, em primeiro lugar
Muito papel e muita tinta já foram gastos para discutir se a Igreja Católica deve ocupar-se apenas do "espiritual" ou se também lhe cabe interessar-se pelas questões mais concretas, referentes à vida do homem neste mundo. Não é meu propósito, nestas linhas, discorrer sobre essa controvérsia, que, a meu ver, está mal colocada: a Igreja de Cristo, neste mundo, é formada de pessoas e instituições concretas, histórica e socialmente situadas, com as quais ela exerce sua missão.
O papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho, 2013), aponta algumas questões às quais a Igreja precisa dar especial atenção se quiser cumprir bem a sua missão. Entre outras, destaca que a evangelização tem uma clara dimensão social e não pode contentar-se somente com a realização de ritos religiosos, sem repercussão na vida social.
Da adesão à fé cristã, quando verdadeira, decorre um compromisso social amplo e a adoração de Deus implica necessariamente o reconhecimento da dignidade de todo ser humano, amado e querido por Deus, bem como o esforço em prol da fraternidade e da justiça. Reconhecer Deus como criador e origem última das criaturas leva ao respeito por todas elas.
Até pode parecer novidade que o papa Francisco diga, de maneira tão explícita, que a evangelização possui uma dimensão social e o anúncio do Evangelho de Cristo tem inevitáveis implicações comunitárias. Francisco, no entanto, retoma conceitos já consolidados no ensino social da Igreja, com a clareza e a simplicidade que lhe são próprias, citando documentos de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, dando-lhes novos destaques.
De fato, nada é mais antigo e originário no cristianismo do que os dois amores inseparáveis: a Deus e ao próximo. Desde os primórdios os cristãos aprenderam que "a fé sem as obras é morta em si mesma"; e que as obras da fé incluem sempre a prática do amor fraterno, a atenção aos pobres, aos doentes e aos desvalidos, sem exclusão de ninguém. Paulo, ao se confrontar com os outros apóstolos, para verificar se a sua pregação estava em sintonia com a deles, recebeu apenas esta recomendação: que não descuidasse dos pobres.
Não se trata apenas de levar assistência e socorro, sem dúvida indispensáveis para aliviar necessidades pontuais e imediatas dos pobres, mas de "ouvir o clamor dos pobres e socorrê-los", de para promover a sua inclusão social. Nem é missão reservada somente a algumas pessoas: é de todos os membros da Igreja, atuantes nas mais diversas áreas de suas competências profissionais e responsabilidades sociais. O papa convida a ir além de alguns atos esporádicos de generosidade e a formar uma nova mentalidade, uma cultura, superando o excessivo individualismo para pensar e agir solidariamente, tendo sempre presente o horizonte da comunidade e da grande família humana (cf. n. 188s).
"Precisamos crescer em solidariedade", ensina o papa Francisco, também no que diz respeito às relações entre os povos, nas quais a exacerbada defesa dos direitos individuais, ou das vantagens dos povos mais ricos, passa por cima do direito mais elementar à vida digna de populações e nações inteiras que continuam a viver na miséria e sem chances de sair dela. De maneira clara e corajosa, Francisco retoma o conceito da "destinação universal dos bens deste mundo" para todos os seus habitantes: "Respeitando a independência e a cultura de cada nação, é preciso recordar-se sempre de que o planeta é de toda e para toda a humanidade".
Usando palavras de seu predecessor Paulo VI (Octogesima adveniens, 23,1971), Francisco apela para os povos mais ricos, tocando numa questão melindrosa: "É preciso repetir que os mais favorecidos devem renunciar a alguns dos seus direitos, para colocar, com mais liberalidade, os seus bens ao serviço dos outros" (n. 190).
A opção preferencial da Igreja pelos pobres não tem motivação ideológica, nem implica a exclusão dos que não são pobres: ela tem sua origem e inspiração no exemplo e nas palavras do próprio Jesus e deverá ser traduzida em ações concretas de solidariedade para com os doentes, os pobres e todos os deserdados dos bens deste mundo; mas também na promoção da justiça social e no cuidado de todo ser humano despojado de sua dignidade. Acaso a Igreja poderia deixar de fazer isso e de convidar todos a fazerem o mesmo, como caminho para o bem comum e a paz?
A evangelização seria incompleta se não tomasse em consideração a constante interpelação recíproca constante entre o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social (n. 181). Francisco adverte aqueles que, dentro ou fora da Igreja, pensam que deva a religião ficar reservada apenas aos espaços da vida privada: "Ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocuparmos com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciarmos sobre acontecimentos que interessam aos cidadãos" (n. 183).
Bem, e por que motivo os católicos não fazem isso? Não é que falte quem já o faça, mas, é verdade, temos muito pela frente! Entre o "dever fazer" e o "fazer" vai uma grande distância. Nada é automático na condição humana, nem também na vida dos crentes em Deus. O cristianismo apela, por princípio, à consciência e à liberdade humanas; graça divina e autonomia do homem são dois polos que precisam encontrar-se.
A palavra do papa Francisco, dirigida aos membros da Igreja, longe de ser triunfalista, é um chamado à realidade e à atitude consciente; a "alegria do Evangelho" é um bem para a comunidade humana inteira, não podendo ficar retida no coração dos fiéis: ela é "boa nova" para todos. Para os pobres, em primeiro lugar
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Carta ao menino Jesus
Querido Jesus, hoje meus pais me contaram que papai Noel não existe. Me explicaram que todos os presentes que eu e todas as outras pessoas do mundo recebemos são dados pelos nossos pais, mães, tios, tias, avós, amigos, amigas e até “desconhecidos” e que todos eles são dados por amor!
Eles também me contaram que foi Você que ensinou o mundo a amar de verdade e, que por isso, todo presente é, na verdade, um presente Seu para cada um de nós!
Porque tudo o que é bom provém do amor.
Me disseram que Natal é o dia do Seu aniversário e que Você é o único aniversariante que ao invés de receber presentes, deu sua vida de presente para todos nós e que este milagre continua acontecendo todos os dias e para todo o sempre.
Papai e mamãe me disseram que é no Natal que nasce o Menino Jesus e que mesmo Você sendo grande, jamais deixa de ser menino.
Como eu também sou criança, resolvi escrever-lhe esta carta. Já não escrevo mais para o Papai Noel ou a ninguém mais, somente a Você. E, como Você nunca deixa de ser menino poderá me entender, já que os adultos não me entendem.
Neste Natal não quero pedir brinquedos ou doces. Quero pedir que nos ajude a que as pessoas deixem de “brincar” com a vida uma das outras, tornando o mundo tão amargo.
Há muitas crianças tão pequenas como eu que não recebem o carinho que eu recebo, não tem tios ou amigos que as acariciem e lhes falem de amor, estão esquecidas pelos adultos deste mundo…
Por que os adultos só amam, quando muito, quem possui seu sangue e com quem convivem próximos? Se somos todos irmãos, então o mundo inteiro é uma família e até o Senhor é nosso parente…
E, se o Senhor deu a vida por nós, porque todos nós não damos, ao menos, um pedaço da nossa vida uns pelos outros? Um pouco de tempo, uma visita, um sorriso, um pedaço do nosso “bolo de Natal”, um pouco de amor, uma palavra que seja?
Quando somos crianças brincamos e nos divertimos com todo mundo que se acerca, todos são amigos e tudo é uma festa. Mas os adultos se tratam como estranhos, parece que estão sempre prontos para iniciar uma competição ou uma guerra…
Por que crescemos?
Se tudo melhora com o tempo, porque os adultos são mais frios e insensíveis que as crianças?
Se um bebê desperta os melhores sentimentos em todos os que o veem, porque, depois, os adultos despertam raiva, inveja e rancor?
Jesus, estou convencido de que somente as crianças podem salvar o mundo da destruição causada pela ganância e violência…
Assim, Jesus, quero pedir-lhe o meu presente para este e todos os Natais:
Converte-nos em anjos!
Converta em anjos cada um de nós “crianças” em todos os lares de todo o mundo, para que possamos com um sorriso, um abraço, um carinho curar as almas dos adultos que perderam a capacidade de viver e sentir como crianças.
Converte também nossos aliados, os idosos, que pelo milagre da vida que, gradualmente, eliminam as ilusões, voltam a viver e sentir como crianças e, por isso, enfrentam dificuldades e esquecimentos ainda maiores que os nossos.
Juntos, nós, as crianças da tenra idade e as crianças da maturidade podemos servi-lo Senhor, para ajudar o mundo a lembrar de tudo que o Senhor nos ensinou…
Que o nosso olhar se converta em um espelho a refletir a sua Luz que penetrará no fundo da alma de cada um que nos encontrar.
Tudo que peço Senhor é que possamos amar como o Senhor amou, viver como o Senhor viveu e, então, todos os dias serão Natal, pois em todos os dias o Senhor estará nascendo e renascendo em nós.
Feliz aniversário Jesus!
Ah! Não precisa nos mandar asas, há muito para fazer na Terra antes que precisemos voar!
Assinado, com muito amor: um de seus “meninos”.
Neste Natal e em todo 2014, sejamos anjos na vida de alguém!
A todos um abençoado Natal sob a Luz da Verdade e do Amor e um Ano de 2014 onde a “comunidade dos anjos” possa contar com a nossa presença.
Carlos Hilsdorf
Eles também me contaram que foi Você que ensinou o mundo a amar de verdade e, que por isso, todo presente é, na verdade, um presente Seu para cada um de nós!
Porque tudo o que é bom provém do amor.
Me disseram que Natal é o dia do Seu aniversário e que Você é o único aniversariante que ao invés de receber presentes, deu sua vida de presente para todos nós e que este milagre continua acontecendo todos os dias e para todo o sempre.
Papai e mamãe me disseram que é no Natal que nasce o Menino Jesus e que mesmo Você sendo grande, jamais deixa de ser menino.
Como eu também sou criança, resolvi escrever-lhe esta carta. Já não escrevo mais para o Papai Noel ou a ninguém mais, somente a Você. E, como Você nunca deixa de ser menino poderá me entender, já que os adultos não me entendem.
Neste Natal não quero pedir brinquedos ou doces. Quero pedir que nos ajude a que as pessoas deixem de “brincar” com a vida uma das outras, tornando o mundo tão amargo.
Há muitas crianças tão pequenas como eu que não recebem o carinho que eu recebo, não tem tios ou amigos que as acariciem e lhes falem de amor, estão esquecidas pelos adultos deste mundo…
Por que os adultos só amam, quando muito, quem possui seu sangue e com quem convivem próximos? Se somos todos irmãos, então o mundo inteiro é uma família e até o Senhor é nosso parente…
E, se o Senhor deu a vida por nós, porque todos nós não damos, ao menos, um pedaço da nossa vida uns pelos outros? Um pouco de tempo, uma visita, um sorriso, um pedaço do nosso “bolo de Natal”, um pouco de amor, uma palavra que seja?
Quando somos crianças brincamos e nos divertimos com todo mundo que se acerca, todos são amigos e tudo é uma festa. Mas os adultos se tratam como estranhos, parece que estão sempre prontos para iniciar uma competição ou uma guerra…
Por que crescemos?
Se tudo melhora com o tempo, porque os adultos são mais frios e insensíveis que as crianças?
Se um bebê desperta os melhores sentimentos em todos os que o veem, porque, depois, os adultos despertam raiva, inveja e rancor?
Jesus, estou convencido de que somente as crianças podem salvar o mundo da destruição causada pela ganância e violência…
Assim, Jesus, quero pedir-lhe o meu presente para este e todos os Natais:
Converte-nos em anjos!
Converta em anjos cada um de nós “crianças” em todos os lares de todo o mundo, para que possamos com um sorriso, um abraço, um carinho curar as almas dos adultos que perderam a capacidade de viver e sentir como crianças.
Converte também nossos aliados, os idosos, que pelo milagre da vida que, gradualmente, eliminam as ilusões, voltam a viver e sentir como crianças e, por isso, enfrentam dificuldades e esquecimentos ainda maiores que os nossos.
Juntos, nós, as crianças da tenra idade e as crianças da maturidade podemos servi-lo Senhor, para ajudar o mundo a lembrar de tudo que o Senhor nos ensinou…
Que o nosso olhar se converta em um espelho a refletir a sua Luz que penetrará no fundo da alma de cada um que nos encontrar.
Tudo que peço Senhor é que possamos amar como o Senhor amou, viver como o Senhor viveu e, então, todos os dias serão Natal, pois em todos os dias o Senhor estará nascendo e renascendo em nós.
Feliz aniversário Jesus!
Ah! Não precisa nos mandar asas, há muito para fazer na Terra antes que precisemos voar!
Assinado, com muito amor: um de seus “meninos”.
Neste Natal e em todo 2014, sejamos anjos na vida de alguém!
A todos um abençoado Natal sob a Luz da Verdade e do Amor e um Ano de 2014 onde a “comunidade dos anjos” possa contar com a nossa presença.
Carlos Hilsdorf
REFLEXÃO DO DIA: A Fé
A palavra “fé” vem do latim (fides), do qual vem também a palavra “fidelidade”, qualidade de quem é fiel. Para os romanos, fé significava a materialização da palavra dada, o compromisso cumprido. Assim, a fé em Deus é a certeza de que a palavra Dele será sempre cumprida. Muitos confundem Fé com a simples ideia de querer, ou crer intensamente. Mas Fé é atitude! É agir movidopela certeza do Amor Divino e da Divina Justiça. Não é ficar inoperante, à espera que Deus faça as coisas por nós. Ele nos dotou de todas as condições para fazê-las e nos concedeu liberdade para agir.
Quem vive a fé produz boas obras, assim como as boas árvores produzem bons frutos. Fé não é crença, é convicção, é certeza! Fé é a certeza que resta quando todas as outras deixam de existir! Quando temos fé, seguimos determinados por caminhos que outras pessoas julgariam ser impossíveis.
Fé não é teoria, é prática. Viva sua fé e você chegará a lugares muito melhores do que aqueles aos quais sonhou chegar. Faça por merecer o Amor que Deus dedica a você em cada segundo de sua existência!
Compartilhe este texto com as pessoas que ama!
Paz e Alegria
Carlos Hilsdorf
A palavra “fé” vem do latim (fides), do qual vem também a palavra “fidelidade”, qualidade de quem é fiel. Para os romanos, fé significava a materialização da palavra dada, o compromisso cumprido. Assim, a fé em Deus é a certeza de que a palavra Dele será sempre cumprida. Muitos confundem Fé com a simples ideia de querer, ou crer intensamente. Mas Fé é atitude! É agir movidopela certeza do Amor Divino e da Divina Justiça. Não é ficar inoperante, à espera que Deus faça as coisas por nós. Ele nos dotou de todas as condições para fazê-las e nos concedeu liberdade para agir.
Quem vive a fé produz boas obras, assim como as boas árvores produzem bons frutos. Fé não é crença, é convicção, é certeza! Fé é a certeza que resta quando todas as outras deixam de existir! Quando temos fé, seguimos determinados por caminhos que outras pessoas julgariam ser impossíveis.
Fé não é teoria, é prática. Viva sua fé e você chegará a lugares muito melhores do que aqueles aos quais sonhou chegar. Faça por merecer o Amor que Deus dedica a você em cada segundo de sua existência!
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Paz e Alegria
Carlos Hilsdorf
Há certas horas
William Shakes
"Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...
Não precisamos da paixão desmedida...
Não queremos beijo na boca...
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...
Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...
Sem nada dizer...
Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...
Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade
inquestionável...
Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:
Acho que você está errado, mas estou do seu lado...
Ou alguém que apenas diga:
Sou seu amor! E estou Aqui!"
Não precisamos da paixão desmedida...
Não queremos beijo na boca...
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...
Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...
Sem nada dizer...
Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...
Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade
inquestionável...
Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:
Acho que você está errado, mas estou do seu lado...
Ou alguém que apenas diga:
Sou seu amor! E estou Aqui!"
Felicidade, Quem é você? A resposta está no coração de cada um. Oi! muito prazer. Meu nome é felicidade, faço parte da vida daqueles que têm amigos, pois ter amigos é ser feliz. Faço parte da vida daqueles que vivem cercados de pessoas como você, pois viver assim é ser feliz. Faço parte da vida daqueles que acreditam que ontem é passado, amanhã é futuro e hoje é uma dádiva, por isso é chamado presente. Faço parte da vida daqueles que acreditam na força do amor; que acreditam que para uma história bonita não há ponto final. Sou casada sabiam? Sou casada com o tempo. Ah! O meu marido é lindo, ele é responsável pela solução de todos os problemas, constrói corações, cura machucados, vence a tristeza... juntos, eu e o tempo, tivemos três filhos a amizade, a sabedoria e o amor. A amizade é a filha mais velha, uma menina linda, sincera e alegre. A amizade brilha como o sol; A amizade une pessoas, pretende nunca ferir, sempre consolar. A do meio, é a sabedoria. Culta, integra, sempre foi a mais apegada ao pai. O tempo. A sabedoria e o tempo andam sempre juntos. O caçula é o Amor, ah! Como esse me dá trabalho. É teimoso. As vezes só quer morar em um lugar. Eu vivo dizendo: Amor. você foi feito pra morar em dois corações, não em um apenas. O amor é complexo, mas é lindo muito lindo, quando ele faz estragos eu chamo logo o pai dele, o tempo. E aí o tempo sai logo fechando todas as feridas que o amor abriu. Uma coisa é certa, tudo no final da certo, se ainda não deu é porque não chegou ao fim. Por isso, acredito no tempo, na amizade, na sabedoria e principalmente no amor. Aí quem sabe um dia eu: Felicidade, não bato na sua porta.
Solidão
Solidão a gente aguenta, mas desprezo não
Deixa a alma ferida e cicatriz no coração
Estou cansado de fingir que está tudo bem
Você diz que ama e não ama ninguém
Sempre foi a dona da situação...
Vou dar a volta por cima e vou virar o jogo
Arrancar o mal do peito e atirar no fogo,
Vamos ver quem é melhor,
Quem aguenta mais,
Você vai saber do que eu sou capaz,
Vou mudar de vida e começar de novo...
Acostumada a maltratar
Vai aprender o que é chorar,
Quando a saudade invadir seu coração
Vai ter vontade de morrer
Sentir na pele o que é sofrer
De hoje em diante eu vou agir pela razão
Eduardo Costa
Deixa a alma ferida e cicatriz no coração
Estou cansado de fingir que está tudo bem
Você diz que ama e não ama ninguém
Sempre foi a dona da situação...
Vou dar a volta por cima e vou virar o jogo
Arrancar o mal do peito e atirar no fogo,
Vamos ver quem é melhor,
Quem aguenta mais,
Você vai saber do que eu sou capaz,
Vou mudar de vida e começar de novo...
Acostumada a maltratar
Vai aprender o que é chorar,
Quando a saudade invadir seu coração
Vai ter vontade de morrer
Sentir na pele o que é sofrer
De hoje em diante eu vou agir pela razão
Eduardo Costa
Japonesinho organizado
O começo de uma nova temporada é um momento simbólico. É verdade que a vida segue sem pausas significativas em nossa respiração ou batimentos cardíacos, mas a marca de o fim de uma temporada anterior para o início de uma posterior (o réveillon ou a mudança de temporada profissional, por exemplo) sempre convida à reflexão e à reorganização de pensamentos e ambições. As famosas "resoluções de ano-novo" são um clássico dessa ideia. Difícil para muitos é tirá-las da intenção e fazê-las acontecer. Frequentemente, o "no próximo ano vou emagrecer, parar de fumar, estudar inglês e aprender a andar de bicicleta" viram "começo segunda que vem, depois do carnaval, das férias de julho, do rush de outubro" e a vida segue. Paciência.
De todo modo, essa intenção traduzida como uma "vontade de potência" de início de temporada é muito estimulante, e podemos nos organizar para usá-la em nosso favor. E para evitar essa "humana, demasiado humana" procrastinação, um bom método é o bom e velho 5S. Este é um momento oportuno para relembrá-lo e implementá-lo não só em nossos negócios mas também na gestão da nossa vida pessoal.
O "Programa 5S" é um conhecido e simples método de organização japonês, (usado por empresas que implementaram o oitentista "Plano de Qualidade Total"), mas que bem nos serve para a vida em geral. Como mágico e palestrante, vi nesses últimos quinze anos dezenas e dezenas de diferentes gibis ilustrados explicando o tal do 5S a funcionários de empresas - alguns muito bem feitos - e sempre me encantei com a simplicidade da ideia: cinco palavras em japonês que começam com a letra S, e que em português significam: Seleção, Arrumação, Limpeza, Padronização e Implementação. Ou coisa parecida. (Já vi diferentes traduções, essa me parece a mais coerente). Em brevíssimas palavras, imagine sua mesa de trabalho ou seu guarda-roupas e: elimine o que é inútil, dê aquela limpada boa, ponha cada coisa em seu lugar, defina normas para estabelecer que o que é usado volte facilmente ao mesmo lugar e avise todo mundo convencendo-os de que é uma boa todo mundo seguir o mesmo padrão. E só.
Ainda em outras palavras: ponha sua vida em ordem neste início de temporada, para que seus planos maiores tenham condição de florescer. Ninguém faz sucesso nessa bagunça que está aí. Mais do que ter planos ou ambições, faça com que a ordem física e a padronização dos "processos" trabalhe por você também em sua vida pessoal. Na prática, doe as roupas que você não usou nos últimos seis meses (algumas exceções sentimentais estão permitidas), jogue fora aquela nota fiscal do vídeo cassete que você comprou em 1998 (e todos os outros papéis que estiverem da mesma cor), limpe o fundo das gavetas com Veja Multi-Uso (se precisar, troque o pano mas não perca o foco), defina novos lugares para os objetos que restarem nas "novas gavetas" que você ganhou, memorize o novo lugar de cada coisa e (por favor) procure manter a ordem de tudo nesse próximo ano. Aquele "acendeu apague, sujou limpe, usou guarde" realmente funciona. Para usar uma expressão atual, seja um "organizado sustentável". E avise o pessoal de casa que o cardápio da pizzaria agora fica na segunda gaveta da cozinha e "sempre lá". Outra coisa: use seu smartphone. Ele tem aplicativos "organizadores de vida" que são absolutamente geniais, mas que ninguém usa. Explore sua agenda, faça listas de tarefas com datas e prazos, ponha seus alarmes para apitar lhe cobrando das coisas importantes, esqueça um pouco o Facebook e faça acontecer o que é relevante para a sua biografia ao longo das simples tarefas do dia. Estamos conversados? Esse artigo mudou de tom. Mas a ideia é a mesma: resoluções de fim de ano acontecem tão somente com ações durante o ano. E o ano acontece todo dia. Um pouco por dia. Um dia de cada vez. Em suma, organize-se e faça o que tem de ser feito!
Eduardo Pares
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