sábado, 28 de dezembro de 2013


Inteligência emocional: saiba usar a sua para crescer profissionalmente
Por Flávio Gikovate
Nos anos recentes, o conceito de inteligência emocional - I.E. - ganhou crescente importância. Constatou-se que o potencial intelectual só se realiza naquelas pessoas emocionalmente mais amadurecidas. Assim, I.E. tem muito a ver com maturidade emocional, conceito tradicional e que implica essencialmente no desenvolvimento de boa tolerância a contrariedades e frustrações, em razoável evolução moral - ou seja, na capacidade de colocar-se no lugar das outras pessoas e não ter uma visão unicamente egocêntrica dos fatos -, no domínio sobre as emoções de natureza agressiva, em ter serenidade para esperar e também em alguma competência para ficar só.
Para que uma pessoa possa usar sua I.E. é requisito fundamental que a possua! Uma boa metade da população chega à idade adulta com um adequado desenvolvimento. Aqueles que não conquistaram esse domínio sobre si mesmos também não têm uma adequada capacidade de se relacionar com as outras pessoas. Eles deverão se empenhar muito no sentido de chegarem lá sob pena de sofrerem graves danos em sua história profissional - e também na vida íntima - em decorrência de condutas cada vez menos toleradas. Avanços em nossa subjetividade decorrem da coragem para lidar com aquilo que temos evitado - o que sempre acontece por medo das dores relacionadas a eventuais fracassos - e também do desenvolvimento de uma honestidade intelectual absoluta, principalmente quando estamos empenhados na análise de nossa vida íntima. Temos que conseguir domesticar nossa vaidade, nossa agressividade, ter coragem para arriscar em relacionamentos amorosos, aceitar momentos dolorosos de solidão. Temos que aceitar e combater nossas fraquezas, tolerar a inveja que sentimos de determinadas pessoas. É tudo difícil e implica em mergulhar onde há risco do que mais tememos: as contrariedades e frustrações.
Hoje sabemos que competência para os relacionamentos humanos no ambiente profissional - e em todos os outros - é tão ou mais importante do que o conhecimento técnico, requisito também muito necessário. Sabemos que nossa capacidade de nos comunicarmos com todo o tipo de interlocutores é fundamental. O maior avanço acontece quando compreendemos que cada indivíduo é único e que 'os outros' não são idênticos a nós. Para isso, é básico aceitarmos e sermos capazes de suportar isso que Ortega y Gasset chamava de nossa 'solidão radical'. Temos que tentar penetrar na subjetividade de cada interlocutor se quisermos ser efetivamente bem entendidos por eles. Temos que ser como os 'hackers', capazes de 'invadir' os 'computadores' alheios. Temos que respeitar a vaidade, ambição e anseios dos nossos pares e agir com lealdade para com eles. O realismo nos mostra que eles, como nós, estão em busca de sucesso, de bens materiais, de reconhecimento. Uma postura adequada é, hoje, elemento básico para a manutenção do emprego.
Agora, quem busca mais do que a estabilidade, para quem persegue efetivos avanços, outros ingredientes devem ser adicionados aos já mencionados. Destaco os seguintes: temos que manter um 'cérebro poroso', ou seja, uma postura de humildade intelectual, de se estar sempre aberto a novos pontos de vista, a mudar de idéia desde que novos fatos nos indiquem que é o caso. Com o passar dos anos, muitos de nós tende a se cristalizar em modos de ser e de pensar - especialmente aqueles que tiveram algum sucesso com o seu jeito. Isso pode ser fatal para o prosseguimento da carreira. Assim, o sucesso até aqui não implica em garantia de sucesso daqui para adiante.
É necessária a perpetuação de posturas básicas e que tendem a se afrouxar com os anos. A mais importante delas é a da disciplina e perseverança na busca dos objetivos a que nos propusemos. Temos que continuar a evoluir no entendimento da mente humana - a nossa e a dos nossos semelhantes - de modo a podermos desenvolver as mais adequadas estratégias de ação e de interação, o que não implica jamais em deslealdade.
Por fim, é preciso não perder a ousadia, ou seja, continuar a correr riscos de erros e fracassos. Só não erra quem não faz! A criatividade depende disso, de sermos capazes de tolerar as dores do fracasso, e também uma dor maior, que é a do convívio com dúvidas. Nosso vigor intelectual é definido por essa capacidade; sim, porque quase todo o mundo prefere uma explicação precária e apressada - que apazigua o espírito e apaga qualquer anseio de buscar novas explicações - justamente porque a dúvida provoca uma sensação íntima de grande sofrimento e incerteza.
Fica claro, pois, que o sucesso na vida individual e também na vida profissional depende mais do vigor emocional do que dos bons dotes intelectuais

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