terça-feira, 1 de julho de 2014


filosofia





O celular é o ópio do povo






Desculpem-me os filósofos (sobretudo Kant e Marx, além de alguns outros), mas não mais a religião é o ópio do povo. O ópio do início do terceiro milênio chama-se “celular”, e é o culpado pela maior imbecilização de todos os tempos — uma alienação maior mesmo que a feita com judeus pelos nazistas.

Não! Não sou exceção, sou vítima também, tanto é que em algum lugar dessa postagem vocês encontrarão um “via mobile”. Mas, ainda sim, inconformo-me com as circunstâncias. As pessoas — inclusive eu — não socializam mais de forma sensata, há um desrespeito mútuo numa conversa. Dois conversam frente-a-frente e ambos estão com celulares postos às mãos, de maneira que um mal dá atenção àquele que lhe faz companhia pessoal. Dói-me na alma saber que a tecnologia, ora feita para agregar pessoas, conseguiu distanciar tanto umas das outras — acaba-se por não dar atenção aos que estão à sua volta, tampouco àqueles que estão sendo comunicados pelo aparelho.

Conversas perderam o valor, debates não são mais fomentados senão por textos, manifestações raras vezes saem da internet — e nunca com 10% da intensidade que têm na rede. Meu manifesto não é pela erradicação dos gadgets, é pela socialização palpável. Pelo papo com direito a contatos, pela troca de olhares. O celular tornou-se uma extensão da vida — extensão esta que as pessoas passam a mostrar uma vida ficcional na internet através dos “facebooks” e “instagrams” da vida, vida que não está sendo de fato vivida mas que é demonstrada na rede como a plenitude, a exuberância, a fartura de vida. Uma vida exemplar! Sendo que nem sequer vivem, já que estão muito ocupadas atreladas ao aparelho cativando uma imagem irreal de sua vida. Andam com o celular nas mãos pelas ruas, apegam-se ao aparelho no transporte coletivo, observam o gadget até mesmo nas refeições… O que quero é uma vida mais vivida, menos forjada.

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