sábado, 3 de agosto de 2013

Nesse governo tudo está voltando atrás diz escritora Maiá Menezes sobre a anulação da portaria

 
 
 
RIO — Escritora e fundadora do Grupo de Pais de Homossexuais, Edith Modesto avalia como um retrocesso a conduta do governo em relação aos transexuais e lembra que a discussão avança no mundo.
Como a senhora avalia esse recuo do governo?
Acho uma coisa terrível. Estou ao lado das pessoas, vendo o sofrimento delas. Desses jovens principalmente. Eles se sentem desrespeitados, e de fato são. Além de toda a dificuldade de se sentir de gênero diferente do que nasceram. Além disso, são considerados não sujeitos. Quando tem uma boa notícia, vem a decepção. É uma profunda decepção. Parece uma brincadeira macabra.
Quais as dificuldades de um pai ao descobrir um filho transexual?
É muito complicado criticar os pais que não aceitam o filho transexual . O homossexual pode passar a vida sem que se perceba que ele faz parte de uma minoria. O transexual não tem como esconder. Estou com o caso de um menino de 9 anos, que nasceu menina. Estamos tendo problemas para trabalhar a questão na escola. Os colegas e professores estranham. É um percurso muito complicado para os pais.

 
 

Qual é a realidade dos adolescentes transexuais hoje?
Temos casos de tentativa de suicídio. Muitos ficam desesperados na hora da puberdade. Por isso defendemos a interrupção, com hormônios. O ideal é bloquear a puberdade, para ter tempo de fazer um acompanhamento psicológico antes da chegada dos hormônios. Sem esse cuidado, muitos começam a tomar hormônio clandestinamente. As características sexuais secundárias os fazem sofrer muito, porque a sociedade ainda não sabe que isso existe. É o maior sofrimento que se pode imaginar para um jovem.
Como a senhora avalia as políticas públicas relacionadas ao público LGBT?
Está tudo empacando. Nesse governo, tudo está voltando atrás. Até isso. Eu desconfio que por trás disso está a atuação da bancada mais conservadora. É preciso preparar a sociedade. É um tema já bem avançado nos Estados Unidos e em alguns países europeus.
Pelo que observa, com que idade o jovem se percebe transexual?
É muito importante o acompanhamento de um endocrinologista. Mas sem dúvida na pré-adolescência, quando esses sinais da transexualidade aparecem, a criança já deveria usar hormônio. Até mesmo antes dos 12 anos. E é esse aconselhamento, para a redução de danos, que fazemos no GPH.


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