Cartas de amor reforça a união

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Casais que conversam sempre, dizem o que sentem, percebe-se no dia-a-dia são mais felizes. Mas eles não devem se esquecer de uma forma romântica de expressar sentimentos, as cartas de amor, úteis não só para a troca de sentimentos como também para desfazer equívocos e impasses criados principalmente nos momentos de raiva

Ao longo da história, amantes e apaixonados sempre trocaram cartas de amor. Muitas das escritas por pessoas famosas resistiram ao tempo e ainda hoje podemos lê-las. É o que nos mostra o livro Cartas do Coração, da Editora Rocco (Rio de Janeiro, 1999). Nele se lê, por exemplo, que o compositor alemão Ludwig von Beethoven escreveu várias cartas para sua “amada imortal”, cujo nome infelizmente a história não revelou. O músico se queixa em uma delas: “Minha atual vida em Viena é uma existência miserável. Oh! Deus, por que ter de se afastar do que tanto se ama?” O escritor carioca Machado de Assis, por sua vez, escreveu o seguinte para sua mulher, Carolina: “Obrigado pela flor que me mandaste; dei-lhe dois beijos como se fosse em ti mesma”. Já o poeta carioca Olavo Bilac fez por carta verdadeira declaração de amor a Amélia: “Amo-te, amo-te! Como é bom poder dizer enfim o que nos enchia o coração!”

São exemplos de declarações de famosos, mas qualquer pessoa apaixonada pode sentir o desejo de expressar seus sentimentos. No passado, aliás, ficaram famosos alguns livrinhos com poesias e modelos de cartas de amor. Hoje, podemos escrever também e-mails falando de nossos sentimentos, de nossa emoção. Talvez não sejam tão bonitos como as cartas de amor escritas à mão, em papéis perfumados, mas os sentimentos são os mesmos e o apaixonado ou apaixonada que os manda ou recebe pode senti-los igualmente.Escrever e expressar o que sentimos faz bem, mesmo que não se mandemos a carta. Quando estamos tristes, ou não conseguimos falar o que está em nosso coração, escrever uma carta ou enviar um e-mail nos alivia, ajuda a colocar em ordem o que sentimos. Num momento de grande emoção, podemos escrever e não mandar. Colocar no papel, ou no computador, o que sentimos e não enviar. Deixar guardado para lermos dias depois. Será que os sentimentos serão os mesmos? Se forem, mandamos.Sentimentos têm de ser expressados mesmo, postos para fora. Casais que acham tempo para conversar, para dizer o que sentem são mais felizes. Às vezes é difícil falar sobre o que sentimos, em especial quando achamos que nosso parceiro não vai nos dar atenção. Nesse caso, escrever uma carta ou mandar um e-mail podem ajudar bastante. Um exemplo: “Querido, ou querida, ontem fui rude com você. Você pode me desculpar? Te amo muito”. Outro: “Quando você fica grudado na televisão, não conversa comigo, me sinto mal; quando nos encontrarmos, hoje, por favor, me dê atenção”. Outro ainda: “Foi lindo ontem à noite; você é realmente a mulher que eu amo”.Quando há um rompimento e um se recusa a falar com o outro, quando sentimos culpa ou saudade, estando longe ou perto, escrever é romântico, carinhoso, marcante. Podemos ler repetidas vezes as palavras de amor ou de raiva. Podemos escrever várias vezes e apagar, não mandar. Antes de enviar, devemos deixar de lado e ler mais algumas vezes, nunca mandar no impulso, pois há o perigo de nos arrependermos, e o que está escrito é mais forte, não podemos negar.Sugiro aos casais que cultivem esse hábito: troquem mensagens de amor e carinho ou de tristeza e desapontamento. Faz bem, ajuda a entendermos melhor nossas emoções e a cultivar nosso contato com elas. Ou, dependendo da sensibilidade do parceiro ou da parceira, às vezes vale a pena mandar também uma poesia ou letra de música. Como esta, antológica, do poeta e compositor carioca Vinicius de Moraes: “Vai minha tristeza diz a ela que sem ela não não pode ser/ Diz-lhe numa prece, que ela regresse/ Porque eu não posso mais sofrer./ Chega de saudade, a realidade é que sem ela/ Não há paz, não há beleza, é só tristeza e melancolia/ Que não sai de mim, não sai de mim, não sai”.

Leniza Castelo Branco