segunda-feira, 25 de março de 2013

Bruxos, vampiros, e avarentos



   Cibernéticos e virtuais,nadamos num rio de novidade e nos consideramos moderníssimos Um turbilhão de recursos trazidos pela ciência, pela tecnologia, nos faz crê que jamais pegaremos o bonde- embora ele seja para todos os que dispuserem a nele subir,, não necessariamente para ser campeões e heróis.
       A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça nos controlar: se pensarmos um pouco, sentiremos medo.O que mais vem por aí, quando podemos lidar com nossas novidades sem saber direito quais são as positivas, quando servem para promover progresso ou para nos exterminar ao toque do botão de algum demente do poder?Exageradamente entregues a esses jogos cada dia inovados, vamos nos perder na nossa natureza real, o instinto? Viramos homens e mulheres pós- modernos, sem saber o que isso significa; somos cibernéticos, somos twitteiros e blogueiros,  mas não passamos disso.e se não formos muito equilibrados, vamos nos transformar em hackers, e o mundo que se exploda..
        A civilização anda  segundo seu próprio arbítrio. Mas, quase todas as coisas, seus produtos criam ambiguidade pelo excesso de aberturas e pelo receio diante do novo, que precisa ser domesticado para se tornar  nosso servo útil. As possibilidades do mundo virtual são quase infinitas. Sua sedução é intensa. Tão enganador, quanto fascinante, no que tange à comunicação. Imenso, variado, assustador, rumoroso,ameaçador e frio, porque impessoal.Nesse mundo difuso  somos quase onipotentes, sem maior responsabilidade, pois cada ação nem sempre corresponde a uma consequência- e ainda podemos nos encontrar no anonimato. Criam- se sérias questões morais e éticas não resolvidas nesse território:através da mesma ferramenta que nos abre universos e nos comunica com o outro, caluniamos e somos caluniados ,ameaçamos e somos ameaçados e nos entregamos a atividades estranhas, algumas perversas;espiamos, espreitamos,maldizemos amigos e desconhecidos,odiamos celebridades, cortamos a cabeça de quem se destaca porque se torna objeto de inveja e ressentimento, escutamos mensagens sombrias e cumprimos, talvez, ordens sinistras.
         Relacionamentos pessoais começam e    terminam , bem ou mal nesse campo virtual- não muito diferente do  mundo real, dos bares, festas, e trabalho, faculdade e escola.Para  as crianças ,esse universo extenso e invasivo pode ser uma grande escola, um mestre inesgotável, um salão de jogos divertido em que elas imediatamente sentem à vontade, sem limites dos adultos. Mas pode ser a estrada dos pedófilos, a alcova dos doentes, ou a passagem sobre o limite do natural e lúdico para o obsessivo e perverso
        Como quase tudo nesse mundo nosso, duplo, é o gume:comunicar-se é positivo, mas sinais feitos na sombra sem verdadeiro nome nem rosto, podem acabar em fantasmáticas perseguições e males. Singularmente, mas de maneira muito significativa, enquanto estamos velozes e espertos no computador, criando mundo virtuais, e jogando jogos cada vez mais complexos, buscando o nevoeiro do anonimato  e, na época das maiores inovações curtimos voar com bruxos em suas vassouras, namorar vampiros inventar avatares que vão de engraçados a sinistros.
         Estimulante, múltiplo, tão rico, resta saber o que vamos fazer nesse mundo- ou o que ele vai fazer de nós. Quando soubermos, estaremos afixados nele como borboletas  presas  com alfinete debaixo  da tampa de vidro ou vaga- lumes em potes  de geleia vazios, naquelas noites de verão quando a infância era apenas aquela,  inocente, que ainda espia sobre os nossos ombros.


     Lya Luft
        




























  

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