quarta-feira, 13 de março de 2013

O desconsolo da perda



     " Só  superamos a tristeza quando entendemos  que perder não é sinônimo de não ter. Que quem morreu já não está no mundo, mas pode existir em nós."

   Por que  Dom Quixote de la Mancha é um dos romnce mais lidos  do mundo? Possivelmente porque o herói só se deixa governar pela fantasia. Nós nos indentificamos com o personagem porque ele não quer saber da realidade. Desconhecem  inteiramente o limite entre  o imaginário e o  real.
     Quem leu  Cem Anos de Solidão não se esquece de José Arcadio Buendía,que "cuja desatada imaginação ia sempre mais longe que o engenho da  natureza  e até mesmo além do milagre e da imaginação". Ele acreditava que era possível desentranhar  ouro da terra  com um lingote magnético. O leitor também deve lembrar da mulher  de  Buendía, Ùrsula,  que depois da morte do marido  continou  a encontrá-lo onde ele passou  amarrado os últimos anos de sua vida.Úrsula  ia ao jardim lamentar  a sorte dos seus descendentes,  chorar no ombro do marido e se consolar. No povoado dos Buendía,  os mortos morrem sem morrer. Por isso o romance arrebata e, mais que isso, consola.
        O nosso amior desconsolo é a perda do  ser amado.Só superamos a tristeza quando entendemos  que perder não é sinônimo de não ter. Que quem morreu  já não está  no mundo, mas pode existir entre nós.  Fazer o luto é entender que a morte não anula  a existência  e que , sem está,o morto  ainda  está.. Isso requer tempo.Tanto mais tempo quanto menos ritualizada é a despedida.Nas sociedades em que existe  o culto ao ancestral, a morte não deixa  quem perde inteiramente desprotegido como na nossa sociedade. Entre nós, evita-se falar da morte e não se tem  tempo para tristeza, o que expõe mais ainda aos efeitos nagativos dela. Nada é pior do que a tristeza recalcada,  de ação sorrateira e consequências imprevisíveis. Quem não chora o seu morto e não é consolado  pelos vivos  fica sozinho  com   perda. Num certo sentido, é marginalizado. Poa outro lado, quem não tem tempo para o sofrimento  alheio não pode ter  relações de amor  ou de amizade. E assim, isola-se também.
         Oa personagesn de romances encontram soluções mágicas para seus dramas.Já  nós  somos obrigados a aceitar a realidade . Mas nada nos impede de aprender com os personagens   a usar  a nossa imaginação para viver melhor. No caso do luto, isso significa rememorar: o encontro, a solidariedade, o tempo feliz vivido na companhia do outro.Rememorar em vez de  lamentar a falta. Só chora  continualmente a perda do amado ou, do amigo quem  não acredita na própria morte. Ou desacredita o tempo, porque se ilude pensando que a  vida não passa.

      Betty Milian






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