quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Cafajeste Flávio Gikovate


  

“O cafajeste, o cara bem grosseiro, esse não brocha. Para eles, a mulher continua inferior”, disse. “Eu costumo brincar que quando o cara brocha é um bom sinal, porque ele é uma boa pessoa. Esse tipo de homem tem respeito pela emancipação da mulher. O brocha, desabrocha, o cafajeste não descafajesta”. 

Doutor Gikovate esteve no programa de entrevistas de Marcelo Tas no Terra para falar sobre seu mais recente livro, Sexualidade Sem Fronteira, que propõe acabar – ou diminuir – os paradigmas sexuais. “Na minha cabeça temos que romper com todo tipo de preconceito”, explicou. “E não pense que não há preconceito nos grupos chamados minoritários. Tem que abrir a cabeça de todo mundo, mas também respeitar a incompreensão desse mundo moderno”.

Segundo o psicoterapeuta, ainda há pessoas que não entendem as rápidas mudanças do mundo contemporâneo – como os idosos – e forçar novas tendências sociais em suas experiências de mundo também não é correto.

"Os próprios homossexuais mudaram muito. Eles vivam numa época voltada para o sexo casual, o que na verdade pode ter sido o causador da proliferação da AIDS. Hoje, estão falando em casamento e adoção. Todo o mundo muda. Tem que aceitar a heterogeneidade e que estamos em um mundo em transição", acrescentou. 

Desde 2007 apresentando o programa No Divã do Gikovate, aos domingos na rádio CBN, o médico apontou o “ficar” como o principal responsável pelo fortalecimento da mulher e o relaxamento do homem em seus papeis sociais.

“É um fenômeno percebido há pelo menos 25 anos. Pela primeira vez homens e mulheres da mesma idade e classe social puderam trocar caricias sem compromisso. Os meninos, até então, iniciavam-se com prostitutas e mulheres de classe inferior. As mulheres não se iniciavam, esperavam o homem ideal, normalmente um homem mais velho e vivido”, disse. “Os meninos, então, tinham que se tornar pessoas melhores e se virarem senão não tinha acesso as mulheres. Como agora eles têm acesso fácil, não precisam de preocupar muito. E as mulheres se não se virarem não vão ter nada do homens.”

“A culpa é como sempre dos movimentos, que acontecem e as pessoas não prestam atenção às variáveis”, analisou.

Gikovate também avaliou o aumento de 46% no número de divórcios na Brasil nos últimos anos. Pare ele, as pessoas escolhem seus parceiros muito pelo prazer sexual e não afinidade. “Antigamente era a família que escolhia os noivos e noivas. Quando a pessoa começou a escolher seu próprio parceiro, o fator sexual virou predominante e elas começaram a escolher pessoas muito diferentes, como se um pudesse completar as fraquezas do outro”, contou.

“O casamento não é para enfrentar as diversidades da vida. Hoje é para planejar a vida juntos – a questão é a qualidade da convivência, de fazer coisas juntos, se divertir; é afinidade”, explicou. “Mas afinidade é muito mais difícil de encontrar no que prazer sexual”. 

Respondendo a pergunta de uma internauta, que disse que após o nascimento do primeiro filho o tesão acabou, o médico disse que “o casamento não é o melhor lugar pra uma vida sexual exuberante”. “A começar por dormir junto. Você chega cansado e sabe que pode deixar para depois, para outro dia, e a casa fica com cara maternal. Quando dois amantes se encontram em um motel às 15h, eles sabem que tem que ser ali e agora porque depois não vai ter mais”, contou.

“Os casais precisam reinventar um clima erótico”, aconselhou. “O erótico nem sempre acompanha o romance. A ternura compete com o tesão. Vocês precisam sair da rotina, ir ao motel, viajar sem os filhos, apimentar um pouco o vestuário.”

Perguntado por um internauta por que a bissexualidade aumentou, o psicoterapeuta disse que não sabe responder se isso realmente é um fato. “Não sei dizer se está aumentando ou ficando mais visível. Hoje, as redes sociais e a internet possibilitaram a liberdade e a coragem das pessoas em falar abertamente. As pessoas falam e praticam, a novidade é sair do armário. A gente ouve falar mais, principalmente em mulheres. Os homens também tem suas subversões, como se relacionar com travestis – e isso é porque há a procura, a curiosidade. Isso tudo cria um clima de liberalidade, sexualidade sem fronteira”, disse.

O médico também disse que não soba avaliar o impacto da pornografia na sexualidade contemporânea. “Ao mesmo tempo em que liberou muita coisa, está trazendo de volta alguns preconceitos. A questão do homem aflitos com o tamanho do pênis é uma delas, há uma valorização péssima disso. O orgasmo vaginal – que só acontece atrás da estimulação clitoriana – também. Como as mulheres não sentem, elas fingem. Essas coisas afastam muito mais do que aproxima sobre o que é a vida sexual. Por outro lado, a pornografia liberou muitas coisa, como a carícia entre mulheres”, explicou

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