domingo, 29 de julho de 2012
Meus oito anos
Oh!Que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores!
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despertar da existência !
-Respira a alma inocência
Como perfume a flor,
O mar é - lago sereno
O céu -um manto azulado,
O mundo- um sonho dourado.
A vida- um hino d amor
Que auroras que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênio folgar!
O céu bordado d estrelas
A terra de aromas cheias
As ondas beijando a areia,
E a lua beijando o mar
Oh! Dias das minhas infância!
Oh! Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E os beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
-Pés descalços, braços nus-
Correndo pela campinas
À roda das cachoeiras
Atrás das asas ligeiras,
Das borboletas azuis
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar,
Rezava às ave- marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !
Oh!Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os tempos não trazem mais!
Que o amor ,que sonho,que flores,
Naqueles tardes fagueiras
Á sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
Casimiro de Abreu
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