sábado, 20 de julho de 2013

A justa busca pela partipação cívica, mas pelos motivos errados

No discurso, o Movimento Passe Livre posa de esquerda. Seus representantes foram recebidos pelos blogueiros progressistas de pedigree, com pompas de revolucionários vanguardistas que estavam dando lição à velha esquerda desmobilizada, no entanto, na prática falta coerência nas suas ações e profundidade às suas propostas.
Eu tinha absoluta certeza que na primeira sabatina que fosse realizada com o MPL, eles iriam demonstrar a fragilidade de suas propostas. No estilo PSOL, o movimento cobra transformações sem explicar como podem ser realizadas sem que aconteça o fenômeno do cobertor curto, uma ilusão que troca seis por meia dúzia, como na suposta vitória com a redução das pesagens de ônibus, trens e metrô, em que os preços que foram reduzidos na cobrança direta, estão sendo retirados de outros investimentos, pagos pelos próprios usuários de transporte urbano.
De fato, O MPL disse que o contribuinte deveria pagar pelas passagens dos usuários de transporte coletivo, esquecendo que esses usuários também são contribuintes, e a quantidade de usuários que utilizam os serviços de transportes são maioria esmagadora desses contribuintes, ou seja, a capacidade de diluição é efetivamente pequena, quase nula. O MPL não diz o que fazer com o emprego de milhares de cobradores em todo o país, como se fosse possível e honesto fazer política social, que vai beneficiar inclusive a classe média, às custas da perda do emprego de categorias que estão na base da pirâmide social.
O MPL sugeriu ainda que se faça uma licitação para que empresas prestem serviços no transporte, o que diferente de concorrências normais, onde empresas fornecem para outros clientes além do poder público, nesse caso as empresas só trabalhariam para os governos municipais, tendo que ser incluída nos contratos toda a sua faixa de lucro. Não sei como alguém pode achar que essa é uma forma ética de tratar o patrimônio público. Esquerda de araque nem tocou na hipótese de estatização das empresas de transporte, é preferível para eles que a população sustente os ricos empresários de ônibus e suas faixas de lucros exorbitantes via licitação.
Sobre o acréscimo de gastos dos municípios, é dito que o contribuinte é que tem que pagar, mas não fica claro se estão falando em aumento de impostos ou canalização de recursos que vão deixar descobertas outras áreas que precisam de investimentos, no mesmo dilema do cobertor curto da “conquista” recente.
A falta de coerência nas ações ainda impõe ao MPL uma sombra de dúvidas sobre suas verdadeiras intenções. Todos sabemos que apesar de ser um meio de transporte utilizado por grandes massas, os ônibus não resumem o transporte coletivo. Trens e Metrô também são meios utilizados por grandes massas, mas parece que o MPL só está interessado em pressionar por CPIs do transporte na câmara de vereadores de São Paulo para desgastar o governo de Fernando Haddad, que completa no final do mês, apenas o primeiro semestre.
Nada contra CPI na câmara dos vereadores de São Paulo. Faz parte do jogo democrático, quem está na OPOSIÇÃO e interessados pedirem CPIs, contudo fica claro que a partir do momento em que o movimento abdica de agir de forma coerente e apartidária, deixando de pressionar também os deputados estaduais pela realização de CPI que alcance os meios de transporte regulados pelo estado governado pelo PSDB, que o discurso do foco nos direitos, não combina com a prática.
A máscara cai quando para continuar dando entrevistas aos meios de comunicação, que sempre demonizaram manifestações populares, se excluem governantes do PSDB das suas parcelas de responsabilidade.
 Não é por 20 centavos, é pela velha e rasteira política partidária de autoridades e personalidades públicas.
 


 

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