quinta-feira, 11 de julho de 2013

O mal- estar da nossa civilização



     Se quisermos  criticar , de modo consequente, o hábito moral e ecologicamente predatório  do consumismo, é preciso levar em conta fatos que, normalmente, são deixados à margem das analises. Por exemplo, eu não acredito que o consumismo  tenha sido desde sempre, uma atividade humana desprovida de sentido moral. Apenas nas últimas décadas, em especial, nas três últimas,  o consumismo passou a apresentar a faceta amoral de hoje. Antes, o consumo de objetos supérfluos esteve associado de  modo muito estreito à construção moral dos individuo. Uma família no começo do século 20 comprava muita coisa que chamamos de supérflua . Mas é bom relembrar, a aquisição de tais objetos tinha uma finalidade moral clara. A maior parte deles vinha enriquecer o conforto domestico e o modo de convívio a ele associado. Roupas, objetos de decoração doméstica,  adornos, tudo isso era adquirido para que a vida em família fosse algo aconchegante, pacifico amoroso seguro
          A grande diferença para o nosso tempo está na dissociação   entre o consumo. e a pretensão moral. A estabilidade da casa, da família,  da tradição familiar está sendo seriamente abalada. Obrigações profissionais, anseio por maior liberdade individual ,conflitos com a moralidade familiar
tornaram o individuo cada vez mais desenraizado  do seu lugar de origem e de seu passado cultural. Os filhos não se interessam  mais pela herança pais, seja feita de objetos de consumo ou preceitos ´éticos, os objetos já não são mais signos confiáveis  de um estilo e vida que proporcionava  felicidade  Hoje em dia , já sabemos, mais ou menos, que nada do que compramos pode trazer felicidade à qual aspiramos. Os objetos não inspiram respeito, e quem os possui  pode, no máximo, despertar inveja ou desejo de destruição e jamais de" admiração"
       Com a potencialização  econômica , aconteceu o  que estamos precisando. Nada deve durar: nem bens, nem corpos, nem moral. O modelo de cidadão ponte- aérea , que não para em lugar nenhum , e encontra mulher e filho uma hora por semana, até que descasa e volta a ver  a segunda família  novamente, por meia hora semanal, pois bem esse modelo  teve um enormes  sucesso no imaginário sócio- cultural. Todos querem se tornar  isso,  salvo alguns espíritos mais lúcidos ou  rebeldes. Mas ao se tornarem  o que deseja ser, descobrem pouco, a pouco, que, com seus hábitos,  estão destruindo o que  gostariam que permanecesse , ou seja, família estável, disposição para o romantismo amoroso, vinculo  emocional e moralmente expressivo entre pais e filhos, isto é, a sobrevivência social está sendo paga com  a morte da vida moral.

   Jurandir Freire  Costa




















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