domingo, 14 de julho de 2013

Indecisão entre dois amores

Todos os dias tomamos decisões, mesmo em assuntos aparentemente sem importância. Algumas vezes as escolhas são cruciais, pois talvez determinem o rumo que nosso futuro e o de nossa família tomará. Esses momentos, de grande angústia, nos tiram o sono enquanto nos perguntamos qual o melhor caminho a trilhar. Somos viajantes de uma estrada sem sinais que indiquem a direção certa. A dúvida é terrível. Nas relações amorosas e no casamento nos deparamos muitas vezes com escolhas dificílimas. Precisamos consultar nosso juiz interno e decidir o que é certo e o que é errado. O coração pede por um lado mas a razão argumenta e torce pelo outro.Assim, instala-se um conflito que provoca ansiedade e angústia.Com freqüência perguntam-me: “Devo me separar? Gosto de meu companheiro (ou minha companheira), mas tenho também vontade de ser livre. O que será melhor?” Outro dilema: “Tenho dois pretendentes um é bonito, charmoso; outro, mais sério e trabalhador.Um me trata com muito carinho, faz tudo o que eu quero, mas sinto mais atração pelo outro.” As perguntas, no entanto, não podem ser respondidas por ninguém, exceto quem as fez. Enquanto a pessoa não se decide entra em angústia, perde o sono, tem um conflito ético, não sabe realmente o que fazer.Quando dúvidas tão fortes aparecem é até comum desencadearem reações físicas, como mal-estar, gripe, dores musculares, tonturas. São sintomas forçando-nos a resolver, não agüentamos ficar muito tempo na corda bamba. Conversar com amigos ajuda, consultar um profissional também, .Mas ninguém vai decidir por nós.O grande problema relacionado a tomar uma decisão está em que quando escolhemos, sempre perdemos alguma coisa. Por isso, depois de dado o passo, sofremos e ficamos de luto pela perda — de algo que não era totalmente ruim ou mesmo que o fosse, causa-nos culpa. Afinal, e dependendo da situação, infligimos sofrimento. Essa é a razão pela qual, em alguns casamentos, um dos dois leva a tensão a um limite insuportável. Espera que o outro decida por ele. E dá uma certa ajuda: “sem querer” esquece um endereço, uma foto comprometedora, uma conta, ou tem comportamentos que sabe serem insuportáveis para o outro. Ou, quando a tensão fica excessiva mas conscientemente se evita brigar, o inconsciente trai e um dos dois faz ou fala o que não deveria.Assim consegue conduzi-lo à iniciativa que deveria ser sua. Existem situações em que qualquer escolha significa grande sacrifício, perda sofrida. Por mais que a razão demonstre o que é certo, não conseguimos decidir. O melhor, então, é esperar, procurando o equilíbrio interno e só escolher após encontrá-lo. Gostaríamos de manter os dois caminhos. A liberdade e a relação, cônjuge e amante. Muitas pessoas tentam e durante algum temo se equilibram entre os dois pólos, embarcando no princípio do prazer: tudo é permitido, o que importa é ser feliz. Temos, no entanto, responsabilidades e deveres para com os outros.Muitos casamentos terminam porque um dos parceiros diz que quer se encontrar, sente-se sufocado. Esquece que  os dois envolvidos devem decidir juntos, e que ninguém é o responsável pela frustração de seus sonhos. Não raro, depois da separação, percebe que não se encontrou, não era o outro. Na análise, os sonhos e outras manifestações do inconsciente ajudam a clarear o caminho. Nada trará uma resposta, mas o nosso lado sábio interior pode nos avisar, por meio de metáforas, se a escolha é fruto de neurose ou é o caminho para nossa individuação — o processo de tornar-se único, de se desenvolver como ser autêntico, integral. O mais importante, quando tomamos uma decisão, é ter consciência: qualquer que ela seja vamos


Leniza Castello Branco


Nenhum comentário:

Postar um comentário