quarta-feira, 10 de abril de 2013

A freirinha e o rabino



    É leviano imaginar que o futuro do Brasil tenha pouco a ver com seus êxitos em educação, ciência  tecnologia. Mas para cuidar bem desse assunto precisamos entender  suas idiossincrasias  e cacoetes.
Educação se faz com uma receita relativamente simples, desde que haja bons ingredientes- no caso, alunos e professores. Crescer rapidamente não é problema. De fato, o ensino médio quase triplicou na década  90, com perdas de qualidades insignificantes. A escola da Embraer  entrou para o rol das dez melhores o país, poucos anos  após  haver sido criada.  Mas, olho, os inimigos mortais da educação são a inércia, a politicagem e as ideologias fundamentalistas.
      Conhecendo também as receitas da boa ciência. Qualidade é tudo, ciência mais ou menos não tem serventia. Não dá para improvisar e tudo leva muito tempo: meio século foi o que nos custou. Depende  fatalmente de dinheiros púbicos  e de um aparato governamental competente e complexo. Nossa ciência seria apenas uma quimera sem Capes, meritocráticas e salvas  das pilhagens políticas.
        A cada ano o Brasil produz 13000 doutores, muitos deles de boa cepa.Comparado com outros países médios, o Brasil está bem, pois só nos ultrapassam em publicações a Índia e as gentes de olhinhos  puxados. Mas não vai pelas bravuras desse ou daquele governante, e sim  pela aplicação contínua  de boas regras. Uma crise desfaz em dias um grupo de pesquisas que levou dez anos para ser construída.
       Mas como se usa essa ciência para fazer tecnologia made  im Brazil? Algum tempo atrás, havia um professor para narrar as dificuldades. de base tecnológica, Havia  conflitos entre lucro, curiosidade cientifica e propriedade intelectual. O professor não era de uma  sofrida  universidade brasileira, mas  de Caltech, uma das melhores escolas de engenharia do mundo.Alimentar  a tecnologia com  ciência é como promover o namoro da freira com o rabino. Eles professam crenças diferentes, custosas de conciliar.
      O ciclo da ciência termina em uma publicação, aprovada por cientistas   que leram os mesmos livros. Portanto são da mesma seita. Em contraste , o ciclo da tecnologia  termina na loja que  vende o produto final,  longíssima das decisões  tomadas  nos laboratórios de pesquisa Mesmo os  países mais ricos se perdem nesse tortuoso trajeto.
        É desanimador quando comparamos o volume de nossa ciência com os ralos sucessos na tecnologia. Como nós , muitos países conseguem ter núcleos de pesquisa séria Contudo, na tecnologia os desafios  são maiores.   Publicamos oitenta vezes mais do que as míseras  480 patentes.
        Um pé na cava vira álcool em alguns meses. Porém a tecnologia que fez o Brasil competitivo no etanol nasceu, faz tempo, no Instituto Agronômico de Campinas, inaugurado por Pedro .
          Os laboratórios de Univessidade só chegam  a metade  do ciclo da tecnológia. Daí pra frente as empresas precisam se ariscar em seus próprios centros de pesquisas e desenvolvimento.É mais rápido e seguro importar as tecnológias, mas é um caminho sem futuro. Mas juntando o que conseguimos fazer, até que não estamos tão mal.

        Claudio de Moura Castro





















     

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