segunda-feira, 8 de abril de 2013

Baile de mácaras




     Uma vida inteira descobrindo as próprias máscaras e tentando retirar algumas (outras são indispensáveis). Cada manhã afivelo a máscara do dia, um rosto cômodo que me permite conviver melhor.O perigo é que algumas vezes essa máscara se apegue de tal jeito à minha pele que eu não consiga mais tirar, ou saber qual destes rostos é o meu:O que espreita o mundo ou o que olha para  dentro e vai me construindo pessoa?
       Não falo de cretinice , mas talvez de autopreservação. Ninguém deveria botar a cara na janela sem consciência de que pode levar um tapa ou uma cuspada.
       Os americanos aturdidos pela crise, talvez  beirando  uma recessão  braba, saíram feitos loucos
loucos depois do dia de  Ação de Graças, dia de comprar pela internet, também se esbaldaram.ou a crise não era tão séria , ou estamos todos delirando, ou também existe uma máscara com cartão de crédito estampado.
           Aqui, segundo dizem a recessão não  passará nem de longe e os problemas são dos outros, começam as compra  desde o Natal, bandos de pessoas com montanhas de sacolas  repletas .Nunca fizeram e venderam tantos carros.Não Há  edifícios suficientes para nossa fúria de compra de apartamentos. Todos temos direito  a uma casa, uma televisão, um carro.saúda, escola higiene, dignidade, horizontes positivos.Mas a máscara do consumismo junto com a do ufanismo me assusta  um pouco, como a de um palhaço mau:onde vamos acabar?Como vamos pagar? A quem estamos enganando? Que estranho rosto é esse, que voz falseada, que cartão de crédito onipotente que logo adiante estará furado, que entusiasmo juvenil que nos pode levar à boca do poço?
          Que a vida é em parte um baile de máscara com as quais nos seduzimos uns aos outros, e nos enganamos diante do espelho, é sabido. O perigo reside na hora em que a última das máscaras, cair e tivermos de ver, nos grandes espelhos, um rosto preso ao nosso corpo, mas que parece não ter a ver conosco.

       Lya Luft




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