O fantasma da Aids ainda é assustador, no Brasil e no mundo, com índices de
contaminação e mortalidade causando flagelos, especialmente nos cantões mais
pobres do planeta. Mas o relatório que a Unaids, a agência das Nações Unidas
para o combate a essa moléstia, divulgou segunda-feira em Genebra revela que, se
a letalidade do HIV ainda não está completamente contida, os países, de modo
geral, têm adotado bem-sucedidas políticas de redução de danos. Os indicadores
divulgados pelo organismo da ONU mostram que os níveis globais de infecção pelo
vírus e de óbitos associados à doença têm caído exponencialmente.
De
acordo com a Unaids, há no mundo 35,3 milhões de infectados (no Brasil, até
junho de 2012 chegava a 656,7 mil o total de casos registrados). É muita coisa,
ainda um perfil de calamidade mais da metade da população da França, pouco menos
que o mesmo número de mortos na Segunda Guerra Mundial. Mas, fato consumado, o
que a pesquisa da ONU traz de estimulante é a inversão, que parece sem volta,
das curvas de mortes provocadas pela doença e de novas notificações. Em 2005,
foram registrados em todo o planeta 2,3 milhões de óbitos; ano passado, o número
caiu para 1,6 milhão. O registro de novos casos chegou a 2,3 milhões ano
passado, 200 mil a menos do que o total notificado em 2011 (ano em que o Brasil
chegou a 38,7 mil casos de novas notificações).
A melhora no perfil
epidemiológico mundial tem diversas causas uma das mais importantes, o aumento,
em 2012, do percentual (20%) de pessoas contaminadas em países pobres e de renda
média que entraram na rede de tratamento. Isso representa mais 9,7 milhões de
infectados com acesso a terapias antirretrovirais. Outro dado positivo é
relativo à infecção de crianças pelo vírus HIV: desde 2001, a queda de
contaminação nessa faixa foi de 52%.
A cura da Aids ainda é um sonho que
se busca em laboratórios de pesquisas, mas o esforço mundial do qual resultam
indicadores de redução de danos como os apresentados pela Unaids mostra que é
possível conter a propagação da doença e reduzir seus efeitos de modo a aumentar
a expectativa de vida dos pacientes. Para isso, foram importantes iniciativas
como o compromisso que os países assumiram com a ONU, em 2001, de adotar
políticas positivas de combate à epidemia. Ações como a distribuição em massa de
coquetéis de medicamentos (da qual o Brasil foi um dos pioneiros) se somam a
essa cruzada, bem como campanhas de prevenção que contribuem para a população
evitar comportamentos de risco.
Os dados positivos da recente pesquisa
não devem implicar relaxamento na guerra contra a Aids. Tais números devem,
antes, reforçar a ideia de que o mundo precisa se manter em guarda para evitar o
descontrole dos indicadores de uma doença que, afinal, não tem cura e cujas
taxas de mortalidade refletem uma tragédia social
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