Vá entender-1: quando era raro mulher ir a futebol os calçõezinhos curtos dos
jogadores deixavam suas coxas reluzentes à mostra. À medida que mulheres
começaram a frequentar os estádios, os calções foram aumentando de tamanho. Hoje
são até mais compridos do que os que usavam os europeus, e dos quais dávamos
risadas.
Quando o Arsenal veio jogar no Brasil, na pré-história, nada parecia mais
estranho do que seus calções até os joelhos. Hoje, vendo jogos antigos da
seleção e de times brasileiros, nada parece mais estranho do que seus
calçõezinhos apertados. As coxas reluzentes foram sonegadas das moças.
Explicações sociológicas à vontade.
Vá entender-2: na Europa as manifestações populares são contra a austeridade
e o corte nos gastos sociais do governo, para pagar as dívidas e sanar as
finanças. No Brasil, as manifestações são pela austeridade: protestam, entre
outras coisas, pelo desperdício de dinheiro em estádios de futebol e os outros
custos da Copa.
Claro que nem os manifestantes europeus pedem que seus governos construam
estádios de futebol para ficarem ociosos, como exemplo de estímulo à economia,
nem os manifestantes brasileiros pedem que o governo não gaste nada. Mas o
contraste entre as reivindicações de parte a parte mostra como essa questão de
intervencionismo keynesiano versus conservadorismo monetarista pode ser apenas
uma questão de geografia
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