sábado, 28 de setembro de 2013

Ciúme pode ser om e criativo Leniza Castelo Branco

O sentimento é inerente à natureza humana e por isso mesmo se tornou um dos temas mais recorrentes nas artes. Quase sempre está presente nas relações amorosas. Em geral é perigoso, sobretudo em excesso, pois às vezes leva ao fim do amor e até mesmo a tragédias. Mas pode ser bom e criativo se os parceiros buscarem suas causas e procurarem melhorar o relacionamento.
O poeta Vinicius de Moraes diz, em seu poema Medo de Amar, que “o ciúme é o perfume do amor”. Seria mesmo o sentimento um sinal de amor? O assunto é controverso. É provável que, se questionados, muitos tenham dúvida. Mas o ciúme é inerente aos humanos. Por isso se tornou um dos temas mais recorrentes nas artes.
Os seres humanos já nascem ciumentos. Quando um bebê vem ao mundo, é comum um irmãozinho se sentir traído pelos pais. Afinal, recebia toda a atenção e agora terá de dividi-la com outro. Isso pode ser motivo de sofrimento. Se os pais souberem lidar com a situação e derem ao pequeno a segurança necessária, ele aprenderá a se controlar. O ciúme está ligado ao desejo de ser amado e à vontade de possuir, de dominar.
O sentimento quase sempre está presente nas relações amorosas. É saudável os parceiros sentirem um pouco de ciúme. Até dá “cor” ao amor. Mas, dependendo da intensidade, da motivação e da freqüência, pode se tornar perigoso. É normal sentir ciúme quando houve uma traição, por exemplo. Para quem já passou por isso, qualquer suspeita desperta o ciúme. É natural que o traído perca o controle e a razão.
Mas não é saudável quando o ciumento é dominado por ele, quando se sente inseguro, tem pensamentos obsessivos e qualquer comportamento do outro é considerado suspeito. Emocionalmente, o ciumento está no mesmo nível do bebê: é só emoção, abandono, raiva e frustração. O ciumento sofre duas vezes: quando sente ciúme e ao se culpar por senti-lo. Em geral ele é inseguro, não acredita que alguém possa amá-lo, sua auto-estima é baixa e por isso mesmo acha que vai ser traído. Muitas vezes se comporta de uma forma que favorece a traição. Então rompe a relação e assim tem certeza de que estava certo. Quando isso ocorre é um alívio, pois não sofre mais com inseguranças e desconfianças. Se o companheiro o traiu, é prova de que tinha razão. Sente que não delirava nem criava fantasmas onde não havia. No ciúme obsessivo, a pessoa quer o parceiro como sua propriedade e posse, não permitindo que fale com outras pessoas. Às vezes não suporta nem que olhe para alguém mesmo na televisão ou em revistas. Quer controlar o que veste, aonde vai, horários, telefonemas, o olhar, o sorriso, os pensamentos. A pessoa vive por intemédio do outro, não tem vida própria, pensa continuamente no que o parceiro está fazendo.
O ciúme é bom e criativo, de outro lado, quando leva o casal a refletir e a conversar sobre os motivos. Quanto mais se nega que existe, mais forte ele fica. Então, vale a pena abrir o coração e pedir ajuda. Se o casal consegue conversar de maneira franca, pode recuperar a confiança mútua. Nas situações em que isso não basta, é aconselhável consultar um profissional e fazer acompanhamento psicológico. Ele pode ajudar a descobrir os motivos inconscientes que levam ao sentimento. Mas o mais importante é se esforçar para transformar emoções infantis em sentimentos criativos, por meio do diálogo, da compreensão, do autoconhecimento e do amor verdadeiro. Quem ama quer ver o parceiro livre e feliz

Nenhum comentário:

Postar um comentário