quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A DOR DO MUNDO

    Por muito achei e disse que os males humanos foram sempre
mais ou menis os mesmos,e que a loucura toda já contamina
o nosso café da manhã pelo universo cibernético.
As aflições,as malandragens, as corrupções, os assassinatos
absurdos, os piores aleijões morais,tudo é meu,seu,nosso pão
de cada dia.Mas de tempo para cá,comecei a achar que era
lirismo sentimental meu.Estamos bem piores, sim. Por sermos
mais estressados,por termos valores fracos,tortos ou nenhum,
porque incrivelmente fúteis e nos deixamos atingir por
qualquer maluquice.Porque até os nossos ídolos são os mais
transtornados, complicados.Nossos desejos não têm limites
 nossos sonhos ,andam ralinhos.Temos mania de gourmet
mas não podemos comer.Vivemos mais tempo,mas não
sabemos o que fazer com ele.Podemos ter mais saúda,mas
nos intoxicamos com excesso de remédios Drogas habituais
não bastam,então usamos substâncias e doses cavalares.
  A sexualização infantil é um fato e começa em casa com
as mães amalucadas e programas de televisão pornográficos
a qualquer hora do dia.O endeusamento da juventude
a enfraquece,os adolescentes lidam sozinhos com a explosão
de seus hormônios e a permissividade geral que anula limites
e desorienta. A pressão social e até a insistência de governos
nos impõem o deus consumo.que nos deixa contentes até nas
primeiras, segundas,definitivas dívidas baterem à nossa porta:
a gente abre e está atolado até o pescoço
  Viramos assassinos ao volante,de preferência bêbedos.
Nossos edifícios precisam ter portarias treinadas como
segurança, nossas casas,mil artifícios contra invasores,
andamos na rua feitos coelhos assustados.Não há lugar nas
prisões,então se solta a bandidagem,as penas são cada vez
mais brandas ou não há pena alguma.Pena temos nós,pena
por nós,pela tão espalhada dor do mundo.Que sociedade
estamos nos tornando?
   Eu recolhida na ponta inferior deste país,sou parte dela
da loucura toda:porque tenho alguma voz,escrevo e falo,
sem ilusão de que adiantará alguma coisa.Talvez,como na
vida das pessoas,esta seja apenas uma fase ruim da
humanidade,que conserva fulgores de solidariedade e
beleza.Onde não a matamos,a natureza nos fornece
material de otimismo:uma  folha de outono avermelhada
que a chuva grudou na vidaça, a voz das crianças que estão
chegando, uma música que merece o termo "sublime",
gente honrada e produtiva,ou que cuida dos outros.
Ainda dá para viver neste planeta.ainda dar para ter esperança
de que,de alguma forma,algum dia,a gente comece a se curar
enquanto sociedade,e a miséria concreta  não mate mais
ninguém,enquanto líderes mundiais brigam por abstratos
quatrilhões.
         Lya Luft




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