terça-feira, 25 de setembro de 2012

"A educação feita mercadoria reproduz e amplia as desigualdades, sem extirpar as mazelas da ignorância "

           "Experiência não é o que acontece ao homem;
       e sim o que o homem faz com o que lhe acontece".
                                           Aldous Huxley
 
    Sim, uma grande tarefa deste fim de século é a crítica ao
consumismo e o reaprendizado da cidadania,objetivos que
não podem ser alcançados separadamente.Essa pedagogia
será mais difícil em certos países pela vicissitudes sua de
história recente.Desgraçadamente o Brasil se encontra
nesse último caso.Em nosso país o veneno do consumismo
e de todas as suas  sequelas não apenas instilado pelas forças
mercado,mas o próprio podes público ajudou na sua difusão.
Na medida que era necessário matar no nascedouro tais
veleidades de cidadania com os objetivos e a prática de
um regime autocrático - era igualmente imperioso acreditar
no consumismo com lei permanente da vida.O negativo
papel que é chamado milagre econômico.teve- e está tendo-
sobre a formação dos espíritos, ainda não foi devidamente
esmiuçado, em sua atuação ação corrosiva sob todos os planos.
É possível mostrar facilmente as dezenas de aspectos dessa
colaboração entre Estado e consumismo,entre Estado e
destruição da cidadania.São tantos,às vezes tão sutis,
que a maior parte da população nem se dá conta deses
cotidianos agravos à sua integridade.
     O consumismo frequentemente se dá em uma de suas
múltiplas metamorfoses, muitas inaparentes.A casa própria
insere o individuo no circuito do consumo  e da mercadoria,
fetichizando no ato de compra e venda que é necessidade
essencial.
     A ideologia de consumo,mediante suas múltiplas
aparências, está fortemente impregnada na população
Uma boa parcela do conteúdo dos movimentos sociais.
urbanos, defende mais o consumidor que, mesmo, o cidadão.
Confunde-se direito a moradia com o direito de ser
proprietário. Este termina imposto ideologicamente  como
o certo, como se fosse um objetivo do cidadão. A verdade
porém, é que ser dono de uma casa nem mesmo assegura
moradia estável.Os pobres que lutam desesperadamente
para conquistar o direito propriedade estão frequentemente
mudando, dentro da cidade; são verdadeiros migrantes
intra- urbanos. Ser proprietário é um elemento essencial
na ideologia do consumidor.
          A educação não como objetivo real o armar do
cidadão para uma guerra,a da competição com os demais.
Sua finalidade, cada vez menos buscada e atingida,
é a de formar gente capaz de se situar corretamente
no mundo e de influir para que se aperfeiçoe a sociedade
humana como um todo.Educação apenas para a produção
setorial, consumista, profissional, cria afinal, deseducação
bastante para uma só vida.
      Hoje, o título de  eleitor é só um arremedo de cidadania.
Quando o sistema eleitoral impede que o voto seja
representativo,nem  se pode exigir que os partidos tenham
projetos alternativos de nação nem que os candidatos
o sejam por acreditar em um ideário consequente . Votar,
eleitor, passa a ser mais um um ato de consumo- o consumo
do título de eleitor-, e não o exercício do direito de escolha
de um futuro para seu país, sua religião,seu lugar. Nestes,
e em diversos outros casos, a satisfação imediata toma
lugar incessante dos valores
       A ideologia do consumo, a gestação dos consumidores
convictos acaba por ser dado fundamental na
 instrumentalização da vida social.Desse modo,a procura
de objetivos finais é deixada de lado e apenas se buscam
mediações.
    Somente se chega a metade do caminho,se é que se
retrocede.Quando se misturam cidadão e consumidor,
a educaçao, a moradia, a saúde o lazer aparecem
como conquistas pessoais e  não como direitos sociais.
A política mesma passou a ser uma função do consumo.
O Itamar, franco, que o diga!Essa  segunda natureza vai
tomando lugar bem maior em cada individuo,, o lugar
do cidadão vai ficando menor, e até mesmo a vontade
de se torna um cidadão, por inteiro,reduz -se.Permanecemos,
sem tropeços alertas

      Santos, Milton- O espaço do Cidadão


 


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