domingo, 2 de setembro de 2012

O Brasil de Paulo Francis


       Quem lê o Diário da Corte, de Paulo Francis, coletânea  de textos publicados  na folha de 1976 a 1999 , percebe que o Brasil que ele via e comentava de NY mudou pouco. As figuras políticas são as mesmas.
       Serra, FHC, Sarney, Lula.Há mais artistas interessados pós- 1990 do que políticos.E aos amigos, FHC e Serra, que almejavam postos executivos, a recomendação de que caíssem fora porque o Brasil era um caso perdido era bizarra. A leitura dos textos no calor das publicações discorriam bem sobre quase tudo, mas nos sabia amarga e pernóstica.Era indiscutível, para nós, que o Brasil seria brilhante pós- 1989,porque seus problemas eram os militares, a censura e a repressão.
      Talvez Francis visse o que nós, leitores,não quiséssemos enxergar,porque enxergar, dói. Muito.E desvenda que não há tempo para alterar a quantidade de injustiças com que se convive, todos os dias porque as mudanças são lentíssimas e só acontece quando se mudam as mentalidades.Que as mentalidades são mudadas através do conhecimento e de um autoconhecimento que o Brasil não consegue, preso, morbidamente, ao seu passado colonial.. Nos textos de Francis, alguns brilhantes, como o sofrimento pela morte brutal de Glauber Rocha, as mentalidades brasileiras se mostram contemporâneas, tacanhas,pequenas,sem projetos, propostas,ideias, grandiosas ou sonhos, nos humanos apequenados pela sobrevivência que a uns impõe a fome, a sede, a moradia, a outros, a viagem, a compra de um carro, a todos a auto- humilhação de um presente sempre menor do que o mercado.
        Sem projetos coletivos que nos conduzem as necessidades individuais, O Brasil continua preso à profecia de Stefan Zweig. Os arredores políticos, mais constrangedores que nos anos 1970, sem a censura blindando as falcatruas, expõe-se no julgamento, na CPI,na Lei de Acesso. Nas eleições municipais nostálgicas, não há propostas arrojada Há brigas pelo poder. Para fazer o que com ele, meus Orixás? até o Brasil do oba- oba está velho, violento, triste. Pais de bunda flácida, futebol capenga,e samba mole. Se me oferecerem uma oficina de alienação, aceito. Estou necessitado!



  Aninha Franco

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