quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Pais Maus

 

   Filhos não devem ser tratados como obras realizadas
   com o objetivo de trazer a eternidade para os progenitores.
   As crianças não são nunca o mesmo que os pais,mas
   também não são outros absolutos. Por meio deles, na relação
   descontínua e imprevisível da paternidade ou da maternidade,
   é possível descobrir a alteridade que há em cada um de nós.




        Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de  dizer-lhes:
        -Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão,com quem vão e a que horas regressarão.
       Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
      Eu os amei o suficiente par a fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro,e os fazer dizer ao dono:"Nós pegamos isso ontem e queríamos pagar."
      Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpava seu quarto; tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
     Eu  os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês,o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
     Eu os amei o suficiente para deixar assumir a responsabilidades  de suas ações,mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
    Mas do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não,quando sabia que vocês poderia me odiar por isso.(e em momentos até odiaram)
     Essas eram as mais difíceis batalhas de todos.
     Estou contente,venci...,Porque no final vocês venceram também!
    E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães,quando eles lhes perguntarem se seus pais eram maus,meus filhos vão lhes dizer:"Sim, eles eram maus.Os mais maus do mundo."
     -As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais,ovos e torradas.
      As outras crianças bebiam refrigerantes e comiam batatas fritas no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.
     -E eles nos obrigavam a jantar a mesa bem diferente dos outros pais que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.
    Eles insistiam em saber onda estávamos a toda hora(tocavam nosso celular de madrugada e f "fuçavam"nos nossos e-mails).Era quase uma prisão.
     Eles tinham que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos  com eles.Insistiam que lhes disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.Nós tínhamos´ vergonha de admitir, mas eles "violavam as leis do trabalho infantil."
    Nós tínhamos que tirar a louça da mesa,arrumar nossas bagunças,esvaziar o lixo e  fazer todo esse tipo de trabalho que achávamos cruéis.
     Eu acho que eles nem dormiam à noite pensando em coisas para nos mandar fazer.
      Eles insistiam sempre conosco para que disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.E quando éramos adolescentes,eles conseguiam até ler nossos pensamentos.
       A nossa vida era mesmo chata.Eles não deixavam os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinha que subis, bater a porta, para que eles os conhecerem.
      Enquanto todos podiam voltar tarde à noite,com 12 anos, tivemos que esperar pelos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aqueles chatos levantava para saber se a festa foi boa(só para ver como estávamos ao voltar) Por cauda deles, nós perdemos imensas experiências na adolescência.:
     Nenhum de nós esteve envolvido com drogas,em roubo,em aos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. FOI TUDO POR CAUSA DELES.
     Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o melhor para sermos "PAIS MAUS", como meus pais foram.
       EU ACHO QUE ESTE È UM DOS MALES DE HOJE: NÃO HÁ SUFICIENTEMENTE PAIS MAUS.



       Carlos Hecktheuer


 








   

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário