quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
A cidade grande
A cidade grande é o cenário da tensão entre a organização e a desordem promovida pela modernidade.
A história das civilizaçõs coincide com a história dos agrupamentos humanos e, também com a construções de cidades,enquanto território e ponto de encontro,relacionamento entre os homens. Urbanistas costumam usar a imagem da cidade como um ~imã, um campo magnético que atrai os indivíduos.Ao concentrar os homens, as cidades, antigas traçavam seus limites. Com isso era possível estar diante da cidade, aos pés de suas muralhas que bloqueavam o contato com o mundo exterior.
Com o rápido crescimento das cidades e a experiência e vida urbana cotidiana a rua passou a ser um tema corrente no século XX. A paisagem urbana, as cenas da ruas, os cafés, as tabernas, os cabarés as fábricas e suas chaminés, os centos comerciais as avenidas, as mercadorías,o movimento incessante das pessoas de um lado para outro, seduzem pintores, poetas, escritores e filósofos.A rua é o lugar por excelência das contradições, considerado por alguns como o univeso ameaçador, selvagem, violento,de malandragem e perdição, malefícios, vícios e medos e por outros,um universo encantado onde florece o comercio das mercadorias e das pessoas convertidas em mercadorias , a embriaguez irresisível da luz artificial, o divertimento e o prazer, as promessas de felicidade e as diversas possíbilidades de conquistas,paixões inesperadas e súbitos abandonos. A rua é o lugar onde a vida dura encontra e exige fortes emoções distrações excitantes, em meio ao vai-e-vem da multidão sempre agitada,à procura de novidades.Esses sentidos se completam se misturam e se confundem.
O fascínio do homem pela cidade grande enconta na rua o lugar ideal para a exaltação de um rítmo cada vez mais intenso e frenético, agitação de espetáculos ,trens e automóveis, os magazines, as novidades tecnólogicas de imagens, como a fotografia,e o cinema, enfim o fluxo crescente e continuo das coisas. Parece agora, que o sentido da vida só pode ser encontrado em meio ao movimento alucionado, aos êxtases cotidianos,entre extravagâncias e desvarios.
Desde a primeira revolução industrial fala-se da cidade grande que já não tem começo e nem fim
As grandes periferias,os distritos industriaisas estradas e vias expressas engolem tudo que encontram pela frente, recobrem o espaço,urbanizam tudo. Sem limite precisos e sem que a vista possa alcança-la , tornou-se impossível estar diante de uma cidade.Agora ,constantemente se,está dentro dala,, ao mesmo tempo agrupado e desgarrado, com relações atadas e frouxas simultaneamente..O imã se torna uma imagem enfraquecida.
A cidade é o lugar da multidão. De um lado ostentação,de outro a tranparência da miséria.Nas ruas os abastardos se defrontam e se confrontam com os miseráeis vindos de bairros distantes,despejados nas portas das fábricas ou das casa comerciais.Esse encontro,entre a cordialidade e a agressão, se transforma em espetáculo.O movimento de milhares de pessoas em deslocamento tem algo de assustador,mas, igualmente de sedutor e fascinante.Na rua o encontro,
ainda que furtivo,do banqueiro, do investidor da bolsa de valores.do homem da lei e de bem,com os assaláriados, os vagabundos, assaltantes trapaceiros e vigaristas, prostitutas, desordeiros, e fora-da- lei, toda sorte de restos humanos que vivem a vagar por ai.
Walter Benjamin
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