quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Furto da flor


  Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
  Trouxe-a para casa e coloque-a  no copo com água. Logo senti que ela não  estava feliz. O copo destina-se a beber, e  flor não é para ser bebida.
  Passei-a para o vaso, e notei que ela  me agradecia,  revelando melhor sua delicada composição.Quantas novidades há numa flor,  se a contemplarmos bem.
   Sendo autor do furto, eu assumira  a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
    Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la  no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e me  repeendeu-me:
    -Que idéia a sua , vir jogar lixo  de sua casa neste jardim1

 Andrade  C. D.

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