terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Casamento conveniente
A visita da secretária de Estado EUA,ao Brasil ofereceu uma imagem mais adequada dos relativos avanços em relação entre os dois países do que indicavao desambicioso encontro entre a presidente Dilma e seu colega Obama emWashington,.
O Brasil ocupa uma posição secundária na pauta de interesses estratégicos dos EUA. Do ponto de vista geo-político e militar, o país não tem presença nos grandes conflitos internacionais, não é uma potência bélica, nem tem maiores ambições nesse terreno.
É irreal, nesse quadro esperar um salto de importância do Brasil na interlocução com os EUA.Isso não significa que inexistam avanços nas relações, sobretudo em áreas cuja lógica utrapassa a do entendedimento dos governos
É crescente a importância do Brasil para os EUA. Entre os Brics, o país tem a maior parcela de investimento externo direto na economia . americana.Além disso, as mportações de produtos dos EUA pelo Brasil triplicaram desde 2004, e o explosivo consumo de brasileiros que vão àquele país é bem-vindo neste perío de crise.
Não é à toa, que Hillary veio ao Brasil para discursar a empresários locais, embora sua sugestão de um acordo de livre-comércio não anime a indústria nacional.
O Brasil também se beneficia , neste momento, de uma imagem internacional positiva. Não é prejudicial ao governo Obama associar-se,ainda que sem grande ênfase, a uma nação que é tida como exemplo de combate à pobreza e de crescimento, ainda que moderado, com adoção de políticas econômicas sensatas.
O Brasil é a mais bem-sucedida democracia entre as grandes nações emergentes.Serve de contraponto simbólico a países como a China e Rússia. E a ordem democrática sempre foi tomada por Washington como um fator de estabilidade nas relações internacionais..
Visto deste ângulo são mais compreensíveis tanto o exagerado elogio feito por Hillary à transparência de governo e ao combate a corrupção no Brasil, que estabeleceriam um "padrão mundial", quanto a cautelosa anuência à ambição brasileira de um assento permanente no Conselhdao de Segurança da ONU.
A relação entre os dois países vive um momento de pragmático casamento de conviniência. É do interesse do Brasil reforçar esses laços com os EUA,. Sem ilusões de grandeza, mas com ambição para aproveitar as oportunudades que ora se apresenta.
Folha de São Paulo, 19 de abril de 2012
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