segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Coerência e Clareza
Maecel Proust romancista francês, afirmou que cada pequeno gesto exucutado ou palavra pronunciada pelo ser humano é uma porta de entrada para todo o universo social. E explicou que os indivíduos, em suas manifestações mais ínfimas e íntimas, imprimem sempre às coisas e as pessoas com as quais se interagem os sentidos, que trazem escritos nos seus corpos, sentidos,produzidos socialmente, que moldam o seu estar no mundo.
As questões que coloca para a sociedade passadas e as respostas que lá encontra só são possíveis graças a essa espécie de fundo impensado coletivo,e não consciente que alimenta seu pensamento.Os estudiosos do passado,porém ao contrário do senso comum, são constantemente impelidos a lançar luz sobre essa zona obscura e a tornar claras, refletidas e sistemáticas aquelas determinações ,aquelas noções fundadoras - acerca do homem, da vida da sociedade, do sentido de tais ações humanas, que sustentam sua abordagem do passado
Esse encargo inerente ao oficio, passa pela explicação dos pressupostos teóricos que norteiam o trabalho de pesquisa do historiador, e do tipo de óculos por meio do qual ele enxerga. o mundo à sua volta.Há quem jure não usar qualquer óculos., quem assegure escrever História ao sabor dos documentos, como se alojasse a totalidade das perguntas e respostas que interessam ao pesquisador Tais devotos da empíria insistem em não reconhecer que as escolhas dos documentos que optam por consultar, só é possível em razão do pressupostos que trazem consigo e os pressupostos selvagens, na medida em que não os têm claro nem para si próprios.
Outros, mais sensíveis ao problema, creem ser possível resolvê lo recolhendo conceitos de teórias diversas -que muitas vezes dizem coisas diferentes sobre o mundo.-e agrupando- os num todo sem muita coerência Trata- se de uma espécie de coletânia das idéias que mais agradam ao pesquisador ou que mais se adequam ao seu objeto pesquisa , sem grande preocupação com tradições teóricas a que pertencem as idéias. Daí o leitor se deparar com estudos históricos que é q sustentados por conceitos provinientes de uma teória que diz que o homem é quadrado e, de outra que diz o mesmo homem é redondo.
Escapar de tais armadilhas é dever de todo historiador, mas não é uma prática coerente. Ao contrário somos em geral, um pouco atentos a essas implicações do ofício, que tendemos a classificar como picuinhas de sóciologos, e filósofos, ambos abstratos demais para quem está acostumado à concretude do documento. No entanto, quer queiramos ou não quer pensamos nisso ou não, a história que escrevemos está necessáriamente determinada por um paradigma, por um modo de construir o mundo. Se assim é qualquer modo, é melhor que tal paradigma seja claro e coerente.
Jean Marcel Carvalho França
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