domingo, 19 de maio de 2013
Amor antigo
Ao amor antigo
,
O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
nada exige, nem pede. Nada espera.
Mas do destino não nega sentença.
O amor antigo tem raízes profundas,
feitas de sofrimentos e de belezas.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo se desmoronou,
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor nunca fenece
e a cada dia surge mais amante
Mais ardente, mais pobre de esperança
Mais triste? Não. E venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho mais amado
Drummond de Andrade
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