quarta-feira, 22 de maio de 2013

Os enigmas da adição


      Observadores , vítimas ou especialistas nesse humano drama, rodeiam o enigma de tanto sofrimento. Os viciados em qualquer droga, incluindo  a droga lícita o  álcool, suas famílias, testemunhas da dor e decadência de pessoas amadas, as vítimas de violência no trânsito  ou em casa., todos são matéria de reflexão e perplexidade.  Livros, seminários, tese, e teorias são elaborados em cima da primeira pergunta: por que nos drogamos?  E em outra indagação: como nos salvamos--se nos salvamos- e porque isso é tão difícil? Não há muita explicação. Não errado dizer que nos drogamos para a  anestesiar angústia, tristeza e frustação; por onipotência  juvenil, do tipo "eu sei me cuidar; por achar que ficamos mais fortes, mais  falantes, mais interessantes. A droga cega para os fatos reais, pois bêbedos ou impregnados de outra substância somos importunos, chatos, patéticos.A razão de qualquer vício não está na superfície, não é visível.
         Uma vez instalada a adição,  o amor da família ou pela família , a ruina financeira, a vergonha ,ou o isolamento, pouco adiantam: foi-se o instinto de sobrevivência, último a nos abandonar. Algumas drogas como o crack, viciam quase que imediatamente .Outras, como o álcool, gozam de tolerância de numa cultura que acha graça e seus efeitos, ignora seus males e considera natural a propaganda bebidas ás vezes ligada a esporte  ou esportistas.. Drogas sintéticas agora em voga, poriam em fim o poder do traficante,  o que não creio. Somos uma geração medicada: remédio para animar,para acalmar, , para transar, para sofrer menos, para não sofrer. Para não pensar, talvez: observem muitas mulheres  de qualquer classe e idade com aquele típico olhar "vazio da " medicada".
         Há quem veja no inocente ritual familiar uma das razões da tragédia: todo mundo bebe ,todo mundo brida,; vinho com água para as crianças,  champanhe na chupeta do que acaba de ser batizado. Não é tão simples assim. Para os mais ignorantes, o primeiro porre na adolescência  é um passo iniciático;  um pai divide um cigarrinho de maconha com um filho, Achando-se liberal; a  mãe finge ignorar  os olhos injetados,  o fracasso na escola. Nem todos entendem que adição,   seja de que substância  for, não é fata de vergonha ou caráter:  é doença grave e sem cura, embora possível de controle. Isso provoca hostilidade, incompreensão e afastamento da família .Além  do mais, a maioria dos que bebem ou usam drogas,( exceto o crack que cria dependência ) não se vicia , o que torna a questão mais complexa ainda :porque uns sim, outros não? E como nos salvamos? Qualquer adição, para ser superada, exige um esforço sobre- humano, ás vezes pelo resto da existência . A família  nem sempre consegue  ajudar: o viciado torna-se um estranho, os envolvidos se afastam.Grupos de alcoólicos anônimos e outros são os mais bem sucedidos, acompanhados de remédios ,terapias , quando necessário um período e internação.O medo da morte pode despertar (nem sempre) para a crua realidade: algum novo  relacionamento serve de alavanca., se deixar claro: com vicio nada feito.
      Os casos de vitória sobre a adição são heroicos; inspiram respeito e admiração; provam que a vida pode superar a morte..


    Lya Lufft

















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