sábado, 25 de maio de 2013
Soneto da separação
De repente o riso fez o pranto
Silencioso e branco como a bruna
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
fez-se de triste, o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, nada mais que de repente.
Vinicius de Moraes
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