sábado, 25 de maio de 2013

Canção dos Homens


   Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo.
   - filhos, panela, computado- e venha me dar um beijo como antigamente.
   que quando nos sentarmos a masa para jantar, não desfie a ladainha de seus dessabores domésticos
   E se for uma profissional que divida comigo o tempo de comentar o nosso dia.
   Que se tiver cansado demais para fazer amor,ela não ironize, nem diga "até que durou muito" a potência.
   Que quando quero fazer amor, ela não recuse demasiadas vezes, nem fique impaciente ou rígida..
   Que não tire nosso bebê  dos meus braços, dizendo que homens não tem jeito para isso,
   ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine  docilmente se eu não souber.
   Que ela nunca interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre nós, quando me distancio.
   Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo,ou barrigudo, nem comente nossas intimidades com a
   as amigas como outras mulheres fazem.
   Que quando eu conto uma piada para ela ou  na frente dos outros, ela não faça um  gesto de enfado
   dizendo: "Essa você já me contou mil vezes.
   Que ela consiga perceber quando estou preocupado com o trabalho, e seja  calma, carinhosa,
   sem me pressionar para revelar tudo, nem suspeitar que eu não gosto mais dela
   Que quando eu preciso ficar um pouco quieto, não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute.
   Que. quando estou com pouco dinheiro, ela não me acuse  de ter desperdiçado com bobagens.
   Que quando saio para o trabalho pela manhã,ela despeça com alegria sabendo que vou pensar nela.
   Que quando estou trabalhando, ela não telefone a toda hora, para cobrar alguma coisa.
   Que não se insinue com minha secretaria para descobrir se tenho uma amante.
   Que como ela ,eu possa ter momentos de fraqueza  e de ternura, me desarmar,me desnudar,de alma
   sem medo de ser criticado ou censurado: que seja minha parceira e não meu juiz.
   Que cuide um pouco de mim como mulher,mas não como se fosse uma criança tola e ela  mãe,
   a mãe onipotente, que  não me transforme em filho;
   Que mesmo com o tempo, os trabalhos,os sofrimentos, e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito
   terno e divertido, que tanto me encantou, quando a vi pela primeira vez.
   Que eu não me  sinta, que me tornei desinteressante  ou banal para ela, como se só os filhos, e as vizinhas
   merecesse sua atenção e alegria.
   Que se eu erro,falho,esqueço, me distraio ou a machuco inconscientemente, ela saiba me chamar de volta
   com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não perdesse nunca,mas me  contagiasse
   e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano.


    Lya Lufft











 
 
 


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