quinta-feira, 6 de junho de 2013

´´AGUAS DE MARÇO"



                É pau, é pedra, é o fim do caminho
                É o resto de  toco, é um pouco sozinho
                É caco e vidro, é a vida, é o sol
                É noite, é  a morte, é o laço, é o anzol

                É peroba do campo, é nó. é da  madeira
                Catinga, madeira, é o Matita Pereira 
                É madeira do vento, tombo da ribanceira
                É o mistério profundo, é o queria , ou não queria

                É o vento ventando, é o fim da ladeira
                É a vida, é o vão, festa da  cumieira
                É chuva chovendo, é conversa ribeira
                Das  águas de março , é o fim da canseira

                É o pé , é o chão, é a marcha estradeira
                Passarinho na mão, pedra de atiradeira
                É uma ave no céu, é uma ave no chão
                É uma regata , é uma fonte é um pedaço de pão

               É o fundo do poço, é o fim do caminho
               É o rosto, o desgosto, um pouco sozinho
               É  uma estrepe, é um prego, uma planta, um ponto
               É um pingo pigando, é ´uma conta, é um conto brilhando  

               É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
               É a luz da manhã, é o tijolo chegando.
               É a lenha, é o dia, é o fim da picada
               É a garrava de cano, é o estilhaço na estrada.

              É projeto de casa, é o corpo na cama.
              É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
              É um passo, é uma  ponte, é um sapo, é uma rã
              É   um resto de mato,na luz da manhã

               São águas de março  fechando o verão
               É a promessa de vida,  no teu coração.

              É uma cobra, é um pau,  é´João  é  José.
              É um espinho na mão, é um corte no pé
              São águas de março fechando o verão
              É promessa de vida no seu coração

              É pau, é pedra, é o fim do caminho
              É o resto do toco,é um pouco sozinho
              É um passo , é uma ponte, é um sapo, é uma rãvida, sol
              É um belo horizonte,é uma febre terçã

              São águas de março, fechando o verão
              É promessa de vida, no teu coração
              Pau, pedra, fim do caminho
              Resto, toco, pouco sozinho
              Caco, vidro, sol, noite, morte.

             São águas de março fechando o verão
             É promessa de vida, no teu coração

         Tom Jobim








             










              





               

               


       
 


               
               

    
        

               

            

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