terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O silêncio de ouro


   O exercício do silêncio é tão importante, quanto a prática da palavra ( William  James)


   Um amigo meu foi submetido à delicada operação nas cordas vocais e teve de passar vários dias sem pronunciar uma só palavra.
      Encontro- o com a voz  ainda meio apagada, podendo me contar suas experiências nesse regime obrigatório..
      Até aqui tive e me valer da escrita para se comunicar.Escrevia bilhetes  fazendo  uma pergunta, pedindo um copo de agua.. Mas de vez em quando vinha  la vinha  um pensamento mais profundo, fruto de sua forçada incursão dos domínios do silêncio e da solidão.
       A soplidão quando voluntária, é fecunda e benéfica.Acidental ou compulsória, é a mais negra  das condenações., sendo o silêncio a sua única linguagem. Ele descobriu no silêncio uma nova dimensão. E justificou no bilhete para si mesmo.
     "O silêncio pode ser de ouro, mas agora, queira ou não ,eu tenho que escrever".
      Havia situações, porém,  que escrever bilhetes não atendia as suas necessidade de intervir nas conversas ao redor, emitino apartes.. "Aqui eu dizia que também acho", pensava ele"Ou então diria   que esse caso é velho, não precisa contar, eu já conheço".
        De vez em quando tinha ímpedos de mandar sua mulher calar a boca,  não ficar interrompendo os outros a cada instante.. Como aliás, algumas vezes   era ele que sentia vontade de fazer.
      Não podendo participar, limitava - se a sacudir a cabeça e exibir um sorriso  que, na sua própria opinião, emprestava-lhe  certo ar de idiota da família..
        Escutando falar, descobriu que quase todo mundo fala sem escutar.O pior é que deu para sentir uma certa satisfação em pensar e nada dizer. "Falar é muito chato, bom é ficar pensando" escreveu num  bilhete, que sua mulher interpretou como um grave sintoma: era pensamento de quem poderia acabar sorumbátco e caladão,quando recuperasse a voz- o que seria, no mínimo, um contra- senso. Ao que ele propro ecreveu."Fala-se  muita bobagem, não se aproveita nada."
          Ainda asim espero que venha falar tão logo possa, para que o feitiço não se volte cntra o feiticeiro- no caso . a mudez contra o mundo.A propósito, lembro -lhe  a reação daquele mineiro, quando a esposa encerrou uma discussão, dizendo que ele falava demais:jurou dali em diante não pronunciar uma só  palavra  durate um mês.E mudo ficou.Ao fim de alguns dias de intransigente  cumpriento da decisão-cioisa de maluco- ela  houve por bem  interná-lo numa clínica de repouso!--eufemismo d hospício.O mardo acatou a decisão no mais absoluto silêncio. "Ali dentro ele começa a falar mais cedo do que pretende" afirmou o psiquiatra da família.. Ena última visita que lhe fez foi recebida por um churrilho de palavras, nem toda amáveis." Eu sabia que vocêia  acabar falando mais cedo ou mais tarde", exclamou ela vitoriosa. Ao que ele retruco: :não foi nem mais cedo nem mais tarde: conforme avisei,foi ao fim de um mês,  que se completa hoje.Mas sendo assim, daqui por diante  ão falo mais para sempre." E para sempre continuou mudo, internado até morrer.
       Meu amigo protesta, está ansioso para voltar a falar novamente e teme que lhe falte a voz.
        Procuro confortá-lo citando algumas refrexões sobre o silêncio. Não o "dos espaços infinitos" que atemorizava Pascal, mas o de Epicteto, o físico grego- para quem Deus deu ao homem uma língua e dois ouvidos, a fim de que possamos ouvir os outros duas vezes mais que falamos.. Robert Louis afirmou que as mentiras mis cruéis  em geral são expressas  em silêncio.Willam Hazlit achava que as pessoas mais silenciosas são justamente as que tem mais alta opinião sobre si mesmas. E segundo Hamlet- ou Érico Veríssimo- o resto é silêncio.
        Alguns visitantes manifestm a descabida  propensão para gritar como se fosse surdo. Outros mais raros, se vêem estranhamente impedidos de falar, e gaguejam feitos estrangeiros, fazendo caretas, acabam-se comunicando apenas por gestos..Outros ainda, em especial as mulheres, sabendo-a sem voz,   temdem a sussurrar -lhe ao ouvido, como se seu mudismo significasse uma cautelosa reserva diante de ouvidos alheios
         Aos poucos ela vai entrando na fase do cochicho, que procede a readaptação da voz à totalidade normal. Confessa- me quem espera surpeender vários segredos neste período. A voz velada é capciosa, convida as confidências, sugere conversas insinuantes.
       Ao despedir- me, sugiro- lhe de minha parte que se cuide,para não se ver na situação daquele outro a afônico ao bater na porta  e perguntar num sopro à mulher que veio abrir se o marido estava em casa. "Não está não",informou ela também nun sopror:"Pode entrar".

    Sabino F
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