quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Congresso Internacional do medo



   Provisoriamente não cantaremos o amor,
   que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
   Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
   não cantaremos o ódio porque esse não existe,
   existe  apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
   o medo dos sertóes, dos mares, dos desertos,
  o medo dos soldados,o medo das mães, o medo das igrejas,
  cantaremos o medo dos ditadores,o medo dos democratas,
  cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte,
  depois morremos de medo
  e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.



     (Carlos Drummond de andrade)

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