terça-feira, 9 de outubro de 2012

É preciso dizer "não'



      O padrão que teve na casa paterna, onde a educação
era" ultraliberal".Acompanhado de perto a rotina dos filhos,uma dona de  casa
admite que falta disciplina à prole vive  desafiando-a .Muitas vezes,e ela tem que
abrir mão do que considera  mais adequado para eles em razão da pressa.Quando
cada um tem uma demanda diferente,o caos se instala."Já entendi que é preciso
ser mais coerente em relação às regras que eu próprio crio"Estou em busca de
um ponto de equilíbrio."

      Em lares brasileiros, a liberdade em excesso abalou a autoridade dos pais.
Culpa também da educação liberal que eles receberam em casa.


       Um dos mais conceituados especialistas de educação de filhos,o psicólogo
Steinberh costuma dizer que as crianças devem ser apresentadas ao
conceito de limites desde muito cedo, para que se torne indivíduos bem adaptados
ao mundo adulto.Como fazê- lo é uma questão que ganhou vários pontos se
interrogação nos últimos tempos.Hoje, no Brasil, talvez mais que  nos
Estados Unidos e nos países mais ricos da Europa existe percepção de os pais
se tornaram tão permissivos que não conseguem pronunciar um" não" .
       Tania Zagury  colhendo depoimentos de centenas de famílias brasileiras,
resume a sua tese central :"Os pais  têm dificuldade em impor limites às crianças
porque eles próprios vieram de lares que liberdade em excesso aboliu a noção
de hierarquia.Estão perdidos em relação ao mais básico".
      A geração a que ela se refere sucedem aquela  nascida no pós -II Guerra
Mundial,Educaram os filhos com a preocupação prioritária de garantir- lhes
o bem- estar-e exageraram na dose.Foi nesse contexto que a fórmula de uma
educação mais rígida,ancorada em normas muitas vezes respeitadas à base
de castigos,se viu suplantada em países do Ocidente por um novo modelo
que a revolução comportamental e a popularização da psicologia ajudaram
a consolidar:o da extrema liberdade,em que tudo,absolutamente tudo,passa  por
negociação entre pais e filhos.Em suma, migrou-se de um extremo ao outro e e
assim,abriu-se a oportunidade para que as crianças e os jovens tomassem
rédeas.Frequentemente  são eles que impõem as regras em casa- ou a
falta delas.
      Ainda que seja um problema que ultrapassa  fronteiras, ele se exacerba
numa sociedade  como a brasileira por causa de sua particularidade."Estamos
falando de uma cultura que a flexibilidade,sempre se sobrepôs à disciplina
com um valor a ser cultivado".Os pais tendem a ceder mais- e não raro, perde
o controle.Tatiana Costa é fruto de uma geração que classifica como "liberal
demais".Seu desafio é chegar a um equilíbrio.Os fracassos são constantes.
"Sinceramente, quando repreendo meu filho de 3, e ele debocha de mim, fico
paralisada, sem saber o que fazer para recuperar a autoridade".
Mesmo que seja inevitável que diferentes famílias lidam de forma distintas,
com regras a ser seguidas,existe um consenso sobre certos pontos básicos
para uma educação eficaz-algo que a vasta literatura já consagrou.
A demarcação de limites pressupõe o dado mais elementar:que os filhos
reconheçam a autoridade dos pais Se os adultos tiverem atitudes .coerentes,
mantendo as normas que eles próprios criaram,sem trocá-las ao sabor das
circunstâncias.Não só não surte efeito agir de maneira contrária ao que se
apregoa no discurso,como isso contribui um dano a formação da personalidade
dos filhos.As crianças aprende muito mais ao observar o comportamento
dos adultos do que os escutando. Com pais que têm como traço , um grande
apreço pela carreira profissional e pela comodidade-,às vezes falta tempo
para educar."Trata-se de um grupo tão voltado as suas necessidades,preseres
individuais que acaba deixando de lado a batalha para ensinar
limites aos filhos" "Estamos falando de uma tarefa que deve
ser diária."
          Outro ponto unânime é a palavra "não' deve ser emitida
sem medo nem vacilações nem culpa como é tão comum.'
 "O diálogo é  essencial, mas é preciso que os adultos saibam
identificar o momento certo de dar a palavra final numa
discussão, ainda que isso signifique  sua popularidade
perante os filhos"Com mães trabalhando fora,tanto e, elas
como os pais absortos em longos expedientes,tentam
compensar a sua fala física suprindo os desejos da prole.
Um comportamento que nada ajuda a formar gente capaz de
encarar mais tarde, os obstáculos e frustrações inevitáveis
da vida adulta.
  "Com o passo muito tempo fora de casa,tenho dificuldade
em negar coisas que dão prazer ao meu filho, como comer em
frente a televisão '.
   A palavra educar vai se tornando mais complexa a medida
que as crianças têm acesso ao vasto universo de informações
descortinado hoje pela internet.No Brasil elas chegam a
passar até quatro horas diante do computador."Entre as várias
consequências disso,está o surgimento de uma geração mais
afiada na argumentação-e desafiadora".perdidos, muitos pais
procuram orientação nos livros de auto-ajuda e aconselhamento
  de psicólogos.Alguns esperam da escola que  assuma sozinha
a responsabilidade que é deles.Mas os próprios colégios
tem se revelado incapazes de fazer o mais básico.;conter a
indisciplina que grassa à sombra da ausência de limites
dos estudantes"Treino professores justamente para que
aprendam a mostrar quem está no comando, "diz a psicóloga
Rosely Sayão.Pois é,a que ponto chegamos?

   Revista Veja

 



   













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