quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A velhice



  '  O tempo passa, às vezes os sonhos se realizam,vitórias são conquistadas, mas a verdade é que sempre estamos desejando, sonhando e querendo mais.O querer mais  é próprio do homem; o sonhar eleva a nossa auto-estima e nos aciona a outras realizações."





      A velhice é uma idade sagrada.Foi venerada em todos os tempos.Na antiguidade teve obséquios ecultos oficiais..Pode- apreciar -se o grau  de cada civilização histórica pelo respeito e pelo carinho dispensados a estes seres de energia quebrada ,e de esperança desfeita, que trazem nos olhos tristes o reflexo cada vez maior da morte que se aproxima.
      A velhice é a quadra sem prazer de toda a vida humana. A infância sabe só que vive e ri., a mocidade tem o sonho que embala,; a vida adulta conta com o futuro, ambiciona e trabalha;a velhice é um sonambulismo trêmulo  e quase sempre atormentado, de que só se acorda na agonia extrema... para morrer.
         Por que onde anda  tão alegre e alvoraçada  a infância,  e a velhice  por onde anda tão melancólica e abatida?perguntava  Chateaubriand,  respondia: é porque a infância ignora tudo, e a velhice porque sade tudo.!
       O que a velhice sabe...Sabe que a existência humana é um tecido de ilusões, e que o prazer, de sua natureza fugaz, antecede sempre o tédio ou a desventura; sabe que a vida falta sempre às suas promessas, e que a felicidade anda em volta de nós, como sombra, sem que a possamos ou tentemos colher em nosso proveito; sabe que a fortuna leva muito tempo a chegar e, se chega, dissipa-se, foge depressa, e que só a desgraça vem e permanece; sabe , como a sentença de Ovídio, que raras amizades nos restam  se o infortúnio nos visita, e que só são numerosas e frequentes nos dias de prosperidade e de valimento;sabe que com o volver dos anos, o coração arrefece gradualmente, o entusiasmo apaga- se, a própria ambição diminui, a esperança reduz a um tênue clarão, a crença nas  coisas da terra evola-se como um fumo, os horizontes, com a luz decrescente, restringem-se de hora em hora:e fica só, quando fica, o pavor da eternidade e a última confiança em Deus.
     AntonioCandido


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