sábado, 10 de novembro de 2012

Alta ansiedade



Jamais foi provada a existência de alguma relação entre peso baixo e felicidade; é perfeitamente possível ser magro e  infeliz ao mesmo tempo. É algo a pensar.




 O jornalista americano  A J Liebling fez algumas recomendações sobre o  que se dave fazer , e principalmente o que não se deve fazer , na hora de senar à mesa.
         \Num mundo onde cresce sem  parar a compulsão para obrigar as pessoas a levar uma vida  "correta" no maior número possível das atividades que formam o seu dia a dia,a mesa tornou-se uma das áreas que mais atraem a atenção dos gendarmes empenhados em arbitrar o que realmente bom para você É uma provoção permanente.Médicos, nutricionistas, personal trainers, editores de revista dedicados a forma física, ambientalistas, militantes da produção orgânica, chefs de cozinha, críticos de restaurantes e mais uma multidão de diletantes prontos a dar testemunho expedem decretos cada vez mais frequentes, severos, sobre os deveres do cidadão na hora de comer.Seria um alívio, se sobrasse mais espaço para quem não está interessado, não o tempo todo,em receber lições sobre poli-insaturados, nutrientes minerais ou aportes adequados de fibras ao organismo--e gostaria , apenas, de ler ou ouvir um pouco mais sobre comida gostosa.
        O fato é que toda essa gente,quase sempre com as melhores intenções, acabou construindo um crescente sistema de ansiedade em torno de nosso pão de cada dia.-o resultado é que o prazer de comer vai sendo substituido pela obrigação de comer certo.Para começar, o apetite é denunciado, na linguagem hoje corrente,como uma doença: não se trata mais de algo a ser satisfeito, e sim de ser combatido. "Como eliminar seu apetite",recomendam os títulos de reportagens dedicadas à causa de alimentação sadia.A linhaça,o sorgo, e outras coisas alarmantes são apresentados como indispensáveis para uma vida melhor, junto com os iogurtes magros e bolos secos- isso quando não se
cobra a ingestão de equilibrada de fitonutrientes, compostos fenolicos ou lipídios não graxos. É preciso também comer de forma  a preservar a biodiversidade e a reduzir as emissões de carbono: desaconselha-se severamente,por exemplo , o consumo de alimentos produzidos a mais de 150 quilômetros de distância da sua cidade,.por exigirem transportes dispendioso em combustíveis e poluidores da atmosfera
       Não se vê muita alegria em nada disso. Modelos, atrizes e outras pessoas que precisam pesar pouco para fazer sucesso chegam aos 30 anos de idade, ou mais, praticamente sem ter feito ums refeição decente na vida.Propõe-se, como virtude alimentar: um mundo sombrio de pastas, mingaus, poções,soros de proteína e sabe-se lá  o que ainda vem pela frente. Nem a própria casa, com frequência o indivíduo pode comer em sossego -arisca-se aos olhares reprovadores dos familiares e a custosa discussão sobre o que ele deve fazer "pelo seu próprio bem".Não está claro o que se ganha em toda essa história.A perspectiva de morrer, um dia, no peso ideal?

       Guzzo J. R.





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