sábado, 10 de novembro de 2012

Mal Secreto



       Se a cólera que espuma, a dor que mora
       N"alma, e destroi a cada ilusão que nasce,
       Tudo que punge, tudo que devora
       O coração,no rosto se estampasse;

      Se se pudesse, o espírito que chora,
      Ver através da máscara da face,
      Quanta gente, talvez, que inveja agora
      Nos causa, então piedade nos causasse!

      Quanta gente que ri, talvez consigo
      Guarda um atroz, recôndito inimigo,
      Como invisível chaga cancerosa!

      Quanta gente que ri, talvez existe,
      Cuja ventura única consiste
      Em parecer aos outros venturosa!

           Correia, Alberto de

Nenhum comentário:

Postar um comentário